Elexandra.Amaral 23/03/2021A eufemização do malEscrito de forma semelhante a "O homem invisível", ou seja, como o relato de um fato, "O fantasma da ópera" narra as desventuras de Érik, o famigerado fantasma, Christine, causa de sua obsessão, e Raoul, interesse romântico da última.
Érik é descrito desde o princípio como espetacularmente inteligente, manipulador, egocêntrico, possessivo e tirânico, perverso mesmo, porém, à medida em que o "repórter" avança em sua investigação, descobrimos ser também incrivelmente feio fisicamente. Ao saber que Érik foi sempre alvo de zombaria e desprezo por sua aparência, o leitor pode ser levado a apiedar-se dele - o que é compreensível - e a justificar o injustificável, a dizer, com ele, "Só me faltou amor para que fosse bom." É terrível que tenha sofrido tanto, mas nenhum dos numerosos episódios tristes de sua vida justifica suas ações.
Raoul e Christine não são tão bem construídos, especialmente ele, mas, ainda assim, evoluem bastante na narrativa (ela muito mais do que ele, diga-se de passagem).
P. S.: Ao ler suas estonteantes invenções e peripécias, veio-me a pergunta: não poderia ele ter remediado a própria feiura com seus variados truques?