Ludmilla Silva 19/12/2019 “The old Empire was gone. The new Empire, with Grand Admiral Thrawn at its head, had been born.”O Último Comando é o último livro da trilogia considerada a verdadeira “sequel” da trilogia original. Devo admitir que demorei um pouco para me adaptar com a história no primeiro livro, me adaptar com a narrativa e principalmente com o novo estilo de Star Wars, isto é, uma história contada por meio da literatura, com pontos de vistas diferentes, e com personagens e cenários distintos. Mas à medida que fui me acostumando e fui pegando amor pelos novos personagens, os livros pareceram cada vez mais incríveis para mim, e quando cheguei para ler este, eu já tinha várias expectativas e teorias de como tudo iria se desenrolar. E não senti que me decepcionei, achei o livro como um todo bastante satisfatório, e foi uma verdadeira conclusão para a trilogia.
Uma das partes que eu estava mais ansiosa neste livro era para o nascimento dos gêmeos, eu queria que tivéssemos visto um pouco mais sobre eles, o crescimento e etc., mas sei que isso acontece em outras mídias, então nem fiquei muito chateada. Mas todo o cenário envolvendo a Leia e o nascimento dos gêmeos foi incrível, principalmente, quando o Império tentava a todo custo sequestrar os filhos dela. Eu gostei de como todos estavam extremamente preocupados com a Leia e com os gêmeos e como todos se mobilizavam, a todo o instante, para ajudá-la. Gostei demais mesmo do reforço Noghri. Eu os achava intrigantes desde o primeiro livro, e no segundo livro, devido ao núcleo deles com a Leia, passei a adorá-los ainda mais. Então achei incrível quando eles se dispuseram a proteger a Leia e os gêmeos, sabia que eles não estariam em perigo, enquanto os Noghri estivessem ali os protegendo. Inclusive, amei o nome dos gêmeos, Jacen e Jaina. Infelizmente, o livro não mostrou a Leia em full mode jedi como eu esperava. Mas é possível perceber a quão poderosa ela é com a força e como ela está se desenvolvendo cada vez mais com o seu sabre de luz e com suas habilidades jedi. Algo que quase não vemos no núcleo canônico de Star Wars, enfim, gostei bastante de sentir o gostinho de Leia jedi aqui.
Algo que me deixou um pouco confusa no começo do livro foi as intenções do Império. No último livro eles conseguiram a Frota Katana e conseguiram também equipamentos para clonar os seus soldados. Eu entendi que eles clonavam os soldados em uma velocidade impressionante e que precisavam de muitos para serem tripulantes da Frota. E mais tarde entendi também que eles queriam basicamente dar origem a uma nova Guerra dos Clones (The Clone Wars 2.0), mas não sei, essa parte ficou meio mal explicada para mim. O Império ficava indo atrás apenas de algumas células rebeldes, esperava a Nova República atacar um planeta para poder os massacrar, e de certa forma eu entendo que esse planejamento cauteloso e cuidadoso é muito da personalidade de Thrawn, mas apenas não entendi como o Império não representou uma ameaça maior a Nova República.
Quando terminei o livro passado e entendi que o Império tinha conseguido toda a Frota Katana, com mais de 200 naves gigantescas + equipamento de clonar os solados, imaginei que eles seriam uma ameaça onipotente aos rebeldes. Mas eu não percebi isso, na verdade senti a ameaça deles igual aos dois primeiros livros, o que não fez muito sentido para mim devido ao enorme poderio que eles tinham adquirido. Sinceramente, essa foi a parte que mais me incomodou no livro: falar da Frota Katana (que foi praticamente esquecida neste livro), e explicar mais especificamente o plano do Império. A maioria das coisas que a gente soube no livro quanto ao plano concreto do Império foi justamente boatos e palpites da Nova República. E achei isso uma enorme falha já que tínhamos os capítulos do Palleon justamente para diminuir essas dúvidas. A Fonte Delta, por exemplo, era uma fonte infiltrada dentro da Nova República que repassava informações ao Império. Uma ideia incrível, que fiquei muito animada na primeira vez que eu li, pois imaginava que seria alguém de confiança traindo os rebeldes. Meu palpite até o final era a Winter (amiga e confidente de Leia), e no final acabou sendo uma árvore que estava cheia de escuta (basicamente). Enfim, achei extremamente fraco, não conduziu com a genialidade do Thrawn, e não achei que foi uma revelação tão chocante assim, fiquei bastante chateada com essa parte. No geral, eu gostei muito mesmo do livro, só achei que alguns detalhes do Império ficaram confusos e fracos, se tivessem sido melhor trabalhados na minha opinião traria um pouco mais de emoção a história.
Um ponto de vista bastante interessante acrescentado neste livro foi o dos contrabandistas, contado pelo Talon Karrde. Admito que os primeiros capítulos dele foram bem maçantes, mas à medida que a história começou a se desenrolar e ele começou a reunir os contrabandistas para ajudar a Nova República e também se esforçou para desmascarar aqueles que trabalhavam para o Império (a.k.a Niles Ferrier) o núcleo dele foi ficando cada vez mais instigante e emocionante, depois até senti saudade de mais capítulos dos contrabandistas. Outro novo núcleo que ganhou espaço nesse livro foi o do Wedge e de suas batalhas espaciais. Apesar de serem capítulos breves, era um ponto de vista, bastante chato. Em vários momentos, eu me via viajando lendo a parte dele ou só querendo pular aquela leitura, não me interessou nenhum pouco. O único momento que fiquei mais curiosa foi na batalha final que ele estava narrando, mas mesmo assim, apesar de adorar o Wedge Antilles, achei os capítulos contado por ele bastante chatos.
Eu amei, sem sombra de dúvidas, o núcleo da Mara Jade. Eu sou até suspeita para falar pois ela se tornou uma de minhas personagens favoritas de Star Wars. E uma coisa que amo e valorizo bastante dentro da literatura (ou até dentro de filmes também) é a evolução de um personagem, e a Mara Jade teve ume evolução incrível, ouso dizer ainda que foi a melhor evolução de personagem dentro dessa trilogia. Adorei a forma como ela se sacrificou para salvar a vida da Leia e dos bebês, como mesmo sendo presa e totalmente hostilizada pelos oficiais da Nova República ela desenvolveu um carinho especial pela Leia, adorei a forma como ela contou o segredo do Imperador e do atual Império para aqueles que precisavam saber e também como ela ajudou na batalha final contra o Império e contra o C’baoth. Mas a minha evolução dela preferida foi a evolução de seus sentimentos pelo Luke, que, honestamente, eu já sabia que iria acontecer, mas que foi lindo de ver.
Não sei bem qual era o objetivo do Timothy Zahn ao escrever o Jedi C’baoth, mas se a intenção dele era fazer com que os leitores tivessem birra e uma total aversão a ele, quero dizer que ele foi bem sucedido, pois esta foi, exatamente, minha opinião sobre ele durante este último livro. Nos outros livros ele ainda conseguia ser um pouco ameaçador, mas neste ele apenas pareceu, para mim, extremamente patético. Eu não levava a sério nada do que ele falava, eu não conseguia acreditar que ele iria atingir algo sequer da sua lista de desejos. Eu adorava ver ele discutindo com o Thrawn e querendo o humilhar, porque, sinceramente, era algo muito fora da realidade, o grão-almirante sempre foi superior a ele. O Thrawn é um dos personagens mais geniais e inteligentes de toda a saga Star Wars, ele era o grão-almirante do Império, a maior força de toda a galáxia, não tinha motivo nenhum para ele temer o C’baoth. E o C’baoth achava que ele era o dono do império (o que novamente não faz sentido nenhum). Para mim o Thrawn não tinha medo dele, o Thrawn tinha coisa mais importante com o que se preocupar, no meu ponto de vista, ele só dava moral para ele não se tornar um obstáculo nos objetivos do Império, e porque, honestamente, ele deveria saber que os rebeldes iriam lidar com ele ,de um jeito ou de outro, por isso nem se preocupava muito com a presença daquele clone de Jedi.
Eu gostei de como os núcleos do Luke, do Han e do Chewie, do Lando, da Mara Jade e também da Leia foram bastante interconectados neste livro, principalmente, nos últimos capítulos, na batalha final. Agora acho importante falar um pouco mais sobre esta batalha e como ela foi uma conclusão perfeita para o livro e para a trilogia. Mesmo esta trilogia não sendo considerada canônica pelo universo oficial de Star Wars eu acho que ela traz de volta a nostalgia da trilogia original de filmes. Não só por trazer novamente os nossos heróis em uma nova aventura (agora contra o novo Império de Thrawn) mas por construir cenários e ambientes que se encaixam perfeitamente em tudo aquilo que os filmes de Star Wars propuseram. Por isso gosto tanto dessa batalha final, pois ela mistura uma nostalgia já conhecida do filme, com um ambiente e um cenário completamente novo.
Eu amo como a Mara Jade é basicamente a ligação mais forte desta nova história com a trilogia original. Mesmo ela não aparecendo nos filmes ela é aquela personagem que traz à tona, na história, o Imperador, o Império, a Estrela da Morte, a Batalha de Endor e todos os acontecimentos dos últimos anos. Eu gosto como essa batalha final é travada em um lugar que foi escolhido a dedo pelo Imperador, e isso deixa a história cada vez mais emocionante. Todos os segredos da montanha, da plataforma de clones, do botão de destruição, do trono e da câmara do imperador, tudo é muito bem pensado, pois foi o Palpatine responsável por todo aquele ambiente, e todo mundo sabe do que ele era capaz e do quão articuloso ele era.
A batalha final foi contra o C’baoth, que é claro nunca chegaria ao nível do imperador, mas gostei bastante da forma como ela se desenrolou. Minha parte preferida foi sem dúvidas o Luke lutando contra o Luuke. Por mais bizarro que tenha parecido no início eu achei genial a ideia de clonarem o Luke por meio do braço que ele perdeu em Bespin (agora como eles conseguiram recuperar o braço já é algo questionável). A luta dele contra ele mesmo foi incrível, pois tem esse dilema “como vou derrotar ele sendo que ele também sou eu?” “sendo que temos os mesmos pontos fracos e fortes?”. Então é um dilema bastante difícil, e a forma como foi resolvido foi extremamente perfeita.
A Mara Jade durante toda a trilogia sempre esteve muito ligada ao passado, ao imperador, e a sua vida antiga. Sua principal missão desde o começo, como designado pelo imperador, era matar o Luke Skywalker. E apesar de ela não gostar dessa ideia ela sabia que nunca iria conseguir viver em paz, sabia que nunca se livraria do Palpatine, caso não cumprisse essa demanda dele. E o clone do Luke foi a oportunidade perfeita para toda a situação, pois ela o matou e finalmente cumpriu sua missão. É claro que ela não matou o Luke original, mas a premissa era a mesma, com isso, com a morte do clone ela finalmente se desvinculou de seu passado sombrio e sangrento. Essa parte eu amei com todo meu coração, pois significou que a evolução da Mara Jade estava completa.
Gostei também que a batalha teve a ajuda necessária do Lando e do Chewie e também da Leia, do Han e do Karrde. O objetivo principal do C’baoth era ter o Luke, a Mara e a Leia (junto com os gêmeos) como seus aprendizes. Em uma espécie de frase clássica do Vader “together we can the rule the galaxy”. Mas como disse antes, neste livro o C’baoth pareceu extremamente patético para mim, esse era o seu objetivo principal, mas ele não sabia como alcançá-lo, pois eles não iriam se juntar a ele por vontade própria e aparentemente nem forçados, a ideia de clonar todos eles era interessante, mas não era a mesma coisa e nunca daria certo. O C’baoth passou a batalha toda com seu discurso barato e falho de vilão e não fez basicamente nada. O Luuke, o clone, foi uma maior ameaça do que ele. A única parte da batalha que dou bastante crédito a ele foi durante a destruição parcial da caverna, a “chuva” de rochas. Naquele momento eu fiquei tensa pelos personagens, pensei que eles não conseguiriam se livrar de todos os destroços. Mas fiquei feliz quando eles conseguiriam. E o golpe final da Mara contra o C’baoth, o clássico sabre de luz no meio do peito foi sensacional. Eu achei espetacular pois a Mara Jade matar ele representou também muito a sua quebra com o passado, com ditadores, com o Império e com o lado negro da história. A partir do momento que ela matou o Luuke e o C’baoth acredito que ela entendeu o seu propósito e o lado que ela deveria estar na história. Então para mim foi lindo e poético.
Eu, honestamente, não achei que o Thrawn ia morrer, então quando a morte dele veio, eu fiquei sem palavras e completamente embasbacada. E foi melhor ainda saber que veio do Rukh, o noghri segurança do Thrawn. E foi o final perfeito. O povo noghri foi escravizado e abusado pelo Império por mais de décadas, eles perderam seu povo e seu terra, e mesmo assim acreditavam que aquela opressão estava certa. Foi necessário a princesa Leia abrir os olhos dele para o quão errado era aquilo. E quando eles começaram a perceber isso eu sabia que ia ter uma espécie de revolução. E os noghri são, honestamente, um dos povos mais importantes desta trilogia. Sem eles para proteger a Leia e o Chewie, o Luke, o Han, auxiliar como protetores e segurança em várias missões e sem eles para ajudar na batalha final, na entrada da montanha, as coisas já teriam dado errado para os rebeldes a muito tempo. E pensando bem o Thrawn, e nenhum Imperial jamais desconfiou da lealdade dos noghri, eles eram bem convincentes quanto ao seu papel com o Império, então a morte do Thrawn pelo Rukh foi um belo fim.
O Rukh, e os noghri no geral, eram um povo na qual o Thrawn confiava. O Rukh ficava ao seu lado, o protegendo o tempo todo. Então apenas ele teria a liberdade de se esquivar para matar o grão-almirante, apenas ele conseguiria se aproximar até o Thrawn perceber tarde demais. Mesmo o Thrawn sendo um dos homens mais inteligentes da galáxia ele nunca conseguiria prever aquele movimento. A morte do Thrawn pelo Rukh representou a liberdade do seu povo contra a opressão duradora do Império. Representou a revolução de um povo extremamente subestimado e representou, principalmente, a vitória do bem contra o mal. A facada que ele levou pelas mãos de um noghri, e o sangue que escorreu pelo seu uniforme branco, foi para mim um simbolismo, um símbolo do sangue inocente que ele espalhou aos longos dos anos, sangue dos noghri. Novamente, poético.
Para mim essa batalha final, todo esse desenrolar dos últimos capítulos foi incrível, e não poderia ter se desenrolado de outra maneira. O último capítulo, da breve conversa da Mara Jade com o Luke, foi a confirmação de tudo que eu disse antes. De uma nova Mara Jade, de uma personagem que deixou seu passado sombrio para trás e que está disposta a deixar todas as coisas ruins no seu passado e entrar em um novo momento, com novas pessoas e novos ideias (inclusive shippo demais ela com o Luke, sei que eles se casam em alguma mídia, e estou ansiosa para descobrir mais a respeito disso). Eu amei muito a trilogia, os novos personagens apresentados, os heróis vivendo novas aventuras, a nostalgia proporcionada somente por Star Wars e tudo que veio junto. Esse livro foi o final perfeito para a trilogia e amei conhecer o universo que tanto amo sob o ponto de vista do Timothy Zhan e de seus personagens. Uma trilogia essencial para os fãs. Me agradou infinitamente.
“History is on the move, Captain. Those who cannot keep up will be left behind, to watch from a distance.”