Carlos Nunes 14/01/2020
Bem diferente do musical
Existem livros que são bem mais conhecidos por suas adaptações do que pela própria leitura. Graças ao teatro, ao cinema, à TV, algumas obras entram de tal forma no imaginário popular que acabam se tornando clássicas, muito embora pouca gente hoje em dia conheça a história na sua própria fonte. Esse também é o caso de O Fantasma da Ópera. Sucesso desde seu lançamento, através de inúmeras adaptações e referências, o livro hoje é quase desconhecido e muito pouco lido. Recentemente, através da adaptação musical de maior sucesso da História e sua versão cinematográfica, a obra se tornou a "queridinha" de muita gente que procura viver com o livro o mesmo que viu no teatro/cinema. A decepção é quase certa, na contramão do que normalmente acontece (o livro ser melhor). As adaptações geralmente amenizam bastante o clima da trama e as atitudes do Fantasma, visando principalmente o público feminino, que ainda vê no personagem um desvalido da sorte com o rosto deformado, que faz de tudo para ter o amor da mocinha - esquecendo suas atitudes machistas, dominadoras agressivas e totalmente questionáveis (famoso caso de "explica, mas não justifica"). A narrativa do livro é interessante, embora um pouco fragmentada, e na maior parte do livro, não consegue prender totalmente a atenção. Narrada como se fosse uma investigação policial, o autor tenta a todo momento nos convencer que é tudo verdade, mesclando fatos reais com ficção, inclusive utilizado notas de rodapé igualmente fictícias. No terço final, porém, a ação se acelera, o clima pesa, a narrativa fica mais sombria, e a obra ganha fôlego. Uma leitura bastante válida, especialmente por se tratar de um clássico, mas não deve ser feita objetivando uma comparação com a versão musical. Mais detalhes (inclusive sobre a trama) na resenha em vídeo.
site: https://youtu.be/0PPIMR3vYqU