Stuart.bookster 28/01/2022
Antígona, de Sófocles
Sófocles foi um dos maiores escritores da Grécia Antiga, fez um sucesso estrondoso com suas peças que criticavam a sociedade e seus costumes, além de conscientizar também acerca das leis e mitos. Eu vou tentar fazer uma análise mais própria acerca do livro e baseada em minhas opiniões, logo são apenas comentários meus acerca dessa obra encantadora. Primeiramente retrata-se a forma com que o irmão de Antígona é largado aos urubus e cachorros para morrer por ser acusado de "traídor" de Tebas, logo nisso se observa uma coisa interessante, o embate da lei dos homens X lei divina. Isso fica claro quando o tio de Antígona decreta que ele não pode ser enterrado como qualquer pessoa tem direito, devido ao crime que comete, essa é a lei dos homens, já a lei divina que não importa o crime ou a maldade que comete, todos devem ter um enterro digno para que possam ser levados ao barqueiro Creonte e assim possam adentrar ao Submundo. Nisso percebe embate que Sófocles põe sabiamente nessa obra, sabe-se que as leis na Grécia Antiga eram feitas em consonância com as leis divinas, uma vez que existem diversos parâmetros que justificavam isso, o primeiro de que a lei divina era superior e que apenas prezava pelo bem e ordem da sociedade, segundo que os homens jamais chegariam a sabedoria dos deuses e por isso suas leis eram inferiores. Diante disso quando uma lei dos homens entrava em conflito com a divina, sempre a divina deveria prevaslecer, pois acreditava-se que caso os homens levassem adiante essa lei isso ultrajaria os Deuses e eles vingariam-se com castigos pesados. Isso fica claro na obra de Antígona no momento em que seu tio decreta a sua vontade como do seu povo e sua palavra é ordem, o resto da história cumpre por castigar ele da pior forma, seu filho e mulher morrem, sendo assim isso um castigo dos deuses por desobedecer um rito e levar adiante sua lei que blasfemava contra a lei divina. Segundamente, Sófocles usa sabiamente uma mulher em sua obra, pelo seguinte aspecto, na Grécia Antiga mulheres eram resguardadas ao lar e por isso não participavam da vida política ou social da cidade, sendo assim eram sempre retratadas como emotivas demais, fracas e religiosas, isso é utilizado de forma sábia pelo autor, uma vez que se fosse um homem o personagem principal provavelmente obedeceria a ordem da cidade e portanto permitiria que o corpo não fosse enterrado, em respeito a ordem do rei e da cidade. Uma vez que é uma mulher, conservadora de costumes religiosos ela batalha pelo direito do irmão de ser enterrado, sendo assim abordando que as mulheres sempre tenderão a esse conservadorismo religioso, a defesa da ordem religiosa e dos costumes milenares, uma vez que são sempre marginalizadas, enquanto os filósofos avançavam em suas reflexões filosóficas, as mulheres representavam essa incapacidade e prisão ao passado religioso e mitologia. Terceiro, aliando esses dois últimos pontos que eu trouxe, e, destacando que as peças gregas eram feitas para conscientizar a população acerca de certos temas, Antígona representa esse conservadorismo, equanto seu tio esse avanço. Esse período da Grécia é marcado pelo avanço da filosofia e outras áreas, pondo em risco a harmoia divina, sendo assim a peça tras a tona o debate do avanço intelectual (lei dos homens) contra o "conservadorismo" religioso (lei divina), esse debate é vencido pelo último, sobretudo pelo fim que o Rei tem na história, sendo assim a obra traz a tona esse tema, tentando deixar claro que o avanço não era bem visto diante da religião e dos deuses, uma vez que desafiá-los traria graves consequências, não só a você, mas a sua família também. Esses são alguns pontos que me atraíram da obra e recomendo demais.