Aline F. 23/12/2022
"Tô passada, chocada"
O que foi isso aqui? Estou completamente impressionada com o fim deste conto. Queria mais, queria que fosse um romance. Leria 400 paginas tranquilamente sobre essa história.
O conto é super curtinho, li em 20 minutos. Mas me trouxe muitas reflexões. Ele conta a historia de uma mulher diagnosticada com depressão nervosa após o nascimento de sua filha. Esse termo é ultrapassado dentre os profissionais da area da saúde, hoje ela seria diagnosticada com depressão pós-parto. Mas o conto foi escrito em 1892, então é compreensivo esse diagnóstico.
Acompanhamos a sua adaptação a uma casa nova, mais precisamente ao seu novo quarto e a decoração deste, que é composta de móveis antigos e um papel de parede amarelo descrito como horrivel. A narrativa ocorre através de anotações da personagem principal, nas quais ela descreve a sua percepção sobre o papel de parede e sobre sua depressão se desenvolve para um estado quase catatônico composto por alucinações.
Em uma compreensão mais psicólogica, o livro nos leva a uma visão mais intimista de uma pessoa em sofrimento psiquico e com pouco suporte emocional e familiar. Seu marido que é médico, trata sua depressão com descaso, através de algumas falas problemáticas de que sua condição é apenas falta de vontade. As orientações dele de que ela precisa se isolar também favorecem o agravo da doença até o derradeiro final.
Achei bem pertinente a forma com que a autora trata o assunto, principalmente se levarmos em consideração que o livro foi escrito a mais de um século atrás. A leitura me causou desconforto, mas acho que era essa a intenção do livro. Afinal, se trata de um horror psicólógico.