Mulheres de cinzas

Mulheres de cinzas Mia Couto




Resenhas - Mulheres de Cinzas


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Christian.Pereira 24/03/2023

É o Mia Couto
O Mia Couto tem uma prosa poética muito linda. É o tipo de escrita e leitura que me inspira. O livro trata das diversas versões de uma história, ou da História (com H maiúsculo). É sobre a diferença de um fato e de como ele é visto e contado por sujeitos diferentes, pelos vencedores e pelos vencidos. É sobre a mulher, é sobre o homem. É sobre a agua e sobre a terra. E parafraseando Couto: é sobre como tratamos no singular coisas que deveriam ser tratadas no plural.
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DIRCE 06/02/2016

Ausências
Mulheres de Cinza, I volume da trilogia As Areias do Imperador, chegou às minhas mãos me acariciando. Um livro de Mia Couto presenteado por minha filha...Tudo de bom e mais um pouco. O encantamento, de forma alguma, para por aí: a textura da capa é deliciosa e a gravura muito sugestiva.
Proust que me desculpe, mas meu projeto de não ler livro algum antes de concluir a leitura da saga do Em busca do tempo perdido foi pelos ares.
Mia Couto confirma, mais uma vez , ser a voz da África. Nessa trilogia ele pretende contar outro lado da história do Imperador Gungunhane que liderou o Estado de Gaza, sul de Moçambique, no final do século XIX, portanto, trata-se um romance fictício com cunho histórico.
As narrativas deste I volume são feitas por meio das cartas do sargento Germano e pela narrativa da adolescente Imani, porém o Estado de Gaza e o imperador ficaram em segundo plano neste livro. Creio que a intenção do Mia, neste primeiro romance , foi mostrar os hábitos, crenças e mitos dos VaChopi , e , de como seres tão contratantes como Imani e o sargento Germano podem ter algo em comum: ambos tinham um sentimento de não pertinência naquele mundo. Imani por ter se “aportuguesado” e o sargento – um degredado – se vê diante de uma missão que lhe era totalmente alheia, ambos, Imani e o sargento, me passaram uma sensação melancólica , e, quem sabe tenha sido ela, a melancolia, a responsável pela atração mútua.
Esse romance é viagem ao passado e de como ele é construído pela visão de um escritor que sempre se utiliza da poesia, mas me pareceu que por algum motivo, não quis abusar desse recurso nesta sua narrativa, tampouco, do neologismo, entretanto, ele conseguiu com muito sucesso nos mostrar que o passado é, indubitavelmente, traçado por meio de sangue e lágrimas.
Antes de finalizar este meu comentário, preciso dizer que os livros do Mia Couto sempre me soam como um gemido doloroso, porém, neste em especial, o que fez doer em mim foi a lembrança do nosso grande amigo Arsenio que nos deixou tão precocemente. Mia Couto era um dos seus escritores preferidos, qual seria a sua opinião sobre este romance? Tive, graças a Nanci, um esclarecimento ao não meu entendimento de um fato constante no romance, mas, para a opinião do Arsenio, tudo o tenho é um enorme vazio.
Ouso dizer que este é um livro no qual as ausências se fizeram presente,entretanto, não poderia, de forma alguma, classificá-lo com menos de 5 estrelas.
Vanessa 06/02/2016minha estante
Ótimo texto!!! Parabéns!!! Fiquei bem interessada! =)


Nanci 06/02/2016minha estante
"o que fez doer em mim foi a lembrança do nosso grande amigo Arsenio que nos deixou tão precocemente." - também me entristece muito,mas a saudade é uma prova de amor.


DIRCE 07/02/2016minha estante
É, Nanci: a lista das pessoas que marcaram minha vida de forma positiva e que deixaram saudades está aumentando.Uns, esperados, mas outros...




Adele 25/01/2023

Um massacre gratificante...
Por vezes me pegava pensando no porquê de estar lendo esse livro. Um livro massante, e interessante ao mesmo tempo. Nos deparamos com a cultura de um povoado da África, minuciosamente demonstrado, o conflito entre eles e Portugal, a dinâmica dessa relação.
Um livro que nos dá a sensação de percepção daquela realidade. Um livro muito bom, que vale a pena.
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Babele 29/12/2015

Breve comentário
"(...) Vou lá dentro buscar a bíblia...
Correu transloucadamente para o quarto quase pisando a galinha, e ainda escutei o surdo ruído do seu corpo desabando no chão. O sargento tinha tropeçado numa cabra que vagueava dentro de casa (...) Foi então que percebeu que, da boca do caprino, emergia uma pasta esbranquiçada. Á força, Germano abriu as maxilas do ruminante para depois exibir, na concha das mãos, os restos amassados de um livro.
- É a bíblia - lamentou ele. - A puta da cabra comeu a bíblia (...)"
Sem palavras para descrever tamanha beleza, que Mia pintou este livro... Essa foi uma das poucas (ou talvez a única) parte que me fez rir, pois o restante ora me fizera transbordar em lágrimas, ora em surpresas e o tempo todo em infinito encanto. Quantas lições podem ser retiradas desse livro, precisei me conter para não marcar as páginas por inteira, com meu marca texto.. Espero que os próximos volumes não se demorem, não vejo a hora de devora-los!
"Acho que nunca mais me chegará o sono"
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Diego 16/02/2021

O livro, primeiro da trilogia As areias do Imperador, nos apresenta a dureza do período colonial através das cartas trocadas entre os portugueses e da visão mágica, triste e cheia de poesia de Imani.
Essa trilogia é de longe a minha obra favorita.
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Xavier 18/01/2021

É uma leitura lenta do incio ao fim, mas com capacidade para te prender.
O autor coloca a visão do colonizador e da colonizada.
Trata de uma forma sensível, leve de temas como racismo, suicídio, sexismo.
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Juno 29/09/2020

Ótimo livro, recomendo. Mia couto sempre escrevendo coisas maravilhosas.
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Marcos Pinto 03/03/2016

Maravilhoso!
Existem livros que marcam uma época, uma fase da sua vida. Há outros, porém, que você carrega para uma vida toda. Esses, geralmente, são feitos de algo mais profundo, mais denso, mais tocante. Algo que mexe contigo e te muda; arrebata-te. Esses livros são raros, é verdade. Porém, esse ano eu tive uma dessas imensas felicidades: encontrei o livro Mulheres de Cinzas. Esse, sem dúvidas, faz parte desse grupo tão especial.

Tudo começa quando os portugueses invadem Moçambique e começam a reclamar cada território como “Terras da Coroa”. Contudo, a dominação não seria fácil. Por lá já havia um imperador e ele era Ngungunyane, grande líder do chamado Estado de Gaza. A partir daí surge um confronto de interesses, um confronto por poder e terra que fará o solo verter sangue.

No meio dos territórios em disputa, há o vilarejo chamado Nkokolani. Neste local, morava Imani. Ela não era uma garota como as outras. Em primeiro lugar, era a filha do líder local. Segundo, fora educada por padres, tendo um português correto e uma escrita impecável. Por último, era uma mulher com alma diferente. Aos quinze anos, já era independente, forte, com uma personalidade marcante e com uma inteligência superior a de praticamente todos.

“Os imperadores têm fome de terra e os seus soldados são bocas devorando nações. Aquela bota quebrou o Sol em mil estilhaços. E o dia ficou escuro. Os restantes dias também. Os sete sóis morriam debaixo das botas dos militares. A nossa terra estava a ser abocanhada. Sem estrelas para alimentar os nossos sonhos, nós aprendíamos a ser pobres. E nos perdíamos da eternidade. Sabendo que a eternidade é apenas o outro nome da Vida” (p. 15).

Nesse mesmo vilarejo chega o Sargento Germano. Ele ganha a simpatia de muitos por, a princípio, não ter a atitude de outros portugueses. Primeiro, ele anda com suas próprias pernas – enquanto outros obrigavam que as pessoas do vilarejo os carregassem –; ele também parece se importar com o povo, trazendo promessas de melhoras e proteção. Porém, nem mesmo ele e nem as suas promessas eram bem o que pareciam.

Partindo dessa premissa, Mia Couto constrói um dos melhores romances que eu já tive o prazer de desbravar. Com um aprofundamento histórico maravilhoso e contextualização de dar inveja, o leitor viaja nas nuances da trama enquanto aprende uma história africana muitas vezes ignorada pela escola.

Outro ponto que merece ser ressaltado é o aprofundamento da cultura tida naquela região de Moçambique. Couto apresenta as crenças, os mitos e a poesia que envolvia o cotidiano local. É incrível conhecer novas culturas e novas formas de pensar através da obra. Aliás, em muitos momentos, ficamos nos questionando como uma cultura tão bela como aquela pode ser massacrada, até hoje, costumeiramente.

“Haverá, a propósito, saudade que não seja infinita?” (p. 18).

O autor também merece destaque pelo embuste engenhoso que cria. Com a aparência de um romance “romântico”, ele vai muito além. Ele não se prende e nem se foca tanto no possível casal, mas nas marcas que a guerra deixa na alma dos personagens, sejam eles portugueses ou africanos. O aprofundamento psicológico e das consequências são muito mais importantes do que o romance propriamente dito.

Ademais, para completar a obra magnífica, Mia Couto fecha a estrutura do enredo com personagens cativantes, bem trabalhados e reais. Apesar de parecerem imbatíveis no começo, no decorrer da obra conseguimos ver o que é realmente verdadeiro e o que é aparência. Eles se desconstroem e reconstroem, mostrando as múltiplas facetas humanas.

Completando a enorme qualidade da obra, a Companhia das Letras providenciou uma capa bela e que combina perfeitamente com o enredo. A diagramação, por sua vez, está bem confortável, o que proporciona uma excelente leitura. Por fim, também não tenho o que reclamar da revisão: já é o costumeiro alto padrão de qualidade da editora.

“É para isso que servem as fardas: para afastar o soldado da sua humanidade” (p. 20).

Diante de tantos aspectos positivos, qualquer indicação final seria inútil. Recomendar o livro é muito pouco. Digo apenas: se você quiser ser tocado, já sabe qual livro deve procurar.

site: http://www.desbravadordemundos.com.br/2016/03/resenha-mulheres-de-cinzas.html
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Rafael 07/06/2023

Lirismo africano
Foi meu primeiro contato com Mia Couto e, logo no início da leitura, me perguntei por qual razão demorei tanto tempo para conhecer esse fantástico escritor africano. A prosa poética de Mia Couto é, simplesmente, desbundante. Fui arrebatado pelo lirismo simples, mas intenso, que domina cada frase da narrativa por ele proposta. Friso que o autor se expressa dessa forma mágica sem ser pedante. Me rendi, portanto, à escrita inspiradora de Mia Couto. Para além disso, e considerando propriamente o enredo da obra, fui, mais uma vez, maravilhado com a bela estória do povo africano e as mazelas decorrentes do colonialismo "moderno" feito por portugueses e ingleses. Mia Couto nos revela, em mínimos detalhes, o choque de culturas e os diversos matizes da forçada submissão do povo negro aos "modos" do colonizador. Imani, personagem principal do livro, é, sem dúvida, uma adolescente/mulher que nos cativa por sua sabedoria e perspicácia. Estou absolutamente encantado com a obra e, particularmente, feliz por poder, de certa forma, me conectar com a ancestralidade negra que pulsa em cada página.
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Desireé (@UpLiterario) 21/07/2018

Poesia e beleza em meio ao caos e a destruição. (@UpLiterario)
Imani é uma jovem de 15 anos diferente de todas as demais de sua tribo. Primeiro, porque ela é a única que ainda não possui um filho, segundo porque a criação em meio aos portugueses lhe permitiu ter conhecimentos que nenhuma delas jamais sonhou em possuir. Sabendo ler e escrever em português, Imana e sua família buscam manter a aldeia a salvo do terrível destino que assola toda Moçambique. Mas ninguém será capaz de fugir do seu próprio destino.
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Mia Couto traz uma obra belíssima e um começo de trilogia sem igual. Intercalando a voz de Imani com as cartas do sargento português Germano de Melo, temos uma mistura de poesia e aspereza, beleza e brutalidade, sonhos e angústias, todos os bons elementos para uma narrativa impressionante. Entre presente e passado, conhecemos a saga da família de Imani e os motivos que levaram o sargento à África, enquanto os mistérios e a beleza da cultura e da religião local levam o leitor a se imaginar ali, em meio aos terrenos áridos e tortuosos de Moçambique.
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"Alguns de nós, humanos, temos esse mesmo destino: falecidos por dentro, e apenas mantidos pela parecença com os vivos que já fomos."
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É quase mágico vivenciar esses dois olhares e perceber como uma mesma ocasião pode ser vista e interpretada de jeitos tão distintos. Mais impressionante ainda é que mesmo sob o toque forte e intenso da cultura africana e o véu brilhante e cegante da adolescência, Imani pode ter uma percepção muito mais cética e lúcida sobre os acontecimentos presentes, do que qualquer português ou adulto por ali.
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"O pior do passado é o que ainda está por vir."
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Leitura mais do que recomendada, é obrigatória! Melhor livro do ano e uma das melhores leituras da vida.
Mas a melhor parte é que Mulheres de Cinzas é apenas começo de uma grande história.

site: www.instagram.com/upliterario
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Squad Literário 14/04/2018

Não tem como melhorar!
"À minha frente alinhavam-se os condenados: todos adolescentes, crianças. Nenhum deles tinha sido julgado, ninguém os escutara em português ou língua nativa. Os que iam morrer não tinham voz."
Não é a primeira vez que trago um livro do Mia Couto - e também está longe de ser a última. Mulheres de Cinza, publicado em 2015 pela @companhiadasletras, é o primeiro livro na trilogia As Areias do Imperador, um romance histórico que narra a época em que o sul de Moçambique era governado por Ngungunyane, o último líder do Estado de Gaza - segundo maior império no continente comandado por um africano.
No entanto, Embora o contexto de Mulheres de Cinza seja o da guerra que assola Moçambique no final do século XIX, um dos temas mais recorrentes na obra é a questão de como as mulheres resistem à uma batalha não apenas com armas e soldados, mas como também sobrevivem a guerra que é ser mulher em um mundo cercado por tradições patriarcais. Para as mulheres ? não apenas da obra, mas, também, de todo o contexto que esta se insere ?, na guerra, ?[passam] a ser violadas por quem não [conhecem]?. É com essa sensibilidade que a personagem Imani, uma garota africana de 15 anos, narra a história com toda sua ingenuidade e inteligência. Intercalado à narrativa dela, somos apresentados também ao ponto de vista do sargento português Germano através de cartas que ele envia a seu conselheiro, enviado a aldeia da moça para protegê-los do avançar do imperador.
O interessante aqui é diferença desses dois mundos que se encontram, envolvem-se, descobrem-se, apaixonam-se e enfrentam inimigos em comum: a guerra e as tradições. Mas é Imani quem mais encanta na narrativa: diz-se vazia, seca como uma casca de árvore, almejando o desejo de tornar-se mulher; contudo, mal sabe ela que já o é por resistir, por enfrentar e nunca se submeter a um mundo que a ameaça, mas nunca a vence.
Embalada por uma prosa poética, sensível, Mulheres de Cinza intercala a história e o romance, os horrores e os amores (que restam) no colonialismo de Moçambique.

Ranger Preta ?
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Naty 01/11/2021

Me fez pensar bastante sobre a colonização, principalmente aquela parte que não paramos muito para perceber, como os locais viram tudo aquilo? Aquela crise de identidade de ser um ou o outro, o julgamento dos outros se vc decide se conformar aquela situação e inclusive as mentiras dos colonizadores que, falaram se importar, mas não mexeram um músculo para defender eles. No final, todos temos um pouco de morcego, estamos entre dois mundos, sem saber, ao certo, quem somos.
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Rusinha 08/03/2023

O livro é cansativo. Dividido em duas vozes, a de um português e a de uma nativa africana, fala sobre a dominação portuguesa na África. A voz da Africana é bem interessante e fluída, mas a do português? aja paciência.
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Literatania 17/10/2021

Mulheres de Cinzas. 1° das Areias do Imperador.
Sempre em suas entrevistas, Mia Couto diz que o ato de escrever é um processo de revisitação do passado. Foi assim com Camões, Saramago, Euclides da Cunha e outros grandes escritores da literatura em língua portuguesa.
Neste incrível romance, ?Mulheres de Cinzas?, primeiro livro da triologia ?As areias do Imperador? temos um retrato do infeliz período histórico da colonização de Moçambique (século XIX), os conflitos entre os portugueses colonizadores, e as etnias contra o império africano de Gungunhane.
É através da voz e do olhar da africana Imani, a narradora, cuja identidade é constantemente questionada por ter sido educada por uma missão portuguesa, que veremos uma África, que embora tente resistir, cederá lugar a uma nova identidade africana, caracterizada pela mistura de crenças, culturas, e a desmistificação dos valores tradicionais africanos . Ela sintetiza a cultura africana, os conflitos étnicos e religiosos. Imani é a metáfora da África ingênua e ao mesmo tempo guerreira, mas que se deixa seduzir pelos olhos azuis do europeu Germano, personagem este, que divide a narrativa com Imani.
A voz narrativa de Germano é o olhar do exilado em terras africanas que oscila entre o amor que sente por Imani e o preconceito, e incredulidade devido às diferenças culturais entre eles. Por meio de imagens grandiosas, o romance antecipa o declínio do império português e a vitória do africano sobre sua terra, e a permanência de sua identidade híbrida. A fabulação em linguagem poética do romance não se prende a História em si, mas deixa aberto as várias possibilidades de leitura sobre a impermanência identitária tanto dos africanos como dos portugueses em Moçambique. É simplesmente belíssimo! Vamos ao romance 2.
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Juh 02/02/2022

Perfeito
A trilogia mais poética que já li! Livros extremamente líricos e de uma beleza e sensibilidade inexplicáveis. Verter cada gole da prosa de Mia Couto, a partir da narrativa de Imani e de Germano, é uma experiência transformadora. Vale a pena cada página!

" - Os livros nunca estão escritos. Quando os lemos, escrevemo-los.
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Aquele livro podia não ser sagrado. Mas fazia as pessoas sagradas." (Sombras da água).
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