spoiler visualizarMikaela 13/11/2017
Ternura, mágoas e a necessidade de perdoar
Gente, eu tô falando desse livro pra todo mundo. Ele é maravilhoso demais!
Jeannette Walls era uma jornalista de fofocas que escreveu essa autobiografia como forma de superar o passado doloroso. Sua família percorria cidades e mais cidades, passando por aventuras, dificuldades, momentos lindos e cenas terríveis.
Seus pais não queriam saber de criar Jeannette e seus irmãos como as outras crianças. Eles acreditavam que a melhor escola é a vida e por isso dificilmente fixavam residência. Por um lado. eles amavam os filhos e incentivaram a busca pelo conhecimento (mesmo na pobreza, eram extremamente intelectuais), por outro lado, eram negligentes e pareciam incapazes de lutar pela sobrevivência deles.
O Castelo de Vidro não é um livro triste, apesar de tudo. A escrita é muito direta, quase jornalística, com o relato de como a autora se sentia na época, mas muito pouco sobre o que ela sentia ao escrever aquilo.
A narrativa relata momentos de imensa ternura, como quando Rex, o pai, não tem dinheiro para presentes de Natal e pede para Jeannette escolher uma estrela no céu. Ela escolhe o planeta Vênus, em um dos momentos mais tocantes da história.
Temos momentos de cortar o coração quando vemos o alcoolismo de Rex piorar cada vez mais e o dinheiro em casa escassear. Uma dos relatos mais tristes é quando as crianças passam a revirar o lixo pra encontrar o que comer. Em uma dessas cenas, os irmãos flagram a mãe, Rose, comendo uma barra enorme de Snickers escondida.
Isso sem mencionar nas situações horríveis - que não falarei aqui pra não soltar spoiler - que elas foram submetidas simplesmente porque os pais não viam problema naquilo. Ao mesmo tempo, o conhecimento que eles tinham pela inteligência dos pais e os livros da casa era admirável.
O livro é dividido em várias histórias seguindo uma cronologia. Começa quando Jeannette, já adulta e jornalista, vê a mãe catando lixo em Nova York. A partir daí, ela começa a relatar pequenas e grandes coisas sobre sua vida, como quando estava fazendo salsichas aos 3 anos, foi atingida pelo fogo e hospitalizada em seguida.
As histórias são curtas e quando você percebe, já está devorando o livro porque quer saber mais, quer saber como ela conseguiu sair dessa vida e como foi o futuro da família. E depois você imagina aqueles relatos, compara com a própria infância e fica com um assombro ainda maior.
Tipo, eu não conseguiria passar por tudo aquilo que a autora falou. Nunquinha. E o mais impressionante é que ela PERDOOU os pais. Gente, que lindo. E foi difícil, foi no processo de escrever o livro.
Esse livro é uma lição linda de amor, de perdão, de seguir em frente. Apesar de tudo, ele surpreendentemente não é pesado. É o tipo de livro que se lê bem rápido.
Por favor, leiam!
Obs: a Folha lançou a coleção Mulheres na Literatura (não, não é publipost. Quisera eu rs) e esse livro já está nas bancas para ser comprado bem baratinho.
Obs 2: o filme foi lançado recentemente nos cinemas com Brie Larson (vencedora do Oscar por O Quarto de Jack), Woody Harrelson (Jogos Vorazes) e Naomi Watts (O Impossível).
site: www.leituranossa.com.br