ValGouveia 19/02/2015Impactante!Há um tempo, uma amiga indicou a leitura desse livro, o tempo foi passando e fui deixando. E agora me pergunto porque não li antes?
O livro conta a história real de Constance, uma menina negra, que sofreu todo tipo de violência dentro de sua própria casa.
Desde ser xingada, espancada, expulsa de casa, ter que dormir ao relento, trabalhar desde a infância para “pagar” sua comida, o teto em que morava, Constance passou por todo o tipo de provação, de uma pessoa que deveria ser sua protetora, deveria dar amor, dar um lar digno.
" Você está dormindo na minha cama, se cobrindo com o meu cobertor, deitada no meu travesseiro e se aquecendo com o meu gás e a minha luz e não quer pagar por essas coisas. Vamos ver – ela disse.
…então você não vai pagar a tua parte? – Então ela fechou a mão e me socou na têmpora. Eu balancei na cadeira e então me desestabilizei. O segundo golpe me derrubou da cadeira."
Constance passou a vida achando que se chamava Clare. Não sabia que seu nome era esse, até o momento em que entrou na faculdade. Porque foi assim que passou a vida sendo chamada – Clare – por sua mãe e por toda a família.
Por se tratar de um livro de não ficção à medida que lia, ficava tentando imaginar os motivos que levava a mãe a tratá-la pior que um animal. Chamava de burra, de feia, e quando não estava espancando, a ignorava solenemente. Pior que as cicatrizes físicas, são as psicológicas. Mesmo sabendo que Constance se tornou uma juíza importante, é impossível deixar de imaginar as marcas que essa menina, hoje mulher, leva na alma.
O livro me trouxe tanto sofrimento ao ler! Porque sou mãe e jamais me imaginaria cometendo todas as atrocidades que a mãe de Constance cometeu contra ela. As surras, as palavras ferinas, o desprezo, o ódio, o desamor. Ao mesmo tempo que tentava entender os motivos, tinha a certeza de que nada justifica tamanha violência (física e psicológica), contra uma criança.
"- Você pode dormir no vento, que para mim, não faz diferença.
- O que foi que eu fiz agora? – eu perguntei.
- Ah, você simplesmente respira – ela disse – Você respira e nada mais, na verdade."
Não bastassem os abusos por parte da mãe, Constance ainda foi vítima de abusos sexuais por parte não só do padrastro, mas também por parte de um dos vizinhos que frequentava sua casa.
Já li várias biografias. Sobre os assuntos mais variados. Sobre mulheres que passaram décadas em cárcere privado, mas jamais havia lido um livro como “Feia”, que retrata o sofrimento de uma criança, causado pela pessoa que mais deveria amá-la e protegê-la em toda sua vida: sua própria mãe.
Recomendo a leitura para quem é forte, porque o livro é realmente emocionante demais, os momentos de violência contra a personagem doeram em mim. Impossível sofrer o que Constance sofreu, mas ler o livro me fez imaginar os horrores pelos quais essa menina passou.
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