Ari Phanie 21/07/2019Minha batalha do anoEu não sabia que esse quarto livro da série A Roda do Tempo seria o meu maior desafio esse ano. Mas foi uma montanha russa de emoções em que mais de uma vez me passou pela cabeça a opção de abandonar ele. E os motivos são inúmeros. E vou citar aqui os que mais me incomodaram.
Esse é um livro de quase mil páginas. Problema nenhum até aí se fossem mil páginas bem aproveitadas. Mas cerca de 40% do que acontece nesse livro pode ser descartado. Não influencia em nada na trama e só deixa a narrativa lenta. Exemplos: brigas entre mulheres por causa de um homem, brigas entre pares românticos, "cabos de força" entre homens e mulheres, pontos de vista onde nada acontece e só servem para mostrar como o personagem está aborrecido com sua situação (diversas vezes), e descrições repetitivas de lugares, personagens e seres que já conhecemos desde o primeiro livro. SE-NHOR! Quase metade do livro é feito de NADA, onde NADA relevante acontece, e só serve pra criar raiva dos personagens. Inúmeras vezes fiquei com raiva dos meus personagens preferidos e senti raiva daqueles que eu já não era muito fã ou comecei a ter raiva daqueles com os quais não me importava. Só 3 personagens escaparam disso: Min, Egwene e Thom. Eles apareceram menos, então não tive motivos para criar raiva.
Mas de todos os motivos para ter detestado quase metade desse livro, o maior de todos foi a guerra dos sexos na qual o Jordan criou uma fixação. Ele fez parecer que homens antipatizam as mulheres, mas não conseguem viver sem elas (porque são tão bonitas, no fim das contas), e que as mulheres vivem exasperadas pelos homens, mas é só porque sabem o que é melhor para eles, como mães ( Freud explica). Mas isso não é o pior. Nessa guerrinha, Jordan passa a ideia de que mulheres são seres que não é possível entender, mas com as mesmas características; são todas manipuladoras, loucas, raivosas e exaltadas. É uma visão tão estereotipada e diferente do que ele mostrou no começo (pelo menos que eu lembre) que eu me pergunto se no momento de escrever esse livro ele 'tava louco da vida com alguma mulher. E nessa abordagem ele me fez repudiar diversos personagens e laços. Faile é a personagem mais infantil, chata e irritante desse livro, e o romance dela com Perrin foi tão abominável pra mim que na metade do livro eu tava torcendo pra um dos dois morrer. Já nem me importava qual, mesmo Perrin sendo o meu personagem masculino favorito.
E falando em personagens masculinos, os ta'veren pra mim estão perdidos. No livro anterior, Mat teve participação ativa e momentos que me fizeram gostar muito dele. Nesse, ele voltou a ser o chato de galocha do segundo livro que passou a história TODINHA reclamando e lamentando. Não fez absolutamente nada. Eu queria que ele morresse já no começo do livro.
Rand também foi entediante. Era um personagem ok até o terceiro livro, até gostava dele, mas nesse a criatura se superou na chatice. Essa birra dele com as Aes Sedai já passou da hora, e esse fetichismo do Jordan em querer criar um harém pro seu protagonista tá de dar nojo. Quer dizer que um bando de mulher se apaixona e quer esse poço de chatice? Só sendo fetiche mesmo, beloved.
Mas fora tudo que eu detestei nesse livro, eu ainda sou apaixonada pelas personagens femininas apesar dos pesares, principalmente Nynaeve, Egwene e Min. E amo os arcos das Aes Sedai, dos Aiel, Abandonados (que parecem os únicos seres do Tenebroso que impõe um pouco de respeito), e os Seanchan. Pensei em abandonar a série por aqui, mas essa e outras coisas sobre as quais ainda tenho curiosidade me motivam a continuar, pelo menos até o próximo livro. Espero que não esteja perdendo tempo e o Jordan tenha tratado do problema com mulheres que atormentou ele, já que o autor começou a série abordando tão bem suas personagens femininas. E tbm, saudades do Tenebroso aparecendo nos sonhos do Rand. Criatura encantadora.