A Cidade Sitiada

A Cidade Sitiada Clarice Lispector




Resenhas - A Cidade Sitiada


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Paty Gazza 30/01/2023

Não foi pra mim
Segundo a própria autora, esse é um de seus livros menos gostados pelo público - e eu entendo por quê. A narrativa é bem lenta, o que não seria um problema se os personagens fossem carismáticos ou minimamente interessantes, mas não são. Não consegui me conectar com nenhum deles e sinceramente não me importei com nada que aconteceu, e nem aconteceu tanta coisa assim (só gostei - e muito - do desfecho do Mateus).

No entanto, a qualidade da escrita da Clarice é inegável. A habilidade que ela tem de construir uma cena aparentemente parada e monótona e daí destrinchar todo o universo interno dos personagens é sem igual. Também achei muito interessante o fato de ela traçar, a todo momento, paralelos entre a cidade e a protagonista Lucrécia, como se estivessem interligadas. Sofri um pouco na primeira metade do livro, mas na segunda ele deslanchou mais.
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CAcera3 26/01/2023

Clariceano raiz e a Cidade sitiada ?
Esse livro é bem diferente dos que li de Clarice Lispector até então. Enquanto nos outros temos tudo que há no interior dos personagens, aqui temos uma descrição, até excessiva, do que está ao redor deles. É uma narrativa bastante imagética, que nos dá a atmosfera dos lugares e das pessoas através da descrição pictórica do ambiente.
A personagem principal, Lucrécia Neves, antagoniza a cidade que está em crescimento, modernização. Enquanto São Geraldo segue em direção a se tornar uma grande metrópole, Lucrécia se adere ao subúrbio onde vive e busca a certeza imutável das coisas.
A protagonista aqui busca uma objetificação de si mesma e não no sentido sexual ou social. Ser um objeto de São Geraldo é estar num âmbito seguro. Ela deseja não pensar sobre as coisas, quiçá os sentimentos; quer o neutro, o vazio da mente e suplantar os próprios desejos para que eles não sejam maiores que ela mesma.
Há também uma animalização da personagem principal, algo não incomum nos textos de Clarice, mas que aqui se mostra mais acentuado. É uma metáfora. A ?descavalização? de Lucrécia pode ser um dos objetivos da trama. O sentido animal está ligado a cidade, que por sua vez se liga a Lucrécia. Inclusive o título nos diz muito sobre o livro. ?Sitiada?: esse adjetivo permeia a história inteira e ?cidade? é um personagem tanto quanto qualquer outro.
Há uma crítica social bastante impregnada nas atitudes e sensações dos personagens aqui. O final é como sempre arrebatador e é onde essa crítica tem sua nitidez no ápice.
À princípio Lucrécia pode parecer simplesmente uma personagem vazia - em contraponto de Joana em Perto do coração selvagem ou a Virgínia em Os lustre -, mas ela é uma personagem com muitas camadas, complexa num nível alto até para os padrões clariceanos. Mas desvendar (ou tentar) essa personagem assim como outros bem interessantes no romance é algo enriquecedor e que recompensa o leitor. Sua narrativa hermética, principalmente nos primeiros capítulos, é algo a ser desbravado.

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joaoderstand 18/01/2023

O livro mais difícil de Clarice?
A experiência de ler Clarice, pra mim, é aquela exata e mesma sensação de semiconsciência antes de entrar no sono propriamente dito.
Aquele estado de suspensão da realidade no breve (?) cochilo que você nem sabe que tá tirando, mas que, por esse momento alheio aos limites do tempo, TUDO faz sentido!
Essa sensação suplanta a razão e se torna uma coisa só, numa epifania tão banal e natural que parece incongruente considerar qualquer realidade fora daquela.
É um estado, porém, extremamente frágil! Um fio de equilíbrio impossível, que vai ser rompido na menor das distrações, e assim, tão subitamente quanto veio, se vai. e você já não se lembra mais de nada, só sabe que esteve ali. Essa certeza que ninguém pode tirar.
Essa certeza é a minha experiência de leitura desse livro
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Thiago.Lucas 15/01/2023

Clarice sempre vai ser minha preferida. Olhar para uma menina parada e entediada e dar a dimensão psicológica que ela consegue não é para qualquer um. Devo dizer, que para quem não está habituado, seus fluxos de consciência podem ser um grande empecilho para leitura (como já foi pra mim) mas conforme você se acostuma não consegue mais parar de lê-la. Essa me toca quando ela descreve um homem sem piedade de si, que não vê a própria força. Suas personagens são femininas, e sempre adapto a narrativa para minha realidade. A personagem masculina me pegou desprevenido e arrancou algumas lágrimas sim.
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Mel 30/12/2022

Mais um lido e instantaneamente favoritado. E que forma sublime de escrever, de ver o mundo! Mal tenho palavras pra essa grandeza, mas vamos lá:
Conhecemos uma pequena cidade do interior pela perspectiva da personagem Lucrécia, em uma mescla entre pessoa e espaço, onde os limites as vezes são quase indistinguíveis

"[...] tudo o que Lucrécia Neves podia conhecer de si mesma estava fora dela: ela via."

E há quem diga que Clarice era alienada, mas nessa obra, não obstante das demais, ela prova o contrário. São Geraldo nada mais é do que um reflexo das transformações urbanas que aconteciam no Brasil na década de 40 - a transição de um país rural para um país industrializado.

Nada é explícito, nada é óbvio, não há um caminho único, ela capta o que nos escapa, o mais sutil do ser e do estar.

"[..] não era isso o que sucedia às coisas? - inventando por impotência um sinal misterioso e inocente que exprimisse sua posição na cidade, escolhendo a própria imagem e através desta a dos objetos."
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Anna 21/12/2022

foi dificil pra me adaptar a narrativa no inicio mas depois ficou fácil e ate bem fluido.
fico surpresa com o quanto a clarice consegue me entender e entender exatamente o que sinto e penso. talvez seja por isso que eu a admire tanto. é como eu disse uma vez: pra me compreender basta ler clarice.
mais um romance que me identifico com a personagem principal e suas questões na vida.
me levou a muitas reflexões.
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Maura15 22/11/2022

Pensei que ia amar!
Mas não. É Legal, até, mas não o suficiente para me prender.
Terminei de forma forçada, mas de todo o modo, até que foi legal.
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Andre 29/10/2022

Não sei se para um leitor já muito experimentado em Clarice seja tão difícil, para mim, que até então só havia lido A Hora da Estrela, foi muito desafiador.

Deixo como dica para alguém que estiver tendo problemas com o entendimento e que tenha em mãos essa edição específica e está pensando em abandoná-la, que leia o posfácio, ele clareia bastante as coisas.
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Kael.Paulino 19/10/2022

Diferente de todos que li
Foi o primeiro livro que li da Clarice antes dos 30 anos e eu senti uma enorme inspiração em Virgínia Woolf quando ela trouxe personagens sem um contexto, sem um desenvolvimento e eu confesso que achei uma leitura bem confusa por conta disso, além da questão do foco na cidade, na configuração da cidade. Preferia mais a mãe da Lucrécia Neves no decorrer da história do que a própria protagonista. ?
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Kaillane 12/10/2022

A cidade sitiada ?
Com certeza esse livro entrou para a lista dos meus livros preferidos da vida! Eu sou completamente apaixonada pela essa mulher, o jeito que a Clarice coloca seus sentimentos e sua forma de ver o mundo nos seus livros é algo lindo. Todos os livros dessa mulher é uma obra de arte!

Ler Clarice é uma terapia pra mim, os sentimentos que ela desperta é único, a forma como eu me vejo, como eu vejo as pessoas e como eu vejo a vida, é sempre uma evolução cada vez que termino um livro dela.

Poucas pessoas falam desse livro, e acho que deveriam falar muito mais! A Lucrécia virou uma das minhas personagens preferidas dela, mesmo ela sendo bem diferente de todas as outras, mas a construção dela foi maravilhosa. Eu recomendo muito! Esse livro te faz pensar muitas coisas, como se realmente não somos pessoas em evolução, e que mesmo assim isso as vezes não muda muito o rumo de nossa existência... Leiam! não é o livro mais fácil de se ler da Clarice, ele parece ir acontecendo de trás para frente, mas com o decorrer da leitura você vai encaixando tudo e realmente não entendo apenas a escrita, mas sim, sentindo cada palavra.

E Clarice, você vai ser sempre a maior para mim! ????
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Neylane Naually 30/08/2022

desafiador
Terminar um livro da Clarice é sempre um acontecimento, e aqui não foi diferente. A Cidade Sitiada quase destruiu a carreira da autora, na época não foi bem recebido pela crítica e leitores por ser considerado muito denso. A Clarice que escreveu esse livro estava em um momento complicado da vida, vivendo em outro país e com saudades de casa. Escrever A Cidade Sitiada salvou Clarice, tanto que essa é sua obra mais citada por ela mesma. O livro foi tão mal recebido que ela só conseguiu publicar o próximo, A maçã no escuro, 12 anos depois.

Sabendo disso, o estudioso de Clarice Benjamin Moser afirma que todo brasileiro instruído conhece G.H. e Macabéa, mas só o leitor clariceano devoto reconhecerá o nome Lucrécia Neves, a protagonista de A Cidade Sitiada. E fica a questão, o livro é mesmo tão complicado assim de ler? A resposta é sim, porque Clarice nunca é fácil, e também não, porque uma vez conectado com a obra, as páginas deslizam na mente do leitor.

E nessas 191 páginas nós seguimos duas transformações, a da protagonista e a da cidade de São Geraldo. Na medida que a cidade vai mudando e se modernizando, também Lucrécia vai crescendo, apesar de diferentemente das protagonistas prévias da autora (Joana e Virgínia), Lucrécia se mostra uma mulher rasa e até mesmo fútil. Não existe muito enredo, e o livro é basicamente a história da garota de São Geraldo, obviamente com várias implicações. A escrita é belíssima, e aqui eu destaco o capítulo 10, “O milho no campo” que eu grifei praticamente tudo!

“A mulher parecia mesmo viver na linha do horizonte. Era de lá que via cada pequena coisa com suas luzes, esse estranho mundo onde em tudo se poderia inutilmente tocar”.

Eu com certeza indico o livro, principalmente se você já leu alguma outra obra da Clarice antes. É uma leitura desafiadora, que exige do leitor em alguns pontos, mas você termina a leitura com um sorriso no rosto e uma sensação de dever cumprido, é quase como se a autora estivesse desafiando seus leitores, ela mesma disse em a um entrevistador que lesse A cidade sitiada — “se você conseguir”.
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Craotchky 18/08/2022

Os mistérios da esfinge brasileira
Eis uma obra um tanto quanto singular em relação a outras que li de Clarice. Aqui a narrativa não explora a internalidade de sua protagonista, coisa que acontece em outros títulos, nos quais essa característica acaba sendo exatamente o elemento central. Lucrécia não é uma personagem questionadora, tampouco é perpassada por indagações existenciais. Ao contrário, parece vazia de matéria-prima. Ela apenas vê e se compõe com o que viu, mas sem processar o conteúdo visto. Ela meio que é apenas o lado de fora.

"[...] tudo o que Lucrécia Neves podia conhecer de si mesma estava fora dela: ela via."
"Só que se via como um bicho veria uma casa: nenhum pensamentos ultrapassando a casa."


Lucrécia é superficial; se constitui tão somente com conteúdos externos, não germina nada dentro de si; quer florescer a partir do lado de lá. Seu ímpeto é somente para construções palpáveis. Não quer e sequer cogita edificar-se por dentro. Ela (sobre) vive do avesso; ela sitia-se; ela sim parece ser a verdadeira cidade sitiada da história.

Não há aqui o tradicional e poético fluxo de consciência da autora, embora a hermetidade (neologismo meu?) esteja presente de outras formas. A leitura é desafiadora na medida que abstrai sobre ambientes externos e objetos, ao invés de sensações e sentimentos. Um livro difícil, que exige atenção e pode causar fadiga. Não se pode lê-lo com simples intuição. Assim como O lustre, estou convicto que A cidade sitiada não é uma boa porta de entrada para quem deseja conhecer a autora, uma vez que é possível se perder por aqui. Ainda que "[...] perder-se também é caminho."

Quanto à relação Lucrécia-Cidade, parece indiscutível que ela se fundamenta na própria Clarice que, enquanto gestava a obra, estava "sitiada" em Berna, na Suíça, acompanhando o marido, em uma estada que absolutamente não lhe foi agradável.

" 'Esta Suíça', escreveu à irmã, 'é um cemitério de sensações.' " - do posfácio.

Lucrécia se confunde com a cidade em uma relação de espelhamento, em um paralelismo evidente. A cidade de S. Geraldo é o duplo de Lucrécia, ou vice-versa. Estou ciente que isso soa esquisito. É que qualquer coisa de Clarice tem seu Mistério próprio. Quem frequenta Clarice sabe. Certamente não serei eu que vou decifrá-la. Que me devore, portanto.

O fato de que foi um dos livros da Clarice mais mal recebidos pela crítica, bem como por grande parte do público ("As vendas indicam que é o menos popular dos romances de Clarice." - do posfácio.) é compreensível. Nem Lucrécia, nem a cidade de S. Geraldo e em consequência, nem o livro me cativou. A história não conseguiu me machucar, infelizmente. Em outras palavras: não me conectei.

Ah!, os cavalos e as características equinas também me intrigam.
Nath 18/08/2022minha estante
"Ainda que [?]perder-se também é caminho" ?????????? Arrasou na resenha você! ? Ainda não li esse específico da Clarice, mas a relação simbólica da personagem com a cidade é um tema que no mínimo me apetece, vc sabe.


Craotchky 18/08/2022minha estante
Leia e perca-se,




Emi 05/07/2022

Perfeição em forma de livro
É um romance bem ala Clarisse Lispector o qual contará a história da nossa personagem que vive a jovem Lucrécia Neves, remotamente inconformada com a mesmice de um ambiente sem futuro. O confronto entre campo e cidade.
É uma leitura bem rápida e completa no mundo de Clarisse.
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