Andréa Bistafa 26/04/2016http://www.fundofalso.comEssa resenha NÃO POSSUE SPOILER do livro anterior.
Os livros podem ser lidos fora de ordem, mas não recomendo, já que uma parte muito gostosa da trama se faz emaranhando acontecimentos do primeiro livro.
Como o que importa sobre a trama está logo ai em cima, na sinopse, irei direto ao que importa para nós, a crítica!
Existem, em geral, dois tipos de livros de época; aqueles mais machistas, em que o convencional (para a época) acontece e você sabe mais ou menos o que esperar, e os de época onde a protagonista tem tendências feministas e pensamentos a frente de sua época. Que também conseguimos imaginar o que nos espera, como uma receitinha de bolo.
Esse livro é o segundo caso, o que me agrada mais particularmente, gosto de mocinhas fortes e destemidas, e essa é pura doideira! Rs
Lydia, segue a linha de personagens da autora, foge um pouquinho do convencional na aparência física. Ela é mais alta que o padrão das mulheres da época e isso, soa em determinados momentos, como algo "diferente", passando uma impressão desajeitada para a protagonista. Como todo bom personagem precisa ser, Lydia tem aquele trauminha de infância, o que a tornou a jornalista determinada que é hoje, livre de preconceitos. Ela não vem de uma família de nome (depois descobriremos mais sobre isso) mas até então, ela não tem nada à oferecer e não esta disposta para o casamento!
"No mundo real, adulto, era mais fácil encontrar unicórnios do que príncipes encantados."
Mallory segue a linha também, é um canalha convicto. Não podia deixar de ser, afinal é o título da série não é mesmo? Rs. Mallory herdou, com sofrimento, o ducado de Ainswood. A reputação de sua linhagem, também herdara com louvor, e agora era o último de uma família de canalhas! Não estava mesmo querendo uma esposa, até o título lhe cair no colo e as pessoas ficarem cobrando pelo casamento...
"- Deus me livre das metidas a intelectuais. Sabe qual é o problema delas, Jaynes? Como não trepam com regularidade, algumas mulheres assumem as fantasias mais estranhas, como a de imaginar que conseguem pensar." (Duque de Ainswood)
Existe uma coisa que eu não gosto nos livros da Loretta, deve ser a única que realmente me incomoda, a mania de colocar três nomes para cada personagem e alterná-los com muita frequência no mesmo parágrafo. Até eu pegar o ritmo do livro, digamos, umas 50 páginas, fico completamente perdida com quem é quem. Lydia é também Grenville e Ballister, já Mallory é também Ainswood e Vere. Compreendo que isso deixa o texto mais bonito, mais formal, nomenclaturas, mas eu me perco, infelizmente meu cérebro demora para associar os nomes...
A narrativa possui uma pequena formalidade, se enquadrando bem na época, deixando o livro com aspecto contemporâneo sem tirar dele a impressão de algo vivido a mais de um século.
O que você precisa anotar ai: Lydia dirige um cabriolé! (veja foto no blog) Ela é totalmente doidinha, essa é a melhor característica dela, entrar pelas janelas, sair vestida de cigana, de homem, não é nada perto dela dirigindo esse Cabriolé! E é ele que irá causar a melhor aposta do livro entre os protagonistas. Quem é melhor motorista, me diz ai, homem ou mulher? Rs
Claro que toda boa tensão e competição entre sexos opostos, cria uma deliciosa tensão sexual também, e será que esse canalha vai resistir?
"As virgens significavam encrenca demais; ela se considerava páreo para qualquer homem e era arrogante, cabeça-dura e intelectual, a espécie de fêmea mais desprezível etc. etc.
Ele não era santo. Nunca havia aprendido a resistir à tentação. Agora tinha os braços tomados por ela e não conseguia nem raciocinar nem sentir vontade de soltá-la."
Sim, tem aquelas cenas hots que amamos! Aquelas que são poucas, e deliciosas. Marcantes como a autora fez no livro anterior. Aquele gostinho de complemento, não podia faltar para sentir a profundidade entre os personagens. A mocinha é virgem, como de se esperar, e quando ela perde sua virgindade é bem real! Sabe aquela coisa de será que está certo? Ahh você sabe se já passou por isso! Rs. Ninguém nasce sabendo, apenas imaginando! Mas tem hot que a virgem é expert... Então, ponto para a autora!
Gosto da autora. Por quê? Faz críticas ótimas a sociedade, das quais podemos aplicar nos dias de hoje. Usa cenas eróticas com maestria. Conduz o casal ate o ápice da paixão, sem forçar a barra, criando tensão e tesão entre eles. Trás o final que esperamos para a metade do livro, nos presenteando com algo mais até o final, envolvendo uma vilã (burrinha), irmãs desaparecidas, atos heroicos e muitas risadas! Tudo isso em menos de 300 inacreditáveis páginas. Quem disse que livro curto é raso?
Lembra que falei no começo para você ler na ordem os livros, pois se você já leu O Príncipe dos Canalhas, você com certeza já se apaixonou pelo Lord Belzebu (Dain). E ele está aqui e com tudo! Recorde ai: aquele amigo sem noção que confundi a noiva (Jess) do Dain com uma prostituta e leva a maior surra no hotel, ele é o Mallory!! Mas que coisa rapaz!!
Dain e a esposa fazem uma aparição pra lá de especial, matando a saudades e mostrando uma amizade muito realista entre os rapazes. Mostrando também que, depois do 'felizes para sempre', tem vida sim! Existe uma independência e uma cumplicidade que completa o casamento. E sabe o melhor de tudo? Dain continua rude, não foi porque se apaixonou e casou que mudou de personalidade e virou um patife! Ele continua sendo ele e Jess continua sendo ela! Não acima do marido, mas lado a lado com ele. A ligação entre os dois é inteligente! Mais que isso, a ligação entre eles e o casal protagonista é inteligente e... Surpresa!
"As mulheres estão sempre pensando, e se você não quiser ser manipulado o tempo todo, recomendo que exercite seu cérebro obtuso e lento para compreender o da sua esposa."
Na parte física, fiquei satisfeita como sempre. A diagramação segue o padrão da editora, simples e agradável aos olhos. A capa por outro lado, fugiu do padrão da anterior, mas eu gostei, apesar do modelo não ser exatamente como o protagonista.
É aquela receitinha de bolo, que da certo e fica saboroso! Se você gosta, se joga!
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http://www.fundofalso.com/2016/03/resenha-o-ultimo-dos-canalhas-loretta.html