Caebri 05/03/2021
Não é o tipo de gênero literário/ narrativa que me atrai.
Até cerca de 30% do livro, a curiosidade que a premissa despertou me manteve atento, com expectativas sobre a trama e seu desenrolar. Até que... Tudo ficou repetitivo.
O livro promove alguns momentos de reflexão acerca do preconceito, seu processo de superação e auto-aceitação pelas diferenças (nesse caso, os espinhos de Kat, a protagonista narradora de seus anos de vida - até os 20) diante da "normalidade", o social padronizado, seja pelo interpessoal ou pelo estético. Porém, a autora, que afirma ter colocado muito de si na obra, pesou um pouco a mão justamente nisso, entrando num círculo de repetições que fica cansativo, ultrapassando o limite entre transmissão de criador através de sua criação, a peça mais importante, para uma linha direta dos valores ou crenças do criador.
Sendo mais específico com alguns exemplos: há metáforas que já podem ser entendidas na primeira menção; há mensagens que deveriam promover uma reflexão do fictício para o leitor que se tornam muito carregadas, soando quase como uma "pregação" pelo individual da protagonista narradora, Kat, que por vez, é uma voz direta da autora; Kat, aliás, é muito passiva diante dos conflitos, que são amenos, atingindo o ápice somente uma vez durante toda trama, junto com o fato de que, a cada novo desdobramento, o amor, a amizade, aceitação, amadurecimento, carinho e afins são enaltecidos, e isso não deveria ser ruim, não é mesmo? Mas repetição é tanta que fica chato. Como leitor, quero ver mudanças, surtos, arrependimento, ação e consequência, e não uma resignação quase religiosa com tudo.
Em contraponto, a gramática está ótima, sem erros, e momentos muito sensíveis em descrição de sentimentos. Os capítulos são curtos, tornando a leitura mais rápida e aquelas aberturas poucas para as reflexões acerca do preconceito merecem destaque. Mas a estrutura repetitiva e insistência em mensagens positivas a cada mínimo conflito - que são os motores de uma história - nublam esses bons pontos.
Enfim, essa resenha ainda tem um adicional por eu não ser um leitor desse gênero em específico. A ideia dos espinhos foi o que me fisgou no princípio, mas o interesse se perdeu no trajeto.