Outros cantos

Outros cantos Maria Valéria Rezende




Resenhas - Outros Cantos


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paulia_barreto 29/03/2018

Duas viagens de ônibus
Vai ser difícil encontrar outro livro que me prenda da mesma forma que este; normalmente tenho que me esforçar um pouco mais para me concentrar na leitura quando estou em algum lugar barulhento, mas com este livro foi diferente.
É engraçado pensar como a 'personagem' viaja em suas lembranças em um estado de quase inconsciência de sono, enquanto está viajando de volta para o lugar em que grande parte delas teve seu berço. Minhas leituras mais longas desse livro se deram enquanto estava no ônibus voltando pra casa e pude realmente experimentar o que se descreve neste texto tão maravilhoso e poético; foi como se eu compartilhasse a história e os sentimentos com ela...
Simplesmente amei a leitura e aprendi com ela um pouco mais sobre o amor à profissão no magistério, ainda que seja exercido no lugar mais impossível...
Viajei junto com Maria em suas relembranças e, ao terminar de ler o livro, não consegui fechá-lo... Li as duas últimas frases mais ou menos umas 15 vezes e fiquei segurando-o na minha frente depois, quase não acreditando no amor que senti por tudo neste livro e pelo impacto que o final me causou, mas que não me fez deixar de me admirar imensamente com tudo que foi narrado nele.
Simplesmente amei o livro!!!!!
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Betinha 10/01/2018

Grande sertão
Hoje vou escrever um pouco sobre o belíssimo livro “Outros cantos”, da autora Maria Valéria Rezende e não posso começar sem falar um pouco sobre sua trajetória. Assim como a personagem principal desse livro, Maria Valéria é professora e teve experiência com a educação no meio rural nordestino. Isso é muito forte para um livro em que a personagem principal descobre o sertão, a pobreza e a beleza da vida sertaneja. O mergulho de Maria, a protagonista, nesse meio parece também uma viagem pelas memórias da autora.

Vamos para a história?

Quando jovem, Maria viveu por algum tempo no vilarejo Olho D’Água, com o propósito de alfabetizar jovens e adultos. Após 40 anos decide voltar ao local e, em sua viagem de ônibus, vai recordando sua estadia anterior e as pessoas que conheceu ali, além de outros cantos por onde passou e viveu.

É assim que descobrimos Fátima, mulher sofrida que suporta o fardo de viver com pouca água e comida e com muito esforço físico para garantir o sustento de seus filhos, e que acolheu Maria em sua chegada.

"Encontrei ofício e família naquele canto escondido. Podia ficar, preenchida de estranha euforia, e, subitamente livre de uma espécie de cegueira frente ao desconhecido, comecei a ver cada um, cada coisa, cada movimento na sua unidade e seu sentido. Pelas mãos de Fátima cheguei ali de verdade."

Diariamente Maria acordava cedo, buscava água para o dia, tomava café com Fátima e seguia para ajudar no tingimento dos fios, utilizados para tecer as redes para o “Dono”. Esse homem era dono das terras, da água e do trabalho.

"Nus vieram ao mundo e nele permaneciam, quase nus e inocentes, não por serem incapazes de fazer o mal, mas por serem ignorantes do mal que lhes podia ser feito."

Sua rotina é quebrada quando um vaqueiro aparece no povoado e desperta Maria para uma parte importante de sua vida: o rapaz de olhar penetrante que encontrou em diversos pontos do mundo. Ele sempre deixa sua alma marcada a cada visita, além de uma prenda que a moça guarda em uma caixinha no fundo de seu baú.

"(...) puxei lá do fundo a caixinha de madeira finamente entalhada por meu avô para servir-me de porta-joias. Ao abri-la, com o coração assustado batucando na garganta, depois de tanto tempo a carregá-la comigo sem mirar seu conteúdo, dei logo com um vistoso emblema niquelado, arrancado de uma motocicleta Harley-Davidson."

Maria entra em um estado febril, recordando não apenas o homem, mas o motivo de estar ali. Meses passaram e nenhum sinal dos materiais e da escola onde ela daria suas aulas.

"A vontade de chorar que eu retinha, por pejo, ganhou novo motivo além da comoção pela beleza de tudo aquilo. Poderia eu manter o que me trouxera para ali, despertar-lhes ainda esperanças terrenas quando o vivido só lhes permitia situá-las no céu e assim já se haviam consolado por séculos? Não ouvira tantas vezes dizer que a vida era plantar na terra para colher no céu?"

Embalada pela narrativa da Maria Valéria eu viajei pelo sertão e conheci personagens cuja simplicidade me encantou. O livro tem o tamanho certo e a medida exata de memórias para compor uma belíssima história. Espero que vocês gostem dele tanto quanto eu gostei!

site: http://pacoteliterario.blogspot.com.br/2018/01/resenha-outros-cantos.html?m=1
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Lopes 17/11/2017

O Sertão que não é mais Sertão
Escolher naquele Sertão que não é mais Sertão o que inspira a vida é talvez o maior feito subliminar da escritora Maria Valéria Rezende em “Outros cantos”. Sua prosa de vocabulário melancólico, humilde e incansavelmente belo nos revela um traçado entre tempo, experiências e humanidade. Maria, personagem desta obra espiral, é levada ao mundo pelo toque humano, suas aventuras - que podemos dizer de pedaços da vida - esvoaçam quando ela retorna ao lugar que desenvolveu novas possibilidades, boas e ruins. Em qualquer lugar que Maria esteja provoca em nossos espíritos um delicado rebuliço sobre ter fé num mundo em que a literalidade das palavras faz surgir um vazio humano. Vazio esse diferente da personagem, que recorre ao outro sua fonte natural de suas inconstâncias. Valéria Rezende adota o tempo como seu parceiro secreto, desenrolando-o de acordo com sua proeminência artística. É do tempo a regra mais sombria, de traçar, quando ele quer, os motivos que a levam para esses cantos. Porém essa falta de luz não deve ser posta como algo negativo, esse antirreflexo faz parte do outro que Maria tanto pretende atender, é no outro, perambulando pelo seu tempo de estar e não, que a personagem se posiciona e vive. Não é apenas uma ajuda meticulosa, como se não houvesse um olhar para si, no entanto, o interno de Maria foi preenchido por tal fé no ato humano que pode surgir, mas infelizmente rebenta em não compreender que o mundo possui mais cantos do que esses outros que ela tanto retorna.
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ViagensdePapel 16/11/2016

Em Outros Cantos, conhecemos a heroína Maria, uma professora que possuía uma vida inteira dedicada à educação de base. Em uma noite, durante certa viagem de ônibus até uma comunidade sertaneja, lhe vem a memória diversas lembranças. Lembranças de viagens passadas, experiências, aprendizados e amizades que ela fez.

A obra é toda narrada em primeira pessoa do singular e mescla acontecimentos presentes com memórias do passado. Na ocasião, ela está retornando, 40 anos depois, à cidade de Olho d'Água. Cada indivíduo, cheiro e movimento, faz Maria relembrar sua vivência passada naquela cidade que em breve ela irá reencontrar. A personagem conta desde suas viagens à França, Argélia, México, até sua experiência de vida na pequena comunidade de Olho D'Água, onde viveu, trabalhou e cultivou amizades.

Com uma linguagem poética e extremamente descritiva, você, caro leitor, caso resolva embarcar nesta viagem de poesia, irá enxergar e sentir um pouco do misto de emoções que invade a mente e coração de Maria, a cada momento de sua viagem.

Indico Outros cantos para quem cursa Jornalismo, e que assim como eu, curte embarcar em leituras que são poéticas e críticas ao mesmo tempo. Além disso, ao ler este livro, entramos em contato com uma escrita extremamente rica, descritiva, crítica e bem estruturada.


Leia a continuação da resenha, acesse o link abaixo:

site: http://www.viagensdepapel.com/2016/06/09/resenha-outros-cantos-de-maria-valeria-rezende/
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miriamz 17/07/2016

A poesia no sertão
Um livro que encanta por sua simplicidade, rusticidez, complexidade, poesia. A autora através de uma linguagem confortável e suave nos transporta para um sertão ríspido, seco, bruto, rústico, duro, miserável porém poético, sensível, delicado e humano. Nos é descortinado um sertão verdadeiro, real porém de longe inóspito e feio,
mas singelo, humilde, onde vidas vivem suas vidas, sem nada alem de um pedacinho de chão pra esticar sua rede e a insistente esperança saciada pelo eterno esperar.
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Tati 06/03/2016

Outros Cantos, Maria Valéria Rezende
Quando eu tinha uns 13 ou 14 anos, estava sentada perto da secretaria do departamento de Letras na Universidade Federal de Sergipe. Estudava no colégio de Aplicação e estava esperando a professora que fazia estágio em inglês para tirar uma dúvida. Ouvi uma conversa que me marcou profundamente e, de certa forma, me persegue desde então. Um aluno relatava ao professor que um geólogo estrangeiro, ao visitar o sertão nordestino, disse já ter visto muitos desertos em sua vida, mas habitado daquele jeito era a primeira vez. A maioria dos desertos tem população nômade porque seres humanos não aguentam ficar naquele solo durante muito tempo. Não sei a veracidade dessa informação. Na época não tinha internet para pesquisar e essa fala povoou meu imaginário por muito tempo. Sou filha de gente do sertão. Então, entender porque esse deserto é habitado sempre foi uma constante nas buscas sobre minha identidade. Como aquelas pessoas tinham raízes tão fortes em uma terra que tem por hábito rejeitar? Minha (mini) biografia aí do lado dá uma pista: com o tempo eu aprendi que podia levar o sertão para qualquer lugar do mundo. Ele está dentro de mim. A literatura de Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Rachel de Queiroz, Francisco Dantas e Antônio Carlos Viana me ajudaram a entender o que isso significa. Agora que eu estou morando em outra região, tão distante daquilo que eu conheci primeiro como casa, Maria Valéria Rezende aparece para lembrar que sim, o sertão finca raízes fortes dentro da gente. É um pouco sobre isso que fala seu mais recente livro, Outros Cantos.

Para continuar lendo: http://www.nopaisdasentrelinhas.blogspot.com.br/2016/02/outros-cantos-maria-valeria-rezende.html

site: http://www.nopaisdasentrelinhas.blogspot.com.br/2016/02/outros-cantos-maria-valeria-rezende.html
Rafael.Barroso 26/03/2016minha estante
Sua resenha me fez ficar com ainda mais vontade de ler esse livro, Tati! Saudades de você no snap falando sobre literatura e psicanálise!


Ana Carla Quintanilha 03/12/2017minha estante
Que emocionante a sua fala! Eu, que nunca estive no sertão, vim aqui em busca de ajuda pra entender e continuar lendo essa obra. Sua resenha me encantou.


Paizinha 10/03/2020minha estante
Estou lendo outro livro da Maria Valéria Rezende: Quarenta Dias. A personagem principal também é nordestina, como nós.




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