Sara Muniz 19/04/2020
RESENHA - VESTIDO DE NOIVA
Vestido de Noiva é uma peça famosíssima de Nelson Rodrigues. Escrita em 1943 e dirigida pela primeira vez por Zimbinsky, a peça deu início ao modernismo no teatro brasileiro, por conta das suas inovações inigualáveis.
A peça começa com barulhos de uma batida e de vidro quebrando, pois Alaíde acabara de ser atropelada. Com o atropelamento, todas as informações na cabeça dela se embaralham e ela não sabe mais o que é realidade, memória e alucinação, então esses três planos se confundem.
Para quem lê a peça, é um pouco mais fácil entender o que está acontecendo, por mais que ainda seja uma loucura total na primeira leitura. Entretanto, para quem estava assistindo a peça, ficava muito confuso e, por isso, Nelson Rodrigues recebeu várias críticas.
Na peça, a luz ilumina os planos separadamente e a voz que fala no microfone está em todos os planos. No plano da realidade, está o casamento de Lúcia, Alaíde em coma e os repórteres. No plano da memória, está a tentativa dela de organizar as lembranças, é aquilo que pode ou não ter acontecido antes e depois do acidente. No plano da alucinação, mistura-se o que ela leu o diário de Madame Clessi (prostituta de luxo que morre em 1905). É o plano mais longo, há a libertação de todos os desejos (amiga da Clessi), mescla realidade com fantasia, se projeta livre de julgamentos, há a exploração intensa do inconsciente da personagem e o entendimento do que houve no real.
Por fim, Alaíde descobre que ela estava para se casar com Pedro, um homem que representa o esterótipo de bom partido. Porém, como antes Pedro era namorado de Lúcia, irmã da Alaíde, ela volta para se vingar por ter perdido o namorado. Pedro e Lúcia querem ficar juntos, então atropelam Alaíde.
Em Vestido de Noiva não há ação, tempo e espaço, não há linearidade nos acontecimentos e tudo acontece como uma completa confusão mental dentro da cabeça de Alaíde. Por isso, o ponto de vista é a cabeça da própria Alaíde.
Com esse trabalho, Nelson Rodrigues foi muito inovador para a época, pois seguia as tendências do teatro europeu, foi a primeira peça a ter um diretor, pela ousadia, não-linearidade, por não ter as 3 unidades do drama, por ter a memória, pelo ponto de vista inovador, por tratar da alma e do espírito dos personagens e pelo uso poético das rubricas.
Quando comecei a ler Vestido de Noiva, eu não estava entendo nada. Após as dez primeiras páginas, algumas coisas fazem sentido e outras não. Devo admitir que somente depois de ter a aula na faculdade sobre Vestido de Noiva, foi que eu entendi 100% e senti a necessidade de reler. Recomendo muito a peça, principalmente para quem gosta de textos com intenso fluxo psicológico.
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