Cesar 27/06/2023
Ozob - Protocolo Molotov
O Protocolo Molotov é ambientando no universo Cyberpunk ultra capitalista, trazendo múltiplas referências aos anos 80, à TV aberta e ao mundo nerd. No prefácio, fica evidente que este não é um livro para pessoas sensíveis, já que é amargo na maior parte do tempo, com seu protagonista, Ozob, sendo tão violento que em certos momentos precisamos interromper a leitura para digerir as cenas grotescas e detalhadas de pancadaria, mutilação, tortura, escravidão, abuso mental e uso de drogas. Além disso, proporciona uma bela crítica à sociedade contemporânea e uma reflexão sobre o sentido da vida, tornando-o recomendável para públicos maiores de 18 anos, devido aos seus arcos interessantíssimos que misturam diversas emoções como nojo, repulsa, medo, tristeza e alegria.
Dessa forma, os autores exploram um universo dominado por corporações, abordando um tema clichê para o gênero, porém de maneira criativa e imersiva, onde o enredo apresenta uma forte crítica social, revelando como as empresas exercem controle sobre as pessoas por meio de técnicas neuropsicobiológicas, aliadas a aspectos cybertecnológicos que geram anúncios em massa, manipulando sensações cerebrais, estimulando vícios em redes sociais e proporcionando prazer instantâneo, além do controle tradicional por meio do dinheiro.
Nesse mundo distópico, essas megaempresas possuem a capacidade de criar seres humanos aprimorados, chamados de pós-humanos, cuja validade é limitada a quatro anos e um deles é nosso protagonista, Ozob, que foi modelado à semelhança de um palhaço, especializado em mineração e explosivos. Por ser um pós-humanos, ele enfrenta intenso preconceito, sendo rejeitado em todos os lugares e inclusive proibido na Terra e, por isso, para não ser escravo é forçado a viver no submundo, lutando constantemente pela sobrevivência.
Dito isso, por se tratar de uma história de origem, acompanhamos Ozob desde a sua criação por Hans Groop, a formação de seu caráter e o desenvolvimento de suas cicatrizes físicas e emocionais, bem como seu profundo desejo de viver. Nesse sentido, os dois primeiros anos de sua vida, é narrada através de flashbacks, que, embora bem posicionados, por vezes se estendem desnecessariamente e apresentam uma repetitiva violência exagerada. No entanto, os aspectos temporais curtos e frenéticos resultam em uma excelente imersão, em que o foco está no protagonista, na violência e nas diversas referências ao universo nerd.
Nesse contexto, o enredo geral da história é bem equilibrado, porém sua reflexão filosófica poderosa sobre o sentido da vida, subversão e rebeldia seja atenuada por um final desinteressante em comparação com o restante do livro. Por outro lado, a obra estabelece com maestria o universo Cyberpunk, em que as reflexões sociais e econômicas são o ponto alto, tornando-se um ótimo ponto de partida para aqueles que desejam se aventurar em distopias e ficção científica, deixando-os desnorteados com os diversos acontecimentos frenéticos. Trata-se de uma literatura de fantasia nacional de qualidade, algo que enche de orgulho!
Essa resenha foi patrocinada por NUX COLA lugar de gente inteligente e feliz.
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