Juliana3239 23/02/2022
Obsessão e sentimento de posse não é amor!
Vou começar de cara já falando que gostei muito desse livro. Me surpreendi completamente, pois não estava esperando muito. Peguei esse livro agora somente pq o clube do livro que comecei a participar escolheu como a leitura do mês.
Foi uma grata surpresa. Ouso dizer que seja o melhor romance gótico que li até agora, superando Drácula, Frankstein e O Retrato de Dorian Gray (que pretendo reler com o texto integral).
Até seus 50% o livro é mais lento mas ainda sim interessante, porém a partir da segunda metade ele começa a ficar realmente empolgante. O mistério em volta do fantasma, a dúvida se de fato se trata de acontecimentos sobrenaturais ou não e principalmente o destino dos personagens principais me prendeu muito.
Porém, nem tudo são flores! (LEVES SPOILERS A PARTIR DE AGORA)
A relação dos personagens masculinos com a protagonista feminina me incomodou em vários momentos. Desnecessário dizer o quanto aquela obsessão do Erik com a Cristine era tóxica e perigosa, e como fazia mal pra ela, no entanto eu percebo que a noção de amor da época de fato via alguns dos atos dele como românticos. Falo isso por que até mesmo o Visconde Raul, que é visto como o mocinho mostrava um comportamento completamente obsessivo e possessivo em relação a Cristine. Chegando a ofendê-la e stalkear ela quando se sentiu rejeitado e preterido.
É uma noção bem ultrapassada de amor mas que ainda hoje é trabalhada em algumas histórias. Eu mesma se tivesse lido esse livro mais jovem talvez achasse romântico o que acontecia. Hoje só consigo sentir angústia e medo ao me colocar no lugar da Cristine. (FIM DA MILITÂNCIA)!
Com relação ao personagem Erik, até uns 80% do livro eu não conseguia ter empatia nenhuma por ele, via apenas uma criatura cruel e egoísta que sugava a vida da Cristine, mas admito que a redenção do personagem me emocionou no final. Afinal de contas era um homem deformado que sempre viveu a margem da sociedade sendo desprezado e temido por sua aparência física, mesmo que fosse um gênio extraordinário. Me lembrou bastante o monstro de Frankenstein.
Algumas das explicações para os "truques" do fantasma foram satisfatórias, já outras me deixaram completamente confusa e perplexa, mas acredito que para a época as soluções que o autor apresentou foram satisfatórias.
A parte de pesquisa feita pelo autor é um show a parte. Como ele descreve a Ópera de Paris e suas salas secretas, e partes subterrâneas, todas tiradas da vida real, sem contar algumas cenas icônicas, como a queda do lustre, tirados de acontecimentos verídicos, deixam o livro muito mais rico , tendo em vista que 90% da história se passa dentro das paredes do teatro.
No fim das contas foi uma leitura super rica e proveitosa. Recomendo!