spoiler visualizarDarkpookie 26/08/2018
O Livro Ilustrado dos Maus Argumentos
Argumento a partir das consequências
O argumento a partir das consequências consiste em defender ou refutar a veracidade de uma declaração apelando às consequências que ela teria se fosse verdadeira (ou falsa). Mas o fato de uma proposição levar a um resultado desfavorável não significa que ela seja falsa. Da mesma forma, o simples fato de ter consequências positivas não torna a afirmação automaticamente verídica.
Falácia do espantalho
A falácia do espantalho consiste em apresentar de forma caricata o argumento da outra pessoa, com o objetivo de atacar essa falsa ideia em vez do argumento em si. Deturpar, citar de maneira incorreta, desconstruir e simplificar demais o ponto de vista do adversário são formas de cometer essa falácia. Em geral, o argumento espantalho é mais absurdo que o argumento real, facilitando o ataque.
Apelo a uma autoridade irrelevante
Embasar um argumento na opinião de uma autoridade é um apelo à modéstia das pessoas, ao senso de que sempre haverá outros com maior conhecimento do que nós – o que pode até ser verdade, mas nem sempre. Claro que é correto citar uma autoridade competente, como os cientistas e acadêmicos costumam fazer. A grande maioria das coisas em que acreditamos, como os átomos e o sistema solar, são confirmadas por autoridades confiáveis, assim como todos os fatos históricos. Mas é muito mais provável que o argumento seja falacioso quando há um apelo à opinião de uma autoridade irrelevante, que não é especializada no assunto em questão. Uma falha de argumentação nessa linha é o apelo a uma autoridade vaga, em que uma ideia é atribuída a um coletivo indefinido. Por exemplo: “Professores na Alemanha demonstraram que isso é verdadeiro.”
Equívoco
A falácia do equívoco (também chamada de equivocação) explora a ambiguidade da linguagem, alterando o sentido de uma mesma palavra durante o argumento e usando esses significados diferentes para sustentar uma conclusão infundada.
Falso dilema
O falso dilema é um argumento que apresenta apenas duas categorias possíveis e parte do princípio de que tudo no âmbito da discussão deva pertencer somente a uma ou a outra destas possibilidades opostas. Assim, ao rejeitar uma das opções, a pessoa não teria alternativa a não ser aceitar a outra.
Causa questionável
Também conhecida como causa falsa, esta falácia define como causa de um evento, sem provas, uma ocorrência anterior ou simultânea àquele evento. A correlação entre os dois eventos pode ser pura coincidência ou resultado de algum outro fator. Mas sem evidências não é possível concluir que um evento causou o outro. “O terremoto aconteceu porque nós desobedecemos ao rei” não é um argumento válido.
Apelo ao medo
Esta falácia aposta no medo do público, criando a ameaça de um futuro assustador caso uma determinada proposta seja escolhida. Em vez de oferecer provas concretas de que essa proposta levaria mesmo a tal cenário sombrio, esse tipo de argumento é baseado apenas em retórica, ameaças ou mentiras descaradas.
Generalização precipitada
Esta falácia é cometida quando alguém tira uma conclusão a partir de uma amostra pequena ou específica demais para ser representativa. Por exemplo, perguntar a 10 pessoas na rua o que elas pensam do plano do presidente para reduzir o déficit não é suficiente para medir o sentimento da nação inteira.
Apelo à ignorância
Este tipo de argumento tenta convencer que algo é verdadeiro simplesmente porque não foi comprovado como falso. Assim, a ausência de prova é transformada em prova por ausência. Antes de se descobrir como foram construídas as pirâmides, alguns concluíram que, na falta de prova em contrário, as estruturas teriam sido erguidas por um poder sobrenatural. Mas o fato é que o ônus da prova é sempre da pessoa que faz a alegação.
Uma forma específica de apelo à ignorância é o argumento da incredulidade pessoal, onde a
incapacidade de entender ou imaginar algo leva a pessoa a acreditar que aquilo é falso. Por exemplo: “É impossível imaginar que o homem realmente pisou na Lua, portanto, isso nunca aconteceu.”
Nenhum escocês de verdade
Este argumento costuma aparecer quando alguém faz uma generalização sobre um determinado grupo e depois é desafiado com evidências que o desmentem. Em vez de reavaliar sua posição ou contestar a evidência, a pessoa foge do desafio redefinindo arbitrariamente o critério para se pertencer àquele grupo.
Falácia genética
A falácia genética é cometida quando um argumento é desvalorizado ou defendido somente por causa de suas origens. Em vez de examinar a validade da proposta, ataca-se a sua origem histórica, ou a origem da pessoa que a defende.
Culpa por associação
Culpar por associação é desacreditar uma ideia ao associá-la a algum indivíduo ou grupo malvisto em determinados setores sociais. Por exemplo: “Meu oponente quer um sistema de saúde semelhante ao de países socialistas. Claro que isso seria inaceitável.”
Afirmação do consequente
A falácia da afirmação do consequente presume erroneamente que, quando o consequente é verdadeiro, então o antecedente deve ser verdadeiro também, o que muitas vezes não acontece. Por exemplo: “Pessoas que vão para a universidade são bem-sucedidas. John é bem-sucedido, portanto, ele deve ter cursado uma faculdade.” Como a escolaridade não é o único caminho para o sucesso, não se pode dizer que uma pessoa bem-sucedida com certeza deve ter cursado uma universidade.
Apelo à hipocrisia
Também conhecida por seu nome em latim, tu quoque (você também), esta falácia ocorre quando se aponta uma suposta contradição entre o argumento da pessoa e suas ações ou afirmações anteriores. Portanto, ao rebater uma acusação com outra acusação, o objetivo é desviar a atenção do mérito do argumento e colocá-la na pessoa que expressou aquela ideia. Essa característica torna o apelo à hipocrisia um tipo de ataque ad hominem. E, claro, mesmo que haja inconsistência da pessoa, o argumento dela ainda pode ser correto.
Bola de neve
A falácia da bola de neve tenta desacreditar uma proposta argumentando que sua aceitação levará inevitavelmente a uma sequência de eventos indesejáveis. Embora a sequência de eventos possa até ser plausível – com alguma probabilidade de que cada transição entre eles ocorra –, esse tipo de argumento parte do princípio de que todas as transições são inevitáveis, mas sem oferecer qualquer prova disso.
Apelo à popularidade
Também conhecido como apelo ao povo, este argumento utiliza o fato de muitas pessoas (ou até mesmo a maioria delas) acreditarem em algo como se fosse prova de que a ideia é verdadeira.
Ad Hominem
O argumento ad hominem (do latim “ao homem”) ataca a pessoa, em vez da opinião que ela está dando, com a intenção de desviar a discussão e desacreditar a proposta desse oponente. Por exemplo: “Você não é historiador; por que não se atém aos assuntos da sua área?” O fato de alguém não ser historiador não tem qualquer impacto no mérito de seu argumento – a não ser em um caso em que somente historiadores possam estar corretos sobre o assunto –, portanto, isso não reforça em nada a posição do atacante.
Raciocínio circular
O raciocínio circular é um dos quatro tipos de argumentos falaciosos conhecidos como petição de princípio (Damer), em que a conclusão é tomada, implícita ou explicitamente, em uma ou mais das premissas. No raciocínio circular, ou a conclusão aparece de forma óbvia como premissa, ou – como é mais comum – é uma repetição da premissa, mas usando palavras diferentes.
Composição e divisão
Uma pessoa comete a falácia da composição ao inferir que, como as partes de um todo têm um determinado atributo, então o todo também deve ter aquele mesmo atributo.
Na falácia da divisão, acontece o inverso. É cometida quando se infere que as partes devem ter um atributo que pertence ao todo.