Anderson 21/01/2016O que fazer quando você se apaixona pelo seu melhor amigo? E como contar pra ele que você é gay e além disso confessar o que sente por ele? É com essa idéia que Will Walton trabalha em seu livro de estréia, Tudo Pode Acontecer. E nesse sentindo, preciso confessar que foi surpreendente descobrir que esse é o primeiro livro de Walton. A forma como ele constrói e desenrola a história o faz parecer tão experiente no que faz, tão verdadeiro. Os sentimentos de seus personagens são trazidos das páginas para a nossa realidade, tornando tudo mais intenso.
Walton nos apresenta Tretch, um rapaz que ainda está se descobrindo e se aceitando como gay e que se pega apaixonado pelo seu melhor amigo hetero Matt. Com o decorrer da história Tretch nos ensina uma lição que sabemos muito bem, porém, quando estamos apaixonados não lembramos disso. Essa lição, é o velho clichê: o amor é além de tudo, um ato altruísta. Você tem que ser capaz ver a felicidade da outra pessoa independente de essa felicidade te envolver ou não.
"Uma estreia admirável sobre a trajetória totalmente imprevisível e irremediável de estar apaixonado e reconhecer o seu lugar no mundo." Eu não poderia concordar mais com o que David Levithan (autor prestigiado publicado no Brasil pela Editora Galera Record, e famoso pela suas obras que tratam de relacionamento homo afetivos) diz na contracapa. Foi a mesma sensação que tive lendo essa história, tratando de um menino que está experienciando o primeiro amor enquanto está criando coragem para contar à família sobre sua sexualidade.
A escolha de Walton para o título também não poderia ser mais perfeita. Ele descreve muito bem a vida de Tretch, como também direciona o leitor a ligação presente com a uma música e que marca um dos grandes acontecimentos da vida do personagem, sendo está canção, Anything Could Happen da Ellie Goulding (recomendo que ouça enquanto lê, fiz isso é foi uma ótima experiência).
Falando dos aspectos físicos do livro, ele possui uma capa branca com metade do rosto do Tretch com fones de ouvido e com a primeira citação desse post fazendo referência ao título do livro. A contracapa é azul com alguns pequenos detalhes e as capas internas são laranjas com essas mesmos detalhes, sendo considerada, por um, um acabamento mais que diferencial e atrativo. O livro tem uma estrutura bonita, mensagens cativantes e tonalidade leves, assim como sua leitura, tocante e ao mesmo tempo, capaz de causar uma inquietação boa, suave. A obra que se mostra despretensiosa tem uma pega interessante, trazendo uma temática de descobrindo de si mesmo, viciando e apaixonante quem se aventurar por usas páginas. E assim como nas obras de Levithan, me vi apaixonado pela escrita de Walton, singela e sincera.