spoiler visualizarJaniffer Schwab Marcondes 28/03/2023
REVIVAL - Final decepcionante
Revival – SPOILER
Quem sou eu na fila do pão para criticar aquele que para mim é o maior escritor de todos os tempos? Ninguém, ninguém mesmo. Mas cá estou eu pra isso mesmo, criticar. O dia que eu achei que nunca iria chegar: minha primeira decepção com um livro do Mestre. Eu li resenhas sem spoilers antes de iniciar a leitura desse livro e eu estava muito ansiosa, pois várias diziam algo do tipo "final mais assustador de todos" e de fato parecia que o final ia ser épico assim. Eu amei o livro do início até quase o fim. Foi toda uma construção dos personagens em numa narrativa eletrizante - perdão pelo trocadilho. O livro foi permeado de alusões ao rock, a ciência (o que tornava tudo mais interessante) e principalmente ao questionamento da religiosidade e fé. O livro tinha tudo para se tornar perfeito, pois, conforme colocado anteriormente, havia base científica para os experimentos de Charlie. Claro que eu esperava um final fantasioso, pois ninguém sabe o que nos espera após a morte, se é que há algo a se esperar. Desde a parte em que Jamie descobre que Charles está realizando os reavivamentos, já me veio o insight que ele estava fazendo tudo em decorrência a fatalidade com sua mulher e seu filho. O que eu esperava? Algo parecido com O cemitério, livro do mesmo autor. Que Charles estivesse pensando em uma maneira de reviver os mortos. Mas logo percebi que isso seria uma paráfrase a uma própria obra (e que obra, diga-se de passagem, em minha opinião O cemitério O cemitério é o melhor livro dele). Porém ficou muito claro que de alguma forma aquilo tudo tinha ligação com a morte do filho e da esposa, pois ele não acreditava mais na religião e mesmo sabendo dos efeitos colaterais, continuava com as curas. No final, quando ele contou a Jamie sua intenção, eu ainda achei muito bom! Pensei, genial, ele vai trazer alguém que acabou de morrer de volta vida e vai ter a resposta mais buscada pela humanidade: o que acontece depois da morte? Mas aí o que estragou o livro: ele insere FORMIGAS GIGANTES no meio de uma visão de como é a vida pós a morte? Sério isso? Sim, durante várias passagens do livro houve menções a formigas, não foi de repente. Mas inserir algo tão sem nexo assim numa narrativa tão permeada de cientificidade. Ainda colocar que uma perna negra com uma garra feita de rostos humanos, mais especificadamente os rostos da mulher e filho de Charlie, saia da boca de Mary? Sim, a genialidade de King é trazer elementos incomuns e fazer com que se torne assustador, mas dessa vez para mim, não deu. Se no final ele colocasse que Jamie estava numa instituição psiquiátrica e aquilo tudo fosse a sua imaginação, seria aceitável as tais formigas. Sabe um final que eu ia amar: Mary volta a vida e relata que a vida a morte é como um sono onde se fica revivendo os piores momentos da sua vida. Pra que terror pior que isso? Reviver nossos piores momentos... Mais uma vez, não sou ninguém na fila do pão para idealizar um final para um livro do King. Mesmo com tamanha crítica às formigas, o livro para mim só pecou nessa parte, pois a história em si é muito bem construída e escrita assim como todos os livros do autor. Ele também trás reflexões sobre vários assuntos como religião, vida pós morte, o que uma fatalidade pode fazer na vida de uma pessoa, o quanto a curiosidade pode nos fazer tomar caminhos irreversíveis. Para mim, livro nota quatro.