Renato 04/08/2017Tinha tudo pra ser perfeitoJohn Verdon resolveu investir em mais um livro da série do detetive Dave Gurney. Mesmo não tendo gostando tanto da obra anterior (“Não Brinque com Fogo”), não deixei de apostar neste novo enredo do autor, que apresenta uma escrita muito clara e atraente em vários sentidos, mas que acabou se mostrando bem lento.
Gurney é apresentado a um caso pra lá de misterioso outra vez. Carl Spalter foi morto, justamente no funeral da sua própria mãe, e sua esposa Kay Spalter, presa, é a principal suspeita do assassinato. No entanto, com Kay declarando-se inocente e com várias pontas soltas no caso, Dave resolve investigar a fundo o que aconteceu de verdade no misterioso homicídio desse odiado empresário.
E por que o nome Peter Pan no título? Você só fica sabendo claramente depois da página 200, apesar de já ter fortes indícios de quem seja antes mesmo dessa parte. A identidade de Peter Pan não é o grande mistério do livro, mas as motivações para Carl ter sido morto e a resolução de outras questões do mistério.
Embora eu tenha esperado um bom tempo pra ler esse livro, de cara me familiarizei com o caso, que é bastante curioso, com todas as suas complexidades. Quando os próprios familiares são os suspeitos do crime é difícil não se interessar pela trama. Na verdade, é vasto o número de pessoas que tinha motivos para matar Carl, que era detestável, arrogante e maldoso, entre outras características relacionadas à conquista pelo poder.
O livro se desenvolve bem até certa parte, apresentando os personagens aos poucos; as entrevistas na busca por respostas; e as investigações, além da humanização do protagonista e seu casamento. John Verdon revela mais algumas camadas interessantes principalmente de Dave e Madeleine. Porém, após a metade do livro a qualidade passa a cair. Deparamo-nos com situações repetitivas, monótonas ou longas demais, sem necessidade. Fica claro o excesso de páginas para contar uma história que tinha tudo pra ser perfeita.
Temos um caso complexo, temos personagens que poderiam ter sido mais explorados, temos um detetive inteligente, temos as implicações psicológicas, enfim, temos tudo que um bom livro deve ter, mas a falta de um ritmo mais eletrizante e novos eventos surpreendentes durante o enredo deixou tudo muito maçante.
O final é original e coerente, mas não foi o suficiente para justificar o excesso de páginas. Não esperava nada antes de ler, criei expectativa e acabei me decepcionando. Nota 3,5.