Fernanda631 29/08/2023
A Sereia
A Sereia foi escrito por Kiera Cass e publicado em 2009.
A Sereia foi o primeiro livro escrito por Kiera Cass.
Kahlen se tornou sereia aos dezenove anos, durante uma viagem marítima com sua família. Certa noite, uma melodia atraiu todos os passageiros para o convés. De tão encantadora, ela desorientou todos a bordo. A chuva torrencial foi se mostrando desimportante na medida em que a vontade de estar envolta pela água aumentava. A necessidade de tê-la preenchendo cada espaço do seu corpo era tão grande que todos pularam nas águas.
É o impacto de seu rosto contra a água que desperta Kahlen do transe. Em um ano desesperado, ela promete fazer qualquer coisa para sobreviver e é prontamente atendida pela própria Água. Em troca da vida, Kahlen precisa doar seus próximos 100 anos para a Água. Durante esse tempo, ela não sofrerá com nenhuma doença ou machucado. Seu corpo será preservado até que seu tempo de servidão acabe. Sua voz se torna letal aos humanos, mas sempre que a Água chamar, ela precisa cantar para hipnotizá-los até que tenham o mesmo fim que sua família.
As oito décadas que se passaram desde aquela noite não foram fáceis para a garota. Kahlen sofre demais com sua missão, tanto que criou diários para não esquecer de nenhuma das vidas que tirou. Só que promessa é promessa e como nada poderia mudar sua situação, ela faz o seu melhor, se tornando a sereia favorita da Água e também é a mais obediente.
Porém, a culpa e a tristeza a consomem tanto que a garota encontra refúgio no campus de uma universidade. Como a sua voz é fatal, ela não pode se comunicar com os humanos, mas pode observá-los de longe, enquanto finge que faz parte de tudo aquilo, mesmo sabendo que enquanto ainda estiver na condição de sereia, ela nunca será uma humana.
Enquanto suas irmãs tiram proveito da juventude e do dinheiro oferecido pela Água, Kahlen prefere ficar reclusa, na companhia de um bom livro. Além disso, interagir com os humanos sem poder emitir um ruído sequer não é algo que a deixe confortável. Isso até conhecer Akinli. Ela conhece Akinli no campus da universidade, e o que a deixa impressionada é a facilidade de comunicação que ele possui, mesmo que Kahlen não possa falar.
Ao contrário das outras pessoas, o jovem parece realmente interessado em conhece-la, e isso a deixa impressionada. O rapaz não se incomoda com sua falta de palavras e aos poucos começa a despertar nela sentimentos adormecidos.
A Água não transforma mães ou esposas em sereia pois seria fácil para elas lhe desobedecerem. É por esse mesmo motivo que Ela não aceita que suas garotas se apaixonem. Para Kahlen, isso nunca foi um problema, mas agora talvez seja. Ou será, assim que ela para de fingir para si que seus sentimentos por Akinli são maiores do que uma simples amizade.
Os acontecimentos são lineares, monótonos e um tanto previsíveis. O que manteve minha curiosidade aguçada foi a mitologia criada, que é um tanto cruel, mas bem interessante. Conheci histórias com diversos tipos de sereias, só que nenhuma delas agia em função de uma terceira pessoa. Aqui a Água é uma entidade e ela não se alimenta de vidas humanas simplesmente porque é legal. É como se fosse um ecossistema, mas ainda sim é estranho pensar nisso.
Muito do marasmo da história é por conta da narradora, que é extremamente passiva e submissa. Ela tem medo até dos seus pensamentos! Akinli é quem a faz sair da inércia em que estava vivendo. Sempre bem humorado, ele demonstra sua lealdade nos momentos certos e talvez por isso consiga ser o empurrão que Kahlen precisava para sair da inércia em que estava vivendo. Ela começa vagarosamente, com uma rebeldia aqui, um questionamento lá, mas é melhor do que nada né?
Kiera Cass tem uma escrita muito boa, e isso te deixa à vontade com a leitura. Porém, como a personagem principal se lamenta muito, em alguns momentos a escrita fica lenta monótona.
Por causa da culpa, a protagonista passa a maior parte do livro se punindo pelas coisas que precisa fazer pela Água, e isso acaba deixando a leitura um pouco cansativa. A boa e fluída escrita da Kiera compensa, porém, dá a impressão de que ficar repetitiva.