Naty__ 13/03/2020Quando o assunto é Stephen King não é preciso esforço algum para iniciar uma leitura. Somente o seu nome na capa já é atrativo o suficiente para prender o leitor. Com suas obras acontece isso o tempo inteiro e, com Revival, não seria diferente. Quantos de vocês sabem o que é “quinto personagem”? Logo no início do livro somos apresentados a ele. Nosso protagonista declara que Jacobs é o seu e explica que esse “quinto personagem” surge para provocar mudanças.
Jamie conhece o reverendo Charles Jacobs, pastor da Igreja Metodista, quando ainda é criança. No entanto, a vida de Jamie parece mudar (e muda) quando o reverendo abandona a pitoresca cidade da Nova Inglaterra. Eles se conhecem de uma maneira inusitada: o menino brincava alegremente no quintal de casa com seus soldados de plástico, o reverendo aparece e começa a dar dicas para fazer uma batalha melhor e estratégica.
O grande Jacobs passa a ser o centro da atenção dessa cidade, todos se encantam com seu jeito e os sermões ministrados por ele, além dele, sua esposa e filho também se mudam para lá. Uma família doce e muito sábia, mas algo ruim está prestes a acontecer e transformar a vida de todas aquelas pessoas.
O personagem Charles, após passar por uma tragédia, começa a dedicar sua vida a investigar uma forma de eletricidade secreta que atua como curas milagrosas. Na realidade, a eletricidade está presente desde o início do livro, mas surge com mais intensidade depois de tudo o que acontece com o reverendo.
Após muitos anos, os dois se reencontram num momento bem conturbado na vida de Jamie. Agora, jovem, ele é integrante de uma banda que vive na estrada e, com ela, carrega as drogas e o sexo para onde vai. Charles propõe ao jovem uma forma de curar seu vício em heroína e, para isso, a vida de ambos será unida de maneira permanente.
A obra de King possui diversos atrativos para prender a atenção do leitor e envolve temas como vício, religião, fé, vida após a morte. A história não é tão assustadora quanto imaginei vindo dele, mas certamente é um livro que tirará seu sono, pois deixa-nos reflexivos e perturbados quando chegamos ao final.
Revival é narrado por Jamie e podemos sentir cada momento de agonia e de felicidade de forma intensa. É difícil não se colocar no lugar dele e imaginar sua tristeza e atitudes impensadas. Além disso, a obra nos revela o que acontece quando alguém é traído pela própria fé, quando as coisas parecem que vão seguir o caminho certo, mas acabam trilhando o da escuridão.
Os ensinamentos são vastos e cada um captará de forma diferente. Se o autor tinha como objetivo fazer o leitor refletir sobre o poder de manter a fé, de não se deixar se abater e a consequência da ausência dela, ele conseguiu. Além de possuir uma forte lição, a obra do autor é considerada polêmica, tanto por trabalhar temas “pesados” quanto por mesclar o realismo com o terror cósmico. Não vi nada de polêmico nisso, pelo contrário, a junção de todos esses elementos deu uma ótima trama.
É imperdoável finalizar esta resenha sem elogiar a capa deste livro. Não, não me perdoaria por isso. O trabalho que a editora realizou está tão perfeito que considero a capa mais linda que tenho na minha estante – e olhe que não são poucos, mas este trabalho me ganhou fácil, fácil. Não recomendo a obra, exijo a leitura! E nada de livros físicos, por favor. É obrigatório ter um exemplar deste em sua estante. Você não vai se arrepender, tanto pelo conteúdo quanto pela aparência.
Quote:
“— Todo mundo precisa de um passatempo. E todo mundo precisa de um milagre ou dois, só para provar que a vida é mais do que uma longa caminhada do berço à cova.”
site:
http://www.revelandosentimentos.com.br/2016/02/resenha-revival.html