spoiler visualizarThais.Sorrilha 14/09/2023
Uma história de amor que rompe religiões
Quero começar a resenha confessando que sou batizada na igreja católica (quando era um bebê), cresci em família cristã, com duas avós extremamente religiosas. Estudei a minha infância e adolescência inteira em uma escola adventista, da qual eu era obrigada a seguir os dogmas da igreja adventista mesmo pertencendo a outra religião. E também já tive contato com outras religiões, tais como espírita e umbanda. Sempre gostei de conhecer religiões, mas nunca senti apego a nenhuma, e nunca me senti acolhida em nenhuma. Agora que disse isso, começo a minha resenha.
Casualmente vi vídeos sobre o filme Amor de Redenção e fui assistir, fiquei encantada do começo ao fim, e ao descobrir que era baseado em um livro, busquei imediatamente o livro para ler. Foram dois meses de leitura, chorei em diversas partes, me emocionei, senti tristeza, arrepio, e me identifiquei em diversas situações. Também senti raiva, incredulidade, achei muito forçado e quase fantasioso a Miriam e Michael, como os dois conseguiam amar e perdoar incondicionalmente. Não culpei Angel em momento algum, como poderia? Mas eu estava lendo seus sentimentos, Michael e Miriam não. Como podiam não julgar?
A história já começa impactante, uma Sarah criança sofrendo a rejeição do pai, sentindo que é a culpada do sofrimento da mãe, e a empregada colocando em sua cabeça que Deus é sofrimento, que ele apenas dá para em seguida tirar. E todos os abusos que ela sofreu desde tão nova, como pode conseguir seguir em frente? Não saberia lidar com tamanha dor, eu preferiria a morte. Mas Angel foi forte, engoliu seus sentimentos, sua voz, suas vontades, seu coração, sua fé, guardou tudo dentro de si tão bem, que não lembrava mais como era sentir ao conhecer Michael.
Michael, o que dizer esse homem? Durante a história, ele é colocado como um santo, quase um deus. O deus de Angel. Eu o admiro, mas não consigo imaginar ele na vida real. Talvez me identifique com Angel, de ter pouca fé nas pessoas. Mas, diferente de Angel, não duvido de Deus, não duvido de Sua capacidade e de Seu amor. Duvido das pessoas, principalmente as que usam Seu nome para fazer coisas ruins. Por toda a história, me apeguei a Angel, a sua história, seu sofrimento, sua luta. Chorei quando sentiu vergonha de seu passado, quando desejou ser completa para Michael, quando se sentiu suja após voltar para prostituição e Michael tê-la resgatado. Chorei quando contou que deitou-se com o próprio pai, consciente. Por vingança, queria lhe causar a mesma dor que ele causou em sua mãe, e não consigo julgar ela de forma alguma.
Em partes da história, senti ciúmes da relação de Michael e Miriam, assim como Angel. Apesar de já saber o desfecho da história, não tinha como não pensar algo além de uma amizade e relação fraternal. Amei e odiei Miriam, amei mais do que odiei.
Paul.... Paul, eu o odiei tanto. A traição que cometeu, não tinha como não odiar. E demorei mais tempo que o Michael e a Angel para perdoá-lo.
Amei esse livro, mesmo não entendendo boa parte das referências bíblicas, precisando recorrer a minha amiga com conhecimentos e que me deu resumos sobre. Me deu uma nova visão das pessoas, que elas são bem mais daquilo que elas mostram (tanto positivamente, quanto negativamente...como é o caso do Duck, que era muito pior do que mostrava para a sociedade).
Gostaria que no epílogo tivesse falado um pouco mais sobre o dono do restaurante, sobre o amigo do Michael que tinha um mercado na cidade, sobre as prostitutas que trabalhavam para a duquesa, e as que trabalhavam para o Duck, o que aconteceram com elas. Fora isso, gostei de tudo.
Ah! Antes que me esqueça. O livro e o filme são um grande complemento um do outro. Acredito que seja uma das adaptações mais fiéis ao livro que eu já tenha presenciado (juntamente com Jogos Vorazes). As mudanças são bem sutis, e não tem tanto impacto assim no contexto. E é extremamente fiel a ordem de acontecimentos, e a todos os acontecimentos. O filme não deixa nada de lado. E conforme ia lendo, vinha imagens do filme em minha cabeça. Gostei muito, super recomendo para todas as pessoas, independente da religião.