spoiler visualizaryurigreen 23/04/2016
O título cumpre o que se propõe.
Escrito inicialmente para o público leigo italiano e depois traduzido para outras línguas, Sete breves lições de física nos guia por capítulos curtos sobre as mais incríveis teorias e paradigmas da física do século XX e XXI.
Abrimos o livro e nos deparamos de cara com uma explicação razoavelmente suscinta sobre a mais bela das teorias: A relatividade geral de Eisten. Obviamente entender a matemática completa é bastante extenso, mas a epifania de Albert foi perceber que o espaço no qual as coisas se movem em favor da gravidade e o campo gravitacional que transporta a força da gravidade são a mesma coisa. Desta forma, o espaço é um componente material que pode se curvar, ondular, flexionar. Ainda, foi demonstrado que quanto mais matéria, mais massa e maior a curvatura desse espaço. Ao estouro de uma grande estrela, a massa implode com uma força tão grande que flexiona tanto o espaço num vortex infinito de imensa gravidade, capaz de sugar até mesmo a luz, são os buracos negros. Além de mostrar que o espaço é elástico, que o universo se expande e o tempo é relativo (passando mais lento quanto mais próximo da superfície de um planeta e mais rápido quanto mais alto), o físico previu através de cálculos que os efeitos desse colapso de uma grande estrela ou de dois buracos negros gerariam ondas que reverberariam por todo o universo. Cem anos depois confirmamos este postulado e o chamamos ondas gravitacionais.
Eisten também se enveredou no campo quântico, entrou em grande discussão com Bohr sobre a natureza quântica da matéria e energia, mas a ideia destoava demasiado da física de Newton. Pra colocar mais lenha na fogueira entra Heisenberg com o princípio da incerteza e agora, entender como os elétrons se comportam parece mais complicado do que qualquer outra coisa. Ao que parece atualmente essas partículas de carga negativa não existem, só são observados através dos saltos quânticos de uma órbita pra outra dentro da teoria de órbitas de Rutherford-Bohr.
Contudo, a comprovação dos elétrons é parte de uma história muito antiga a respeito da natureza da matéria. A teoria atômica (partícula indivisível) tem início lá na Grécia com Demócrito e Leucipo que faziam projeções filosóficas sobre o que constituiria o mundo. Os chineses antigos também se arriscaram mas não foram tão longe dos gregos. Um período de grande crepúsculo marca a Ciência até que Dalton (mais de 20 séculos depois) retira das sombras a velha dúvida de tentar compreender o universo das partículas. Suas pesquisas dão substrato para Thomson, Rutherford, Bohr, Tesla, Eisten, Maxwell, Planck, Heisenberg e diversos outros nomes da física tradicional e moderna. Em menos de 200 anos desde Dalton percebemos o quão complexo é o átomo e que sua constituição é um produto de interação entre elétrons invisíveis de um local chamado eletrosfera e que circundam um núcleo milhares de vezes menor do que esta esfera virtual. O núcleo por sua vez contém massa (A), que é o resultado da somatória entre Prótons (P) e Nêutrons (N), dada pela fórmula simples A=Z+N ensinada em nível Fundamental nas escolas. O Russo Mendeleev melhorou a tabela periódica construida de forma simples por Dalton, descreveu vários elementos e trabalhou em possibilidades de outros que nem havia encontrado com uma precisão incrível. Sua tabela no entanto era baseada na massa dos elementos químicos, critério pouco confiável e que só é válido pros isóbaros. A falha do russo deu espaço pro novato inglês Moseley, que antes de morrer na II guerra, deixou uma contribuição inovadora - os elementos respeitam uma ordem periódica de número atômico (Z), o qual é definido pela quantidade de prótons do núcleo.
Como se não bastasse, foi descoberto que os prótons e neutrôns não são as menores partes do núcleo. Dentro dessas esferas existem pequeninos Quarks de três tipos (Green, Red e Blue) que se ligam por glúons. Junta-se a eles os neutrinos que tem pouca interação conosco e o famoso Bóson de Higgs, que auxilia dando peso à matéria. Existem mais dessas outras partículas elementares e certamente vamos descobrir mais ainda, uma vez que toda nossa matéria conhecida (bariônica) não soma mais que 5% de tudo que existe no universo. Ao final disso tudo percebemos que a alquimia, mãe da química, se tornou isolada e mítica, ao passo que sua filha abraçou de vez o método científico, rompendo os laços falsos e etéreos que mantinha com sua progenitora e segurando definitivamente as mãos da física e cosmologia.
A respeito do Cosmo nossa visão vem rompendo abruptamente desde nossos antepassados e registros mais antigos. A Terra já foi plana e em baixo sobre o céu que estava acima. Uns 26 séculos atrás Anaxímandro deu outra ideia, dizendo que o planeta flutua no céu e é rodeado pelo Sol e as estrelas. Outros gregos como Pitágoras e/ou Parmênides acreditam profundamente que este local que vivemos é uma esfera homogênea e cabe a Aristóteles descrever de forma filosófica e precariamente científica esta constatação. Essa noção de que a Terra é o centro do mundo (Geocentrismo) perdura por mais de 20 séculos até esbarrar no inquietoso Copérnico. O jovem médico e astrônomo faz projeções certeiras de que a Terra não é o centro e sim o Sol, estrela maior que rege a órbita dos outros planetas e satélites. A ideia sofre certa resistência e mesmo sendo corroborada por Galileu, permanece em standby. Passam-se mais de 400 anos até que o modelo é reelaborado. Hubble aponta seu telescópio para o céu e agora a humanidade passa a ter certeza do que já era esperado. Nosso Sistema Solar é mais um entre outros 100 bilhões que compõe nossa galáxia (Via Láctea), entre outras centenas de bilhões de galáxias em um universo em expansão acelerada e que teve origem há uns 14,5 bilhões de anos atrás. O mais impressionate é que tudo isso que conhecemos, desde a física de partículas subatômicas até os confins mais distantes do universo compreende, como mencionei acima, apenas 5% de matéria, os outros 95% fazem parte de um tema tão pouco iluminado que, não por acaso, chamamos de matéria e energia escura.
Para tentar conciliar as duas jóias do século XX, a relatividade geral e a mecânica quantica, uma nova teoria vem ganhando espaço, a gravitação quântica em laços. No entanto harmonizar os dois pilares geniais fundamentados é uma tarefa árdua. As visões de mundo não se complementam, enquanto na relatividade geral o mundo é um espaço curvo e contínuo, na mecânica quântica o mundo é achatado e saltam quanta de energia. Pegando a ideia de que o espaço é retorcido e elástico e somando-se a ideia de que seja fino e granular, é possível que tudo seja feito de quanta e que exista uma malha que permite que tudo funcione. Essa malha são os loops, entrelaçamento de anéis milhões de vezes menores que os átomos e que são de fato o espaço. O espaço não é material, é relação. Da mesma forma que a água é relação. No exemplo da água, relação a nível atômico de zilhões de ligações de hidrogênio entre as moléculas de H20. Um problema que surge aí é a variável tempo. O tempo já não é o lider da orquestra, ele é ubíquo. Não marcamos as coisas através de uma sucessão de eventos, os eventos são simultâneos ininterruptamente e cada interação quântica é singular e marcada pelo seu tempo dentro de uma pluralidade de relações infinitas e infinitesimais. Esbarramos então em outro problema, pontos infinitesimais não existem. A aproximação que mais nos coloca a par disso é o estudo dos buracos negros. Regiões extremamente massivas e que provavelmente tem em seu fundo uma estrela de Planck. Esta estrela teria o tamanho de um átomo e uma força gravitacional do tamanho do Sol. A estrela é instável, ricocheteia e cresce num rítimo acelerado pra quem a observa de dentro, porém pro observador externo ao buraco o tempo é muito lento. Os buracos que hoje vemos provavelmente já nem existam mais, são eventos passados em um tempo relativo. Parece ficar nítido o problema que os físicos enfrentam hoje pra interpretar e encaixar as peças deste quebra cabeças.
O livro também aborda o conceito de calor e é incrivel o que se sabe sobre ele. A calor sempre flui de uma região quente para uma fria devido não a uma lei, mas por mera probabilidade. Esta questão é estática e permite que a termodinâmica funcione tal como é. Mas o calor em uma análise mais completa pode dizer mais, pode mostrar o tempo fluído através da dispersão de energia. Mas o que é o fluir do tempo ainda estamos longe de saber. Mais uma vez o estudo dos buracos negros nos permitem entender um pouco mais sobre este questionamento, uma vez que Hawking, mesmo com todas as suas limitações, conseguiu demonstrar o calor emanado dos buracos negros. Esse calor, para Hawking, é um efeito quântico sobre um objeto, o buraco, que é de natureza gravitacional. Os quanta individuais de espaço ao vibrarem geram calor na superfície do buraco. Evento que envole a mecânica estática, a relatividade geral e a ciência do calor. O entendimento completo dessas variáveis permitirá no futuro entender melhor a gravidade quântica. Por hora, o que temos é isso e já é extraordinariamente difícil elucidar tudo de forma coerente.
Que o futuro nos traga boas perspectivas e melhoras em nossa qualidade de vida através de tanta pesquisa. Que a física possa ganhar força mas ao mesmo tempo ter humildade em se reconhecer pequena diante de tanta ignorância humana. Que sempre haja espaço para outras visões de uma mesma coisa, como é defendido pelo grande físico Marcelo Gleiser. Agora deixa eu refrescar minha cabeça porque certamente esse resumo tosco de uma compilação didática já foi muito além do que eu poderia tentar imaginar a respeito deste universo.
Tentei fazer nesta resenha um compilado do que encontrei no livro e das minhas experiências no ramo da docência em Ciência e estudos particulares. Ao final, acredito que obtive um grande resumo e fonte pra consulta quando for necessário, ainda que meio confuso e pouco crível do ponto de vista físico, mas aceitável como leigo.