Medéia

Medéia Eurípides




Resenhas - Medéia


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Regis 03/09/2022

A Personificação da Vingança...
Medéia após ser traída e abandonada por  seu marido Jasão, que se casa com Glauce, filha do rei de Corinto, Creonte. Decide se vingar de ambos, e para isso arquiteta uma terrível vingança.

Nessa tragédia Eurípides trata do amor de uma mulher, que após ser traída, se transforma em puro desejo de vingança, essa, levada as últimas consequências para fazer com que o traidor sinta toda a dor que lhe foi impingida.

Medéia é a personificação da vingança e de certa forma Jasão mereceu tal sorte.
Ela abandonou Cólquida, sua terra, e incitada por Jasão: causou a morte de  seu irmão, Pelias, traiu seu pai, Aietes, (ajudando Jasão a roubar o Velocino de ouro) e após lhe jurar fidelidade eterna no templo de Hecate, Jasão a abandona e permite que seja exilada pelo Rei de Corinto.

Ela com certeza teve seus motivos para se vingar. 
"Sim, lamento o crime que vou praticar, porém maior do que minha vontade é o poder do ódio, causa de enormes males para nós, mortais!"

Não concordo com tudo que Medéia fez, mas a devastação de sua alma fica clara durante a leitura e seus atos (exceto um), são completamente justificados pelo teor de sua ira.

Essa peça é intensa e brutal, me fez sentir asco em vários momentos pelos atos praticados tanto por Jasão, quanto por Medéia, mas também me causou pena pelo destino dessa mulher, que abriu mão de tanta coisa pelo marido e, que foi paga com a mais desleal das traições.

A leitura é rápida e empolgante, a tradução é ótima e torna a leitura prazerosa.
É uma peça trágica que com certeza,  adoraria ver encenada. Recomendo.
DANILÃO1505 03/09/2022minha estante
Parabéns, ótimo livro

Livro de Artista

Resenha de Artista!


Regis 03/09/2022minha estante
Obrigada Danilo! ?


Tai 03/09/2022minha estante
Deu muita vontade de ler... Mas, me diz: a leitura é fácil?


Regis 04/09/2022minha estante
Sim Tai, é muito fácil.
Pega da Editora 34 ou da Zahar que não vai se arrepender.
A tradução é ótima e a linguagem é bem atual.


mpettrus 04/09/2022minha estante
Sinto que vou ?passar pano? para todos os atos de Medéia! ???


Regis 04/09/2022minha estante
Acho que apenas um vai te incomodar mpettrus. Fiquei triste com esse ato dela, os outros eu apoiei e achei merecidos.
Caso leia, lembre de me falar se também te incomodou. ?


GiSB 04/09/2022minha estante
Li Medeia na edição zahar de bolso. Fiz resenha. Dê uma olhada e diga o que você achou.




Marc 12/06/2022

Ler os clássicos de outras sociedades é sempre problemático. Mesmo os gregos, que tanta influência tem sobre nossa civilização, costumam ser massacrados por anacronismos bizarros, que fazem terra arrasada de seu pensamento e costumes. Imagine leitores que só conhecem as teorias de luta de classes, teorias feministas, sobre racismo, etc, se deparando com um texto em que uma mulher é a personagem principal e comete assassinatos seguidos para se vingar.

Muitos cometem o mesmo tipo de erro que em “O Banquete” de Platão, supondo que os gregos eram tolerantes em relação ao homossexualismo e que foi o cristianismo que o tornou pecado (e crime até pouco tempo atrás). Aqui, não é difícil encontrar quem interprete Medeia como uma mulher inteligente (isso ela é), ativa, independente e que decide ir até às últimas consequências para se livrar de um macho tóxico — desculpe se uso a linguagem mais banal para descrever, mas é assim que várias pessoas leem o texto. Medeia surge como uma heroína, que ousou enfrentar o mandatário de Corinto, seu marido Jasão e se vingar de uma vergonha e injustiça. Mas, no caso de Eurípides as coisas são muito mais complexas.

Antes de tudo, para que se possa compreender melhor o texto, é preciso notar sua estrutura. Eurípides trabalha seus personagens de uma maneira bem diferente de Sófocles (a leitura que mencionei resumidamente acima poderia ser feita em um texto de Sófocles, jamais de Eurípides), sem limitá-los a um elemento definidor, que facilita a vida do leitor. Por exemplo, Antígona trata da honra, do respeito às tradições; mas Medeia não pode ser resumida da mesma forma. Eurípides escolhe não fazer um estudo sobre as motivações, nem sobre as consequências dos atos dos personagens, ele prefere apenas descrever. Há quem pense que ele direciona o texto e que somos levados a pensar que Medeia é uma personagem má, cruel e fria. Ora, ela termina matando os próprios filhos, talvez não seja o caso de tentar resgatar um senso de heroísmo — qualquer que seja — em suas ações. Mas o fato é que ao optar pela mera descrição, sem uma reflexão sobre os acontecimentos, sem mesmo nos contar se houve a conhecida punição dos deuses, característica das tragédias gregas, Eurípides tem muito mais de um autor moderno do que se pensa. Ele consegue deixar ao leitor a interpretação do texto, um feito nada pequeno, levando-se em conta que tal característica levaria bem uns 11 séculos ou mais para ser desenvolvida no Ocidente.

E aqui começam a aparecer as complicações, porque deixar ao leitor (no caso, espectador, porque se trata de uma peça que era encenada e poucos tinham acesso ao texto na época) a interpretação naquele período não era tão arriscado como hoje. Eurípides sabia que essa escolha narrativa levantaria discussões sobre a moralidade do texto, mas jamais poderia prever que milênios depois haveria uma infinidade de “ismos” que fariam interpretações completamente descoladas do contexto de sua sociedade. Não se trata de dizer que Medeia é uma mulher humilhada pelos homens e que decide se vingar e que todas as mulheres independentes são rotuladas de insanas, bruxas e irracionais. Para Eurípides, para os gregos da época, era muito fácil dizer que o texto mostrava os perigos da razão, de como ela pode ser contaminada pela insensatez, mesmo que preserve os procedimentos formais de pensamento.

Medeia é inteligente, descende diretamente do Sol, ou seja, é poderosa e influente. Sua história anterior mostra uma pessoa capaz de ardis e ações inesperadas e ousadas, dignas dos mais inteligentes e capazes. Jasão, seu marido, por outro lado, possui poucas qualidades e essa diferença é muito evidente. De um lado, Medeia, capaz de criar um plano elaborado, manipulando a todos (ela ilude Jasão, dizendo que seu comportamento era irracional e indigno, fazendo com que ele aceite os presentes envenenados para sua noiva); de outro um Jasão interessado apenas em poder, tolo, mas que foi capaz de dizer a única frase verdadeira sobre Medeia, veja só: uma pessoa capaz de fazer o que ela fez a sua família, é uma pessoa sem escrúpulos e capaz de repetir o feito a qualquer momento.

O que detém as leituras de hoje é essa característica mais evidente de Medeia, sua inteligência e ousadia. Ela desobedece os homens e não titubeia em atacar Jasão, o macho escroto, que a troca por uma outra mulher. Mas pouco se fala que essas ações são totalmente desproporcionais. Qual o sentido de sacrificar sua prole para se vingar de um macho tóxico? Ora, isso ocorreria apenas a feministas, defensoras do aborto, que visam se igualar ou suplantar o poder dos homens, afastando tudo que possa lhes parecer rebaixá-las. Assim, ironicamente, ao assumir Medeia como uma figura simbólica, quase como um mito fundador, as feministas terminam (bem freudianamente) assumindo também a presença horripilante de Thanatos em suas pretensões. Trata-se de matar, nos homens, tudo que lhes pareça superior.

Deixando um pouco de lado essas interpretações infundadas sobre o livro, vale a pena pensar sobre a verdadeira questão que Eurípides conseguiu trazer. Que o tenha feito através de uma figura feminina é bastante natural, porque seria um completo abuso, uma contradição em termos, de acordo com a sociedade da época, dizer que um homem poderia ser dominado por hybris, por descomedimento e fúria. Apenas mulheres e os homens mais baixos poderiam ser invadidos por tais sentimentos. E sobre homens vulgares não valeria a pena escrever. Logo, restaria contar uma história sobre uma mulher, de posição elevada e de muita inteligência. Note, mais uma vez, que para poder contar sua história, para poder mostrar que a razão não era tão impenetrável e segura, teve que criar uma mulher que fugia aos padrões do entendimento comum. Também Sófocles o fez em “Antígona”, mas nesse caso, se tratava de mostrar como a tradição deveria sobreviver e ser preservada mesmo pelas pessoas mais frágeis possíveis, até diante de uma tirania, ou seja, há espaços que não podem ser alcançados pelo poder.

Medeia mostra, portanto, esse perigo que ronda a todos. A razão pode se transformar em um método, em procedimentos que seguidos com atenção, asseguram sua correção, mas pode faltar uma coisa muito importante nesse caminho. Quando Medeia decide matar os próprios filhos, seu pensamento é perfeito. Ela raciocina com segurança, consegue chegar a uma conclusão acertada sobre os meios de ferir aquele que a humilhou. Ela sabe que precisa retirar de Jasão aquilo que ele preza, os filhos e a mulher com quem decidiu se casar. Sabe que vai fazer com que ele sinta pelo resto de seus dias. E ainda consegue atacar a cidade, porque Creon morreu junto com a filha. Mas, a despeito da exatidão de seus cálculos, ela também está fazendo um mal a si. Ela diz que deixar os filhos seria entregá-los nas mãos de seus inimigos e eles sofreriam sem que ela pudesse defendê-los. Mas a verdade é que em nenhum momento lhe foi proibido levar as crianças embora junto com ela.

Eurípides desejava criar desconforto no leitor com essa desproporção. E mesmo que Medeia seja capaz de notar que vai lhe custar, ainda assim, continua até o fim. É aqui que aparece a irracionalidade dentro da correção do pensamento. Claro que isso não é tão bem desenvolvido, mas só para adiantar um pouco as coisas, Bauman, em pleno século XX, vai se valer desse tipo de explicação para lidar com o tema do Holocausto: a nação mais desenvolvida do mundo em termos de pensamento, com os maiores filósofos modernos (Kant, Hegel, Nietzsche, Heidegger, entre outros) foi capaz de promover uma das maiores atrocidades da história humana. Havia exatidão em seus cálculos, os métodos científicos eram usados rigorosamente, mas o objetivo era vil e ultrajante. É como se Eurípides nos dissesse que a razão pode servir a qualquer intenção e não é suficiente para lidar com as complexidades dos seres humanos. Ela é um instrumento fabuloso, o único que nos descola um pouco de nossas semelhanças com os animais, mas, elevada a um princípio exclusivo, dominante, se torna tão prejudicial quanto a ira pura.

Eurípides mostra que a ira pode derrubar e desorganizar mesmo uma cidade, se acompanhada dos procedimentos que a razão ensina. É uma combinação poderosa e destrutiva, pois a cabeça consegue seguir os raciocínios e fazer cálculos, mas não consegue enxergar nada sobre o momento seguinte a sua vingança. As consequências a longo prazo não entram nesses raciocínios. Como disse, a razão não é garantia de nada, pois lhe falta alguma coisa e, a despeito da crença dominante, pode ser facilmente dominada pela ira e cometer atrocidades. Acredito que se trata de uma reflexão bastante refinada sobre a racionalidade e seus limites, com uma visão um pouco pessimista e que não indica uma via para recorrermos quando a ira nos domina. Nesse diálogo com Platão e Sócrates, Eurípides mostra que o mal é uma escolha, não ignorância.

Em relação a esse tema há muito que se pensar e dizer. Mas aqui, estamos diante de um autor que pensa o mal proveniente de uma personalidade que tem perfeito domínio da razão e compreende muito bem sua situação e possibilidades. É muito mais comum que o mal seja praticado, em nossos dias, não por uma escolha plena, mas também não por ignorância; nós cometemos o mal porque essas escolhas sequer nos aparecem, ou seja, os seres racionais e inteligentes a que esses autores se dedicavam são muito raros hoje em dia e aparecem mais como casos extremos. Nós, por outro lado, vamos pulando de mesquinharia em mesquinharia, sem conseguir firmar princípios e incapazes de realmente escolher sobre o bem e o mal. Essa, por falta de palavra melhor, degradação das personalidades, ajuda a explicar por quê o próprio texto é muito mal compreendido, porque ele nos parece investido de uma moralidade (questão do patriarcado) que não existia no momento que foi escrito.

Carolina 13/06/2022minha estante
Realmente, já vi booktubers interpretando clássicos a partir desses "ismos", e é uma tristeza


Marc 14/06/2022minha estante
Olá Carolina, agradeço a leitura. Sim, se trata de um revisionismo tosco e mal intencionado, que faz afirmações sem sentido, mas que pegam as pessoas pelo emocional, como por exemplo, dizer que Iago odiava Otelo por ser racista. Isso destrói o texto de Shakespeare, mas é uma leitura cada vez mais forte (inclusive dentro da academia).


Débora 30/10/2022minha estante
Uau, que resenha!!!


Ana Eliza 02/02/2023minha estante
Eu realmente gostei da sua resenha, principalmente pela sua profundidade, você tocou em pontos interessantes e particularmente também não gosto de análises reducionistas, mas tenho que discordar em alguns pontos? Por mais que seja impossível que Eurípedes tenha escrito essa tragédia pensando em questões feministas (já que o movimento nem sequer existia na época), não acho que seja inválido fazer uma leitura com essa ótica, porque a tragédia dá muita margem para esse tipo de interpretação em vários diálogos e discursos de Medeia e no apoio do coro (composto inteiramente por mulheres) a ela. O coro só não apoia a decisão final e extrema da protagonista, mas de resto ele rechaça Jasão e fica do lado da heroína. Vale ressaltar que o coro é a voz da razão nas tragédias, porque é o único que consegue ter uma visão privilegiada de todos os acontecimentos. Não é ao acaso que há tantas releituras e adaptações de Medeia com essa perspectiva moderna e feminista, como por exemplo a peça ?A gota d?água? de Chico Buarque e Paulo Pontes e ?Mata teu pai? de Grace Passô. Interpretar dessa forma não é erro, não é algo infundado (seria se a tragédia não apresentasse recursos para tal interpretação, mas ela apresenta vários), é apenas um olhar diferente. Interpretar uma obra não é apenas se perguntar ?O que o autor quis dizer??.

Outra observação é que você pontuou em sua resenha que em nenhum momento foi dito que as crianças não poderiam seguir Medeia para o seu refúgio, mas o medo dela era justamente que mais tarde perseguissem seus filhos como forma de vingança, por mais que eles estivessem em outra cidade. Ela viveria com medo pelo resto de sua vida de que isso acontecesse.


Marc 11/02/2023minha estante
Agradeço sua leitura Ana Eliza. O problema das leituras feministas, além de serem anacrônicas, é que descartam a discussão muito mais ampla sobre essa falha da razão. Faz sentido que o coro fosse composto por mulheres, afinal a protagonista era mulher e seria não apenas contraditório que tivesse homens, mas abriria uma brecha para uma discussão sobre a imposição do homem sobre a mulher. Isso não significa que só as mulheres eram capazes de razão nessa peça. Jasão é uma pessoa muito inferior a Medeia, isso está claro por muitos aspectos, mas é ela quem comete o disparate de matar os filhos. Não significa que os homens eram superiores no uso da razão, mas que era a razão mesma que estava sendo posta em debate, independentemente do sexo das pessoas.

Eu até compreendo quem lê o texto dessa maneira, afinal Medeia é uma protagonista muito forte. Mas considero que se perde uma discussão muito mais interessante, que é sobre o comedimento da razão. Essa discussão, para nós, me parece muito mais interessante do que o feminismo em si, porque veja a técnica, os avanços da clonagem, da energia atômica, de procedimentos cirúrgicos capazes de praticamente reinventar o ser humano. Elon Musk tenta criar implantes cerebrais capazes de ampliar as habilidades humanas, fala-se em alteração genética, alguns discutem até mesmo a capacidade de transportar o cérebro para outros corpos ou dispositivos de informação. Tudo isso é fruto da predominância da racionalidade sem freios, onde o aspecto ético é colocado em segundo plano. Assim, não descarto que se possa fazer esse tipo de leitura, mas minha intenção era tornar o texto mais atual ainda, não afirmando que ele discute temas atuais, mas que os alertas que faz poderiam muito bem servir para a sociedade de hoje.




Mario Miranda 04/11/2019

"Não é da esfera humana ser feliz."

Medeia é um dos grandes clássicos de Eurípedes, a época incompreendido pelo público grego. Talvez pelo seu caráter estranhos a cultura Clássica, Eurípedes coloca no centro da sua tragédia aspectos modernos, tais como a busca feminina pela valorização de sua própria inteligência (e não por atributos físicos), bem como o abandono da esposa/filhos por um marido desejoso de um matrimônio mais vantajoso.

Medeia, após ter ajudado Jasão a obter o velo de ouro, é abandona por este quando chegam em Corinto, quando o seu marido busca um casamento vantajoso junto a Creusa, filha do Rei Creonte. Medeia, menos por ciúmes, e mais por um sentimento de Raiva pelo abandono, perpetra um complexo sistema de vingança envolvendo Creusa, Creonte e os seus próprios filhos.

site: https://www.instagram.com/marioacmiranda/?hl=pt-br
Sílvia 04/11/2019minha estante
Essa é uma das minhas peças favoritas, junto com Longa jornada noite adentro


Mario Miranda 05/11/2019minha estante
Uma Tragédia sublime. Em muito, para mim, conversou com Ibsen em "A Casa de Bonecas",obra também de Vanguarda no papel feminino dentro da sociedade.


Sílvia 05/11/2019minha estante
Casa de bonecas está na lista. Se é do nível de Medéia acho que a passarei na frente


Mario Miranda 05/11/2019minha estante
É uma questão muito particular de Clássico x Moderno.
Ibsen é mais profundo em suas críticas à sociedade e ao papel feminino na agremiação familiar.
É uma obra bem pequena, talvez do próprio tamanho de Medeia. Creio que você lerá em questão de hora.
Resumindo: passe na frente.
E se gostar, sugiro ler dele Um Inimigo do Povo.


Sílvia 05/11/2019minha estante
Anotado. Obrigada pela dica




George Facundo 25/06/2010

A doce vingança da amarga Medéia
Medéia e Jasão são aquele casal de vilões bem típico das novelas globais. Um casal que, como se costuma dizer aqui no nordeste, "não são flor que se cheire".

Tanto que, depois de uma série de traições, conspirações e assassinatos, foram expulsos de seu país de origem, fugindo para o exílio na cidade de Corinto, levando consigo apenas seus dois filhos.

Acontece que Medéia se vê trocada pela filha do rei de Corinto e a mesma foi obrigada, junto com os filhos, a abandonarem aquele lugar de "mala e cuia", para que o marido pudesse usufruir de tudo do bom e do melhor que as boas graças do rei e o fogoso leito da princesa poderia lhe dar, sem ter o incômodo de uma ex-mulher torrando a paciência dele.

Medéia então, tomada por toda fúria que o istinto feminino somado a todas as forças ediondas de muitas tpm's somadas, resolve não levar desaforo pra casa (no caso, pro exílio) e decide por "acabar" (expressão bem comum usada por mulheres furiosas) com a raça do pobre canalha desafortunado Jasão.

A personagem Medéia é de fazer a vingativa Beatrix Kiddo (Kill Bill vol. 1 e 2), a Flora (da novela A Favorita) e Suzane von Richthofen (burguesa paulista assassina dos pais) ficarem parecendo a Madre Teresa de Calcutá.

E, ao contrário das vilãs citadas, Medéia não é levada a sua sanguinolenta vingança por motivos de busca do poder (Flora), nem dinheiro (Suzane), tampouco a vingança pelo filho morto (Beatrix), mas sim pelos motivos mais primitivos do universo feminino, dignos de uma história Nelson Rodriguianas, uma tragédia motivada por um leito desonrado.

Até onde uma mulher é capaz de chegar para fazer o seu marido infiel pagar caro por tê-la traído e abandonado?

É um livro perfeito para a namorada ou esposa desconfiada presentear o parceiro como uma forma de "aviso prévio".

E para os cuecas de plantão, o livro pode ser extremamente instrutivo para que se possa perceber como a mulher tem essa capacidade de ir da doce ternura(amor) a um azedume vingativo(ódio), num piscar de olhos.

Toda mulher é potencialmente Medéia, quando devidamente estimuladas pela nossa incurável canalhice, salvo também as devidas proporções emocionais de cada uma.

Enfim, para todos uma ótima leitura, ou vingança, sei lá!
Mari 07/11/2017minha estante
Gostei da resenha!


Esther 22/03/2020minha estante
Adorei tua resenha! Nem sempre fácil trazer a história de um clássico pros dias atuais, tanto na forma de escrever quanto ressaltando as implicações na vida cotidiana


TigreBranco 17/03/2022minha estante
Que resenha PERFEITA!




luana 29/09/2021

li para um trabalho da faculdade e não gostei tanto, parece muito um script.

aprendi a legendar kkkk
Ana Eliza 01/10/2021minha estante
Conheça o gênero dramático kkkk


luana 01/10/2021minha estante
literalmente kkkkk o pior de todos, mas confesso, até que é bem realista e nos faz refletir( preferia ter ficado sem a reflexão e comprado um livro de romance




amandabcca 06/04/2023

Foi difícil defender essa querida.
Tive que ler o mito da Medeia para um trabalho de filosofia, o objetivo era defender a Medeia. Considerei uma tarefa quase impossível, me senti a advogada do diabo. Como defenderei a mulher que matou os filhos? Enfim, na apresentação do trabalho tive um piripaque, mas deu certo.
Lisiane 06/04/2023minha estante
???




Jucieli2 28/02/2024

O teatro para os gregos é semelhante a homilia da Missa para os católicos, onde busca-se aprender a moral, a tradição e como bem viver. A peça é muito bem escrita, envolvente e com grandes lições, recomendo muito.
Madu_o 24/03/2024minha estante
Nossa, nunca tinha feito esse link do teatro grego e a igreja católica, realmente faz muito sentido




Luiza Machado 01/01/2010

Uma tragédia grega. Medéia, representando o povo estrangeiro (bárbaro), considerado inferior pelos gregos. Antes do início da peça, que começa após o abandono de Medéia por Jasón, Medeia ajuda Jasón, com o auxílio de seus poderes mágicos, a conquistar o velocino de ouro, com a condição deste se casar com ela, o que era uma forma de ascensão social para ela, por se casar com um grego, além de estar apaixonada por ele devido ao feitiço de Hera e Afrodite.
''Medeia'' retrata bem como era ruim ser mulher na antiguidade, quando tudo o que uma mulher tinha era o marido, que apenas dela necessitava para a geração de seus herdeiros, os filhos homens.
Ao ser abandonada por Jasón, que se casaria com a filha do rei, para vir a suceder-lhe no trono, ela, por ser estrangeira, não faz o que seria melhor para a pólis, agindo com a razão, mas executa sua vingança, saindo vitoriosa.
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Davidson.Chagas 20/04/2024

BOOM!!!
Eurípides, mais uma vez, me surpreendendo. Após ler "As troianas" e "Hécuba", sendo esse último o meu favorito, acreditei que Eurípides não conseguiria me surpreender novamente. Eu estava completamente enganado.
Temos aqui a história de Medeia após os acontecimentos que fizeram ela ficar com Jasão (E QUE ACONTECIMENTOS). Perdidamente apaixonada e cega de amor, descobre, já no início que foi traída. A partir disso, Eurípides constrói toda aquela tragédia que ele sabe fazer muito bem.
Diria que Medeia se encontra dentro do meu top 5 do gênero drama.
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Aguinaldo 30/01/2012

medeia
Medeia (Μήδεια) é uma peça de Eurípides que foi apresentada pela primeira vez no ano 431 AC. A história é terrível e já inspirou muitos autores nesses quase 2.500 anos (boa parte dos mitos gregos já estão tão amalgamados à cultura popular que um sujeito pode até saber algo do que se narra em uma história sem saber das fontes originais). A edição (bilíngue) da editora 34 é impecável. O industrioso Trajano Vieira assina a tradução, um bom posfácio e generosas notas. Um pequeno texto de Otto Maria Carpeaux, que descreve possíveis leituras possíveis do drama, é incluído na edição. Não é uma leitura fácil, mas o texto ainda é capaz de impressionar um sujeito. Medeia é uma princesa/feiticeira que destrói tudo a seu redor ao menos duas vezes. A primeira é por amor, quanto ajuda Jasão e os argonautas na Cólquida (mais ou menos onde hoje é a Geórgia, ex-república soviética). Mas o que é descrito na peça de Eurípides se passa uns dez anos depois dos sucessos da busca de Jasão pelo velocino de ouro (Robert Graves já nos ensinou que este mito deve estar relacionado com pelegos de ovelha que eram utilizados no garimpo de ouro nos rios da região da Cólquida, mas esta é outra história). No texto de Eurípides Jasão é recebido pelo rei de Corinto, repudia seu relacionamento com Medeia e promete se casar com Glauce, a filha do rei Creon. A fúria de uma mulher desprezada nunca pode ser subestimada (principalmente de uma que é sobrinha da feiticeira Circe). Medeia vinga-se da injúria de Jasão matando Glauce, Creon e os dois filhos que teve com ele, fugindo de Corinto e se fixando em Atenas, onde se casa com o rei Egeu. Como em todo mito poderoso a leitura pode gerar muitas interpretações. Medeia não está louca ou transtornada quando mata os filhos. Tudo é premeditado e calculado, como parte de sua vingança. Jasão tenta ser pragmático, político, só vê os aspectos positivos de sua aliança com o rei Creon, até imagina um arranjo onde Medeia continuaria como sua concubina (quando um homo sapiens sapiens se imagina moderno neste início de século XXI eis que um mito qualquer o lembra do quão perene são as vaidades e pulsões humanas). Gostei muito dos personagens secundários, Nutriz (uma ama-de-leite), Pedagogo (o preceptor dos filhos de Medeia) e Coro (que faz a mediação entre o que está fora da peça com o que é descrito nela). Medeia é uma peça sombria, plena de um feminismo militante, incrivelmente adaptável à atualidade. Os gregos sempre tem algo a dizer para um sujeito. Em breve vou experimentar o Agamêmnon, de Ésquilo. Vamos em frente. [início 02/01/2010 - fim 27/01/2010]
"Medeia", Eurípides, tradução de Trajano Vieira, editora 34, 1a. edição (2010), brochura 14x21 cm, 191 págs. ISBN: 978-85-7326-449-4 [edição original: Μήδεια Atenas (Grécia) 431AC]
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Julyana. 25/08/2013

Diz um político da minha terra que mulher mal amada se assemelha a uma cobra mal matada: o bote é fatal. Medeia prova que isso é verdade.
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Otto 26/01/2016

Medéia é destruidora, filha do sol, tesourinha de ouro, bruxa, maldita e desgraçada. E me ensinou um insulto "vai enterrar tua mãe!".
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Na Literatura Selvagem 21/05/2016

A tragédia de Medéia
Fazia tempo que não trazia outra tragédia grega resenhada aqui no blog. Adquiri o hábito de ler peças gregas ainda na faculdade, embora conhecesse o enredo de algumas delas bem antes disso, por gostar de mitologia e afins... Mas a cada leitura que faço, me sinto ainda mais enlevada pelo alto grau de qualidade e drama usado para escrevê-las, e o leitor se sente de tal forma inserido na trama que é como se tudo nos fosse narrado e encenado num palco...

Para quem não conhece a peça Medéia, fala sobre a mulher que dá nome ao livro, desgraçada de infortúnios por ter abandonado sua pátria ao casar-se com Jasão, e depois de dois filhos feitos, ser abandonada pelo marido pois este iria consumar casamento com a filha de Creonte. Tomada de cólera e ciúme, se sentindo ultrajada pela traição de Jasão, ela planeja vingar-se, antes que seja expulsa da cidade, já que o próprio Creonte, sogro de Jasão, o fez...

Leia mais em

site: http://torporniilista.blogspot.com.br/2016/05/a-tragedia-de-medeia.html
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