Gustavo.Querino 14/04/2022
O homem que seguia seu daímôn
A apologia de Sócrates é, em última instância, um relato das consequências últimas de Sócrates viver sua vida seguindo, lealmente, sua consciência.
Esclarecendo melhor os acontecimentos narrados no livro por Platão, discípulo de Sócrates, temos diante de nós o grande filósofo sentado no banco dos réus. Sócrates era acusado de recusar o culto devido aos deus do Estado, introduzindo entidades demoníacas (que nada tem a ver com os demônios da modernidade), com isso pervertendo a mocidade e levando-a a cometer os mesmos crimes de ateísmo contra os deuses oficiais, pois só assim ficaria o crime sob a jurisdição do rei, a quem competia a defesa da religião.
Não cabe a mim colocar todos os argumentos de Sócrates para sua defesa, basta ressaltar que ele não era somente um bom expositor, dom que também era compartilhado pelos sofistas, mas ele realmente cria em suas próprias palavras (ao menos afirmava isso), o colocando como alguém que colocou as verdades contidas em suas palavras e a justiça acima de sua própria vida.
"...mas obedecerei aos deuses em vez de obedecer a vós, e enquanto eu respirar e estiver na posse de minhas faculdades, não deixarei de filosofar e de vos exortar ou de instruir cada um."
"Ouço uma voz, e toda vez que isso acontece ela me desvia do que estou a pique de fazer, mas nunca me leva à ação...quem combate verdadeiramente pelo que é justo, se quer ser salvo por algum tempo, deve viver a vida privada, nunca meter-se nos negócios públicos...não há ninguém a quem eu tenha feito concessões com desprezo da justiça e por medo da morte, e que, ao mesmo tempo, por essa recusa de toda concessão, deverei morrer."
O homem ouviu e seguiu sua consciência.