Carol 10/03/2022
Apologia de Sócrates e Críton
São 4 os diálogos de Platão que abordam o julgamento de Sócrates: Eutífron, Apologia de Sócrates, Críton e Fédon. Sendo cada diálogo responsável por abordar uma etapa do processo.
Em apologia de Sócrates, ocorre a Defesa de Sócrates perante o Júri ateniense. Nesse texto ele se defende das duas acusações dirigidas a ele: impiedade e corrupção da juventude. Para se defender da impiedade, Sócrates argumenta que nunca foi um filósofo das coisas naturais, tendo sim interesse pelas coisas humanas: "não obtive esse nome - sábio - por nenhuma outra razão a não ser por causa de uma certa sabedoria. Que tipo de sabedoria é essa? A sabedoria que é humana, talvez. Na realidade, nessa corro o risco de ser sábio". Da outra acusação, ele argumenta que nunca cobrou para ensinar nada (se separando aqui dos sofistas) e todos os que o seguiram fizeram-no por vontade própria "os jovens que seguem comigo gostam de ouvir os homens sendo "inspecionados", e eles mesmos muitas vezes me imitam, ou seja, tentam "inspecionar" outros...".
Em sua defesa, Sócrates também narra sua jornada de inspeção se era de fato o "mais sábio dos atenienses" como foi afirmado pela Pítia de Delfos, comparando sua jornada algumas vezes aos trabalhos de Héracles. Nessa busca, dialogou com homens que eram referências em seus ofícios com a intenção de provar que eles eram mais sábios do que ele e chegando a seguinte conclusão: "Sou sim mais sábio que esse homem; pois corremos o risco de não saber, nenhum dos dois, nada de belo nem de bom, mas enquanto ele pensa saber algo, não sabendo, eu, assim como não sei mesmo, também não penso saber... É provável, portanto, que eu seja mais sábio que ele numa pequena coisa, precisamente nesta: porque aquilo que não sei, também não penso saber."
Sócrates em nenhum momento abaixa a cabeça e conduz sua apologia de maneira altiva, afirmando algumas vezes: "não poderei agir de outro modo nem mesmo se estiver prester a morrer incontáveis vezes", ?a vida sem inspeção não vale a pena ser vivida pelo homem?, inclusive afirmando não temer a morte e atribuindo seu ofício ao divino: "Por isso, então, ainda agora circulando, investigo e interrogo em conformidade com o Deus - se penso que alguém, seja dos cidadãos, seja dos estrangeiros, é sábio. E sempre que me parece que não, prestando um auxílio ao deus, mostro-lhe que não é sábio".
Ao fim, Sócrates foi condenado a morte e começa o Diálogo com Críton, amigo de Sócrates que vai a prisão para auxiliá-lo em sua fuga. Esse diálogo aborda os temas: leis injustas devem ser seguidas? Devo seguir a lei quando não concordo com ela? Vale a pena viver a vida sendo um exilado? Aqui Sócrates se mostra veemente e irredutível em suas ideias, afirmando categoricamente que não se deve fazer o mal de volta e que, após usufruir durante toda a vida das Leis, não tem o direito de recusar-se a cumpri-las.
?Você é tão sábio que esqueceu que do que a mãe, do que o pai e todos os demais antepassados, a pátria é mais mais valiosa, e mais venerável, e mais sagrada, e mais respeitada junto a deuses e homens que têm bom-senso.?
Ambos os diálogos são essenciais para entender mais sobre o modo de vida, de pensar e de agir de Sócrates. Além de uma reflexão interessante sobre temas como justiça ou da importância das leis.