heloisa.nas 12/11/2022Miserável como uma porca??Ele sabia o quão constantemente vivia aterrorizado, mas será que sabia quanto de sua própria realidade subjetiva, outrora tão forte, fora apagada?? Pág.250
O que mais pega nessa livro é a tortura psicológica, a gente vê a doida da Annie Wilkes demonstrando cada vez mais do que é capaz, e vemos Paul Sheldon definhando a cada momento. O homem também vai ficando louco preso na cama, no quarto, e nos próprios pensamentos. Paul fica num ?e se? infindável imaginando como poderia sair da situação que está, pois claro, um maldito escritor vai utilizar da imaginação já que é sua única válvula de escape.
?Ela o pôs na cama e ele adormeceu em três minutos. Ele dormiu a noite toda pela primeira vez desde que saíra da nuvem cinzenta, e pela primeira vez seu sono não teve sonhos.
Pois estivera sonhando acordado.? Pág.126
Ao mesmo tempo que é conflitante e agonizante ver Paul na situação que se encontra, é divertido vê-lo criar diversas hipóteses de como pode fugir da Annie. Abusando da criatividade, por conta claro, ele se vê preso em seus próprios pensamentos criando um jogo onde se pergunta qual das suas ideias valeria a pena por em ação, sem ser punido ao final.
?Você também foi Sherazade de si mesmo.
Para quem você está contando essa história, Paul? Para quem você a está contando? Para Annie?
É claro que não. Ele não atravessava o buraco no papel para ver Annie ou agradá-la... ele atravessava o buraco para se afastar de Annie.? Pág.233
? O livro é instigante e a leitura muito fluída, além de essa edição ter uma diagramação muito boa comparada a outros livros do King. Eu simplesmente passei a leitura inteira virando as páginas ansiosamente pois só queria saber se Paul consegue ou não fugir, foi insano, inclusive, em diversos momentos achei que o coitado ia morrer, mas sempre que eu via faltavam muitas páginas ainda pro livro acabar. Nesse ponto eu já estava igual o Paul: não sabia se ficava aliviada por ele ainda estar vivo ou mais preocupada ainda, pois com certeza viria coisa pior pela frente.
?Quando o som das botas de Annie chegou à sua porta, quando a chave entrou na fechadura mais uma vez, ele pensou: Ela veio me matar. E a única emoção que o pensamento causou foi um alívio cansado.? Pág.260
É incrível a relação do escritor com a escrita, não sei se Stephen relatou sua própria experiência, mas não deixa de ser notável como escrever é importante para Paul, como reflete tudo o que ele é, e como estar ligado á escrita foi o que o ajudou a suportar um pouco o horror que lhe foi causado.
?A lata de lixo aberta derramava seu conteúdo pelo chão e emitia o odor morno de comida estragando, mas aquele não era o único cheiro erra-do, nem o pior. Havia outro que parecia existir apenas em sua mente, mas que não era menos real por causa disso. Era parfum de Wilkes: o odor da obsessão psicótica.? Pág.175
Paul ao longo do livro vai se desgastando psicologicamente cada vez mais e é muito notável sua mudança, da pessoa que era, e que nunca voltará a ser. Tem um capítulo em si que eu fiquei extremamente agoniada, tive que fechar o livro e dar uma distraída na mente. King consegue construir uma atmosfera de suspense psicológico incrível, que está presente no livro a todo momento.
?Ele se recostou, cobriu os olhos com o braço e tentou agarrar-se à raiva que sentia, pois a raiva o deixava valente. Um homem valente conseguia pensar. Um covarde, não.? Pág.37