Anita Blanchard 09/11/2013Que estreia!Para começar este é um tipo de história que vocês nunca me veriam lendo, não gosto de romances. Nada mais chato do que ler sobre dramas familiares e amorosos reais. É, eu sou insensível assim... Se não fosse o chamariz “viagem no tempo”, esse livro nunca entraria na minha estante. Mas ainda bem que a autora não o nomeou com algum título melosinho qualquer, porque eu teria perdido uma história fantástica, emocionante, brilhante, e tudo isso em um livro de estreia!
Não vá esperando algo como Donnie Darko ou Efeito Borboleta, em que a cada alteração no continuum tempo e espaço, o presente vai se alterando, não é nada disso. Henry não tem a capacidade de mudar grandes eventos, suas visitas não causam alteração alguma nos acontecimentos. *10 minutos depois, volto ao parágrafo porque me perdi pensando se as coisas não teriam sido diferentes, caso ele não tivesse visitado alguns momentos de sua vida...* Henry viaja através do tempo, algumas poucas vezes para o futuro, mas na maioria delas para o passado, sendo que, em um mesmo momento no tempo, pode haver mais de um Henry, com idades diferentes. Mas fiquem tranquilos porque parece mais confuso do que é realmente. No começo você precisa voltar as páginas para entender em que época ele está e com qual idade, mas você pega o jeito no decorrer do livro, sem maiores problemas.
Uma das descrições que você vai achar sobre esse livro é “quando Henry conhece Clare, ele tem 28 anos, e ela tem 20. Ele é um bibliotecário; ela é uma bonita estudante de arte. Henry nunca viu Clare antes; Clare conhece Henry desde quando tinha 6 anos...”. A partir do momento em que conhece Henry aos 6 anos de idade, Clare precisa aprender a conviver com a espera. Espera pelas vezes em que Henry a visitará, espera por Henry se tornar o homem que ela conheceu quando criança, espera pela volta de Henry a cada vez que ele viaja no tempo.
Sinceramente estou quebrando a cabeça agora, pois não sei exatamente como explicar o que senti ao ler este livro. Ele é romântico sem ser piegas, ele é dramático sem apelar para o choro constante, e ele tem uma carta em determinada parte, que você vai ter que ler pra saber. Adoro cartas no meio dos livros (alguém me manda uma carta, por favor!).
Como a resenha é minha, vou me dar o direito de falar um pouco sobre o filme também, que fiz questão de assistir após ler o livro. Decisão certa porque talvez não teria lido se fosse o contrário. Primeiro: quem foi que escolheu aquele nome para a versão brasileira?? “Te Amarei para Sempre”. Jura que este nome é melhor do que “A Mulher do Viajante no Tempo”? Quanto ao filme em si, só posso dizer que não cometeu nenhuma heresia com a história, mas não tem metade da alma que o livro te passa. Há histórias que foram feitas para ser lidas mesmo, não tem jeito, a adaptação para o cinema sempre vai perder algo, que nesse caso, foi algo essencial, infelizmente. Senti muita falta do casal erudito que eles eram. Do Henry, bibliotecário, cheio de citações de poemas famosos. Não, trocar o museu pelo zoológico não foi legal...
O destaque fica para algumas cenas incríveis: o primeiro encontro consciente de Henry e Alba (tive que fechar o livro nessa e desfazer aquela cara de idiota que fiquei dentro do ônibus), e o último encontro de Henry e Clare (tinha que ser no ônibus de novo, caramba?!).
Com certeza entra para a lista dos melhores livros que li em 2013. E valeu a pena o barraco que armei para conseguir ele...
“Por mundo e tempo suficientes” – Henry (baseado no poema “To His Coy Mistress” de Andrew Marvell)