Sabrina758 25/05/2023
Esse foi o meu segundo contato com a escrita de Gilman e, como esperado, me agradou bastante. Neste conto, com uma escrita viciante e que nos faz questionar e repensar tantas coisas sobre a personagem principal, temos a denúncia da misoginia, esgotamento e uma esposa extremamente silenciada pelo seu marido, a qual confunde o cercear com "extremo cuidado", até finalmente despertar para a sua realidade - que é a das mulheres, de forma geral.
A obsessão dela com o papel de parede desgastado, onde estudou as diferentes estampas e formas enquanto enxergava a sombra de uma, depois várias mulheres, presas atrás daquele papel, enquanto se tratava para suas questões mentais, faz o leitor embarcar nessa investigação com ela.
Como apontado em outras resenhas, os sentimentos e sintomas que ela discorre em seu diário, me faz pensar que ela teve, sim, uma depressão pós parto. Mas a fissura pelo papel e o jogo que se deu através dele, me faz concluir que foi a única forma que ela tinha para conseguir lidar com a própria realidade e compreender que a relação que vivia com o marido era adoecedora.
Um conto muito bom, mas eu adoraria que ela tivesse explorado um pouco mais a relação em si. De qualquer forma, muito me admira a subversividade e coragem da Gilman. Certamente ouviu muito desaforo e xingamento pelas coisas que escrevia já naquele época. Icônica.