Flavio Assunção 30/01/2016Relutei em escrever esta resenha. Sou um fã incondicional de Deaver, que inclusive é uma das minhas inspirações como escritor. Mas já havia algum tempo que não o lia e estava bastante empolgado para adentrar em "O Colecionador de Peles", cuja premissa é interessante, mas que no final das contas me deixou desgostoso e decepcionado.
A história é a seguinte: um serial killer obcecado por peles faz suas vítimas nos subterrâneos da cidade, tatuando-as com tinta misturada a veneno. Cabe a Lincolm Rhyme, consultor forense tetraplégico, desvendar o crime, com a ajuda da policial e namorada, Amelia Sachs.
Como sempre, nas obras de Deaver, Rhyme e Amelia são um show a parte, cuja sintonia e inteligência são absurdas. Mas, ao contrário de outros livros, "O Colecionador de Peles" é extremamente arrastado, maçante e incrivelmente óbvio. Não nas motivações ou resoluções do caso, mas quem é fã de literatura policial vai perceber antes da metade - até bem antes - quem é o assassino, que foi trabalhado pra ser uma surpresa, mas é tão evidente que você passa o resto do livro desmotivado. Fora que Rhyme está longe de seu melhor, investigando coisas que não interferem em nada na resolução e que só fez encher de linguiça a história.
Outra coisa que incomodou foram os "eventos" paralelos e spoilers. Ao contrário do que é divulgado, o livro é mais uma sequência de "Lua Fria" do que de "O Colecionador de Ossos". Como não li o primeiro, fui bombardeado de spoilers, inclusive sobre o assassino. Fiquei realmente zangado. E tudo feito em meio a histórias paralelas que, aparentemente não se ligam a história principal, mas no final percebemos que sim. Para mim, de uma forma absurda e inaceitável. Senti nesse livro que Deaver me trapaceou como leitor.
Não vou dizer que "O Colecionador de Peles" não é indicado pra ser lido. É uma boa história, embora previsível quando se trata do assassino. Peço apenas que tome cuidado. Se for lê-lo, o faça após "Lua Fria" para não se sentir trapaceado ou sabotado. Esse foi um dos motivos para que eu sentisse uma decepção das grandes.