Aione 04/12/2015A Lista de Brett foi um dos melhores livros lidos por mim em 2014. Sendo assim, não pude deixar de me sentir ansiosa por Doce Perdão, novo lançamento de Lori Nelson Spielman pela Editora Verus, uma obra que promete ser tão terna quanto a que consagrou a autora.
Em Doce Perdão, temos a história de Hannah Farr, celebridade local de New Orleans devido a um programa de TV matinal por ela apresentado. Hannah não fala há mais de 20 anos com sua própria mãe, desde um incidente vivido por elas, capaz de alterar para sempre o rumo de suas vidas. Agora, após ter recebido as Pedras do Perdão, uma espécie de corrente que tem por finalidade propagar o perdão entre aqueles que cometeram algum erro e a consequente libertação da culpa carregada por isso, Hannah começa a reavaliar não só seu próprio passado como também a si mesma e sua vida atual, inclusive no que diz respeito ao seu relacionamento com o prefeito da cidade, Michael.
É perceptível desde o início da trama o toque de leveza e ternura que tanto me conquistaram em A Lista de Brett, e Lori Nelson Spielman cria o enredo sem economizar nessas características. Assim, não demorei a me envolver tanto com a história quanto com essa energia positiva que dela emana. Em primeira pessoa, Hannah nos narra sua atual situação de vida ao mesmo tempo em que relembra os fatos que a marcaram para sempre e, ao retomá-los, dá início a uma longa jornada rumo ao seu auto-conhecimento, na qual embarcamos com ela.
Ao mesmo tempo em que me senti envolvida pelo enredo e por todos os questionamentos feitos por Hannah, também senti que a história se desenvolveu de maneira demasiadamente acelerada em alguns momentos, tanto pelos próprios acontecimentos em si, sujeitos a alguns “saltos” no tempo, mesmo que em períodos cronológicos relativamente curtos, quanto pelas próprias transformações que a protagonista vive. Acredito que pela carga emocional que ela carrega, tudo pareceria mais convincente e menos, de certa forma, artificial, se explorados com mais calma, mais lentamente, a fim de que o leitor processasse junto de Hannah tais mudanças.
Ainda, alguns pontos levantados pela autora me incomodaram profundamente durante a leitura. A mensagem de Doce Perdão é bela, válida e verdadeira, e de fato se aplica a praticamente tudo exposto por Lori Nelson Spielman. Contudo, não me sinto confortável em ignorar ou aceitar que uma das temáticas abordadas, ligadas ao que Hannah viveu quando adolescente, tenha sido desenvolvida da maneira em que se deu aqui. Infelizmente não poderei entrar em detalhes em soltar spoilers, mas, em minha visão, acredito que a autora deu um tratamento romantizado e maquiado para uma questão séria e extremamente problemática, que não poderia simplesmente ser vista como “passado” e ter sido deixada de lado em nome do amor e perdão. Embora não haja um esclarecimento definitivo sobre a verdade dos fatos, há indícios bem fortes sobre o que pode ter acontecido, e não acho que a autora tenha sido feliz em inserir essa questão para tratá-la dessa maneira.
Apesar dos momentos demasiadamente ágeis para mim e da questão problemática mencionada, Doce Perdão sem dúvidas traz consigo uma bela mensagem, envolta em uma leitura rápida, tranquila e agradável, capaz de enternecer e emocionar em seus momentos mais sensíveis.
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