Paraíso das Ideias 12/12/2016
Eu
ansiava para ler este livro desde que foi anunciado pela editora. Não porque me interessei pela sinopse ou porque sou fã do trabalho da Jane Costello. Já li outro livro dela - Damas de Honra - que não é nenhum primor da literatura, mas é bom (é minha forma de dizer que recomendo o livro sim, mas não garanto que se apaixone por ele).
O que me atraiu neste livro, tal qual o anterior, foi a capa: linda, delicada, chamativa. A Record faz um excelente trabalho, especialmente com os livros da Costello, de produzir essas capas tão magníficas que você pensa: "Preciso ter esse livro. Eu nem conheço a escritora, nem conheço seu texto, nem curto esse gênero, mas p-r-e-c-i-s-o embelezar minha estante com ele!" (mas eu curto chick lit sim e conheço as manias da escritora)
Quanto ao conteúdo, confesso que de início não gostei do que lia. Além de travado, umas palavras não se encaixavam muito bem na narrativa o que suspeitei ser eco da tradução - nem o tradutor entendeu a linha de raciocínio, nem o revisor, mas não omitiram porque fazia parte do livro.
De cara Jane nos apresenta à protagonista, Abby, como uma empresária razoavelmente bem sucedida com sua empresa de web design de poucos anos no mercado que não dá a mínima para sua alimentação, pro seu peso, para sua saúde. Ela não está nem aí: almoça batatas fritas com Coca-Cola enquanto dirige, lancha barra de chocolate, não faz exercícios físicos, não tem dieta balanceada com a desculpa de que: a) falta tempo.
Ela é uma jovem empresária com muitas preocupações e compromissos, mas poucos minutos para comer e resolver todas as suas pendências e b) ela não precisa.
Abby é magra, tem saúde, por que vai preferir jantar salada e fazer exercícios quando pode comer um brownie enquanto acompanha a melhor amiga e os filhos dela no playground?
Além do mais, tirando Jess, sua melhor, melhor mesmo amiga que participa de um clube de corrida, é preocupada com alimentação, Abby vive rodeada por gente que tem o mesmo estilo de vida dela.
Até que uma de suas funcionárias anuncia que sofre de uma doença degenerativa. Isso faz com que Abby reavalie seu modo de vida além de despertar uma necessidade de ajudar Heidi a viver com essa doença de forma menos dolorosa. Daí temos o pontapé inicial para a história toda: Abby decide correr meia maratona com o objetivo de arrecadar dinheiro para mais pesquisas sobre esclerose múltipla e quem sabe os médicos descubram a cura para essa doença. Além do mais, fica claro que ela tem preconceito contra essas pessoas fitness.
Primeira coisa que percebi sobre Jane Costello com esse livro: quem lê um livro dela lê todos. Embora cada sinopse de seus livros - a Record já traduziu e publicou três: Damas de Honra, Quase Casados e Corra, Abby, corra; mas ela já escreveu muito mais livros que espero que estejam nas livrarias brasileiras em pouco tempo para saber se continuo com a afirmação de cima ou não - seja completamente diferente da outra, o modo como ela monta as histórias é basicamente o mesmo:
1) O tempo cronológico pode variar de 9 meses a um ano, o que achei muito bacana porque dá ao leitor uma sensação mais realística da história - e uma identificação maior - de a vida não se resolve em cinco segundos.
2)Tem sempre uma amiga casada na história - acho que é para dar a impressão de que solteiras não vivem no Mundo das Solteiras e aquelas que se casam são excluídas.
3) Há sempre uma traição - e se você ficará com raiva do traidor (a) é subjetivo -.
4) Há mais personagens além da melhor amiga e do homem ideal - e o mais incrível: não é cansativo. Eu achei um ponto muito positivo porque, mais uma vez, é mais um artifício que nos aproxima da história e da protagonista. É Costello falando: "Essas mulheres são como nós, essas mulheres existem mesmo. Não é uma história de amor que só vemos em filmes e livros. É a vida real."
5) O interesse amoroso da protagonista é sempre um cara gentil, fiel, engraçado, responsável, financeiramente estável, mas que é lindo de morrer, tem um hálito dos deuses, é um mestre na cama. Costello tenta nos vender como um cara normal, mas eu não tenho encontrado muitos com todas essas qualidades na mesma pessoa, então classifico como uma pequena "viagem literária" muito comum em chick lit - que me desagrada um pouco.
Eu notei que Abby tinha um preconceito com pessoas fitness. Ela evitava demonstrar por causa da amiga, mas achava que esse universo era composto por bitolados. Então o motivo dela não se preocupar com exercícios físicos era mais por causa disso e não tanto porque ela era saudável.
Aliás, depois que resolveu treinar para correr a meia maratona, Abby ficou meio chata, obcecada em vencer a maratona, em perder uns quilos para se enquadrar nos pesos dos demais corredores e para o Oliver pensar nela tanto quanto ela pensava nele. Eu me pegava revirando os olhos para isso e querendo dizer: "Menos, Abby, bem menos". Felizmente Jess me representava nisso.
Também não gostei do comportamento dela sobre o divórcio dos pais. Eles estavam separados há anos, e ela ainda estava ressentida com eles. Ela estava grandinha demais para isso. E ela devia saber que quem sabe o que se passa em um casamento é o próprio casal, e se eles tomam a decisão de se divorciar, há algum motivo racional para isso. É um assunto sério e duvido que alguém tome essa decisão sem pensar quinhentas vezes se deve ir em frente ou não.
Damas de honra me surpreendeu positivamente. Nunca havia lido nada desse gênero cuja história se passasse em meses, tivesse vários acontecimentos e com uma variedade de personagens. Me mostrou que o chick lit não precisa ser algo tão limitado. Já Corra, Abby, corra! Não me surpreendeu porque é muito semelhante com o livro anterior só que com enredo diferente e personagens com outros nomes. Na metade da história já sabia com quem Abby ia ficar e que rumos os demais teriam. E não me enganei.
site: http://paraisodasideas.blogspot.com.br/2016/11/resenha-corra-abby-corra-jane-costello.html