Neto 15/12/2012
O livro que não me deixava dormir
O estilo de Stieg Larsson é apaixonante e hipnotizador. Quando eu menos pude perceber, já estava dentro do livro, conseguindo sentir até mesmo o frio enorme da Suécia no inverno, especialmente da cidade de Hedestad.
A mistura infalível de mistério e denúncia é um prato cheio para quem gosta de bolar mil e uma teorias na cabeça enquanto Larsson destila seu veneno pelas páginas de Os homens que não amavam as mulheres.
Primeiramente, o mistério é absolutamente envolvente e com conclusões bastante aterrorizadoras. O sumiço de Harriet Vanger é dramático e vai levar Mikael Blomkvist ao esgotamento para tentar solucioná-lo, não sem o auxílio de Lisbeth Salander, que é o completo oposto.
Larsson conseguiu também tornar o livro uma grande denúncia, não somente à violência sexual contra a mulher, mas também aos jornalistas suecos (e por que não do mundo todo?) e também às fraudes milionárias do mundo financeiro da Suécia. O bom é que nenhuma dessas denúncias é rasas e/ou impostas forçadamente à obra, como que se Larsson estivesse buscando uma moral somente para vender mais exemplares. Pelo contrário, a denúncia é sutil e completamente relacionada ao contexto do livro, porém aparece com tanta raiva durante o texto que é impossível deixá-la de lado e não se pegar pensando sobre isso mesmo após fechar o livro.
Os personagens principais do livro - Blomkvist e Salander - merecem imenso destaque e apresentam um Yin e Yang que se somam. Salander é completamente impulsiva e irritadiça, enquanto Blomkvist é um jornalista respeitado e que pensa bastante antes de agir. E não há melhor ou pior maneira de se pensar ou agir apresentadas no livro, mas sim ações e pensamentos que acabam por se completar.
Alguns problemas que o livro apresenta são de ordem prática e necessária: a apresentação de todo o contexto, a família de Harriet Vanger, o mundo financeiro e jornalístico sueco, tudo isso é feito de modo lento e a história demora imensamente para começar a realmente engrenar como um romance essencialmente de mistério e investigação.
Mas isso não é lá tanto um problema, pois o estilo rápido e Larsson permite uma leitura rápida, porém os detalhes têm de ser atentamente absorvidos, principalmente por haver uma gama imensa de personagens, vivos e mortos, que assombram até o presente da família Vanger na ilha de Hedeby. Parágrafos e frases curtas, bem como capítulos longos, porém com diversas divisões dentro de cada um, garantem uma leitura rápida e prazerosa, que consegue manter o leitor sempre curioso para saber o que acontecerá em seguida.
Li o livro antes de ver o filme, e fico imensamente feliz por isso. Muito melhor ler sem saber de absolutamente nada, pois o ponto crucial do livro é o mistério que envolve a família Vanger.
Não dou 5 estrelas somente por essa apresentação enorme (porém, repito, necessária), porque de resto, Larsson tem um estilo perfeito para a proposta de Os homens que não amavam as mulheres.