O Feiticeiro de Terramar

O Feiticeiro de Terramar Ursula K. Le Guin
Ursula K. Le Guin
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Resenhas - O Feiticeiro de Terramar


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Tamirez | @resenhandosonhos 23/08/2018

O Feiticeiro de Terramar
Acho que minha primeira reação foi de surpresa ao ver o quão antigo essa esse livro e, portanto, do quanto pode ter influenciado história que vieram depois e que eu já conheço. Isso logo se fez verdade quando notei as várias semelhanças com uma obra de fantasia que eu tenho em alta estima, que é O Nome do Vento, do Patrick Rothfuss. Dois dos maiores conceitos do livro são claramente inspirações saídas de O Feiticeiro de Terramar.

Entre as semelhanças, o que se destaca é o fato de já começarmos sabendo que o protagonista será um grande mago e voltarmos à sua infância para começar a acompanhar sua história e, o fato de precisarmos saber o “nome” das coisas para as controlar. Se eu tivesse lido esse livro antes de O Nome do Vento, provavelmente não teria amado tanto aquela obra em função das semelhanças e, se O Feiticeiro de Terramar fosse uma publicação posterior a de Rothfuss com toda a certeza eu estaria esbravejando sobre a cópia. Portanto, os sentimentos são conflitantes, e ainda estou tentando me decidir como verdadeiramente me sinto com relação a isso.

Tendo ressaltado esses pontos, digo que as semelhanças entre Le Guin e Rothfuss e suas respectivas histórias param por aqui. Enquanto o segundo trilha um caminho sinuoso e com prolixidade, Ursula vai direto ao ponto, com uma escrita rica mas sem enrolação. A autora não se preocupa em ser repetitiva ou a relatar detalhadamente a rotina do personagem. Ela compreende que o leitor tendo lido uma vez entende que aquilo se repete, bem como as passagens de tempo, que acontecem várias vezes ao longo do livro, mas são bem trabalhadas e não fazem com que nos sintamos perdidos na narrativa.

“Muitos magos com grande poder passaram a vida inteira para descobrir o único nome oculto ou perdido de uma única coisa. E as listas ainda não foram terminadas. Nem serão até o fim do mundo. Preste atenção e você verá por quê. No mundo sob o sol, e no outro mundo onde não há sol, há muita coisa que nada tem a ver com os homens ou com a língua dos homens, e há poderes além do nosso poder. Mas a magia, a verdadeira magia, foi elaborada somente por esses seres que falam a língua hárdica de Terramar ou a língua antiga a partir da qual esta nasceu.”

Uma das coisas mais legais sobre esse mundo que é muito vasto é essa questão dos nomes. A nomenclatura real e orgânica de algo é essencial para se obter poder sobre a mesma, portanto, assim como é impossível conhecer o nome de todas as coisas, o nome das pessoas também é guardado a sete chaves. Por isso todo o ritual de renomear é tão importante e o nome de alguém somente é revelado aqueles em que se confia, sendo o restante do tempo chamado por um apelido.

Nosso protagonista é o Gavião, ou Ged – seu verdadeiro nome-, e desde o começo sabemos que o seu destino é realizar grandes feitos. Mas a que custo e como? Ele começa como um menino curioso e aos poucos vai se tornando negligente com o poder que vai adquirindo. Ele quer sempre provar-se melhor para os outros, sem se preocupar em aprender a controlar o seu poder ou a compreender o valor daquilo que tem em mãos. Por três vezes vemos ele levar sua magia ao extremo, o colocando entre a vida e a morte e ressaltando o fato de que esse magia não é algo a se brincar quando não se possui todo o conhecimento necessário.

Arrogante no começo, sua postura vai mudando ao longo da história devido a tudo que lhe acontece. Ele não vai passar emocionalmente inabalável por tudo isso, algo dentro dele vai endurecendo e aos poucos é possível compreender todo o processo de amadurecimento pelo qual Ged passou, algo que vem a ser refletido em suas ações.

Temos vários outros personagens coadjuvantes, mas o Gavião tem o protagonismo absoluto durante o livro todo e, digo a vocês que é possível sentir todo o tipo de sentimento por ele. Às vezes não entendemos sua arrogância ou falta de bom senso e as vezes só gostaríamos que ele fosse mais corajoso ou visse o que se coloca a sua frente. São etapas, tanto para o protagonista agir, quanto para o leitor reagir.

“Para que uma palavra seja dita é necessário silêncio. Antes e depois.”

Para os fãs de reviravoltas e muitas emoções esse não será um livro que provavelmente agradará. A história é certeira, mas sem grandes twists. Ursula encanta pela intensidade que escreve e pela grandiosidade do mundo que construiu, bem como a forma seca com que o protagonista se apresenta. É possível sentir uma certa distância entre nós e Ged. Não somos amigos, somos espectadores, não temos direito de palpitar.

Achei a capa da edição da Arqueiro muito bonita e ela reflete uma cena super importante da história. Nesse mundo, ao contrário do momento em que vivemos hoje onde dragões são criaturas adoradas, eles era criaturas as quais todos temiam, estando muito mais próximo da obra de Tolkien, por exemplo, onde os dragões também se apresentavam como vilões.

Mas algo que não posso deixar de reclamar é sobre o mapa. Essa é uma história em que navegamos por quase todos os lugares e vamos de um a outro na troca de capítulos, então é necessário estar atento e, a não ser que se “esgarce” o livro, vários locais ficam ocultos na dobra da página. Inclusive um dos mais importante, que é a ilha onde fica a escola de magia e de onde se parte para vários outros locais. Portanto, ganhou pontos com a capa e perdeu com o mapa, item super importante, principalmente em histórias onde a locomoção acontece de forma constante e as características dos povos muda dependendo da região.

“Na época, 1967, todos os magos eram mais ou menos como Merlin e Gandalf. Homens idosos, com chapéus pontudos e barbas brancas. Mas eu devia escrever um livro para adolescentes. Ora, Merlin e Gandalf devem ter sido jovens um dia certo? E quando eles eram tolos e imaturos, como aprenderam a ser magos?”

No final do livro há um posfácio da autora e essa parte me chamou a atenção. Esse livro é de 1968, uma época onde nem a fantasia ainda tinha grande destaque a não ser por alguma obras maiores, como Senhor dos Anéis e a própria história de Merlin, e fiquei imaginando como seria para uma mulher se inserir nesse universo. Eu por exemplo não fazia ideia que esse livro configurava como um clássico da fantasia, porque nunca tinha ouvido falar dele dessa forma ou sabia de sua idade. E, observem que sou uma fã do gênero. Portanto, acredito que acima de qualquer coisa esse é um aspecto que precisa ser levado em consideração. Querendo ou não, Ursula ajudou a moldar a geração de grandes escritores de fantasia que temos hoje, ao lado de outros grandes nomes.

À autora foi solicitado uma história que falasse sobre os jovens e com os jovens. Ursula uniu a inconsequência a um grande legado e presenteou o mundo com O Feiticeiro de Terramar. Ainda que me mantenha em dúvida sobre meus sentimentos, de uma coisa sei: Ged ainda não tem meu coração. Enquanto o Kvothe do Rothfuss é um personagem que eu adoro, o nosso Gavião se mostrou muito inconsequente nesse primeiro livro para merecer o mesmo mérito. Porém, em questão de mundo, a amplitude do que a autora criou é inegável e eu adorei tanto esse universo quanto a história em si.

Se você é fã de fantasia, fica aqui a dica de mais um livro super bacana. Esse é o primeiro livro de uma quadrilogia (que também possui mais 2 livros extras) e acredito que no ano que vem já teremos uma continuação para que não demore muito para voltarmos a visitar Terramar. E, acho que de forma natural, se você leu e gostou de O Nome do Vento, precisa conhecer essa obra!

site: http://resenhandosonhos.com/o-feiticeiro-de-terramar-ursula-k-le-guin/
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Paulo 29/07/2018

A série Terramar é um clássico de fantasia. Sem dúvida alguma. Foi porta de entrada para inúmeros leitores. Foi inspiração para autores do calibre de Neil Gaiman, J.K. Rowling e Patrick Rothfuss. Isso sem falar na habilidade de escrita monstruosa da Ursula K. Le Guin. Portanto, antes de tecer qualquer crítica ao livro é preciso pensar nisso. Em segundo lugar, é preciso refletir sobre quando o livro foi lançado: 1968. Uma outra época com outros parâmetros, além de Ursula ter sido pioneira no gênero. Ela criou o parâmetro. Mas, quando eu abri o livro para ler apenas pensei em quão maravilhoso seria poder ler um livro da autora novamente. Amo de paixão a escrita dela. Acabei tendo sentimentos mistos em relação a este livro.

A escrita da Ursula é algo único. Ele ressoa como uma bela partitura de piano. É uma escrita sonora que possui uma série de elementos musicais como cadência, ritmo e precisão. Estamos diante de uma verdadeira contadora de histórias, cuja narrativa parece ser falada pela própria autora ao redor de uma fogueira. Qualquer leitor mais experiente vai perceber na hora a intencionalidade da colocação de frases e o quanto sua escrita nos coloca dentro do universo. Entretanto, ao mesmo tempo eu senti o peso da escrita dela. Tive muita dificuldade em determinados trechos, pois os parágrafos mais alongados criavam um cansaço maior em mim. O livro é pequeno, mas parece ter o dobro do tamanho. Fica aqui o aviso: não leiam rápido. O ideal é ler parcimoniosamente, atentando para todas as referências e informações que a autora vai deixando a cada página. Todas são importantes para a história em si.

Aparentemente, O Feiticeiro de Terramar foi escrito para ser apreciado por um público infanto-juvenil. Acho um pouco complicado isso. Apesar de não ser uma história violenta nem nada neste sentido, acho a leitura pesada demais para uma criança ou um adolescente. Se formos colocar obras mais ou menos contemporâneas de Terramar como A Espada de Shannara ou O Último Unicórnio (um clássico de Peter S. Beagle) vamos nos colocar de uma leitura mais amigável a este público. É possível ler, mas creio que vai exigir mais do leitor. Talvez eu não esteja conseguindo abstrair e me colocar na pele de um adolescente da década de 1960 (fazendo essa transposição), mas sei lá. Não consigo visualizar algo nesse sentido.

"Todo poder é um só em sua fonte e seu fim, acho. Anos e distâncias, estrelas e velas, água, vento e feitiçaria, a arte nas mãos de um homem e a sabedoria na raiz de uma árvore: todos surgem juntos. Meu nome, o seu e o verdadeiro nome do sol, de uma fonte de água ou de uma criança que ainda não nasceu, tudo isso são sílabas da grande palavra que lentamente está sendo pronunciada pelo brilho das estrelas. Não existe outro poder nem outro nome."

O protagonista, Ged, não é aquele personagem que você vai sentir afinidade. Ele não é um personagem "gostável". Ursula dá uma humanidade incrível ao personagem tornando-o humano, passível de erros e acertos. Em muitos momentos, a gente vai xingar o personagem pelas escolhas que ele faz ao longo da história. Por outro lado, é preciso dizer o quanto o personagem é bem delineado. Se podemos dizer algo sobre a história é que se trata de uma jornada de amadurecimento. Em um primeiro momento, Ged é arrogante, sentindo ser alguém acima das pessoas comuns. Sua conduta explosiva em vários momentos acaba lhe custando sua posição. Quando ele liberta algo assustador, Ged precisa se responsabilizar por suas ações. Sua arrogância vai lhe custar sua tranquilidade. Ele precisará partir e não estabelecer um local fixo para viver devido a uma força sombria que o persegue.

O que eu não gostei em relação aos personagens é que não há um desenvolvimentos dos coadjuvantes. A história se centra quase que inteiramente no Ged. Eu gostaria que a Ursula tivesse trabalhado outros personagens como o Vetch, o Jaspe e o Ogion. Fora a quase total ausência de personagens femininas relevantes para a história. Temos a bruxa Sennet e, mais tarde, a irmãzinha de Vetch, Milefólio. Mas, nenhuma com um papel que realmente fosse importante. Temos trechos enormes com apenas o Ged nos guiando pela história o que pode ficar bem chato depois de algum tempo.

A ideia de criar a magia dos nomes é genial. Certamente Ursula se inspirou nas antigas religiões mesopotâmicas de forma a demonstrar como cada palavra possui enorme poder sobre o objeto que ela nomeia. Isso serve para objetos, animais ou pessoas. Muitas antigas culturas acreditavam que uma pessoa exercia enorme poder sobre outra caso soubesse seu "verdadeiro nome". Ursula trabalha esse tema até de forma filosófica como na passagem que vemos acima. E até na forma como ela estabelece as limitações dos poderes mágicos. Não é que alguém vai sair lançando bolas de fogo por toda parte. Se eu uso o calor, algum lugar ficará com frio; é uma questão de troca equivalente. O feiticeiro deve entender quando deve ou não usar seu poder. Quando lemos obras como O Nome do Vento é possível estabelecer várias relações nesse sentido, apesar de Rothfuss avançar um pouco mais nesse assunto.

"Havia um peso e um temor em seu coração quando ele subiu as docas de Serd. Os dias ficavam cada vez mais curtos com a proximidade do inverno e o crepúsculo chegou cedo. Com o anoitecer, a inquietação de Ged sempre aumentava, e agora dobrar uma esquina parecia-lhe uma ameaça, e ele tinha que se esforçar para não ficar olhando para trás, por cima do ombro, procurando algo."

Sobre a narrativa propriamente dita, não consegui me engajar completamente. Essa é uma perspectiva bem minha mesmo. Por isso, eu acho que cada leitor vai retirar sua própria interpretação daquilo que está lendo. A história não foi capaz de me cativar muito pelo fato de eu não conseguir torcer pelo personagem. Ged é um personagem complicado de nos simpatizar. Por essa razão muito do que ele passa é fruto de suas próprias escolhas ruins. Ele paga por aquilo que colheu ao longo de toda a história. No terço final da história admito que estava me arrastando para terminar (tinha até iniciado outro livro para me estimular a terminar logo o da Ursula) e desfrutei menos da jornada de Ged. Mas, como eu disse: é algo completamente subjetivo da minha parte. Esse é um daqueles livros que eu irei reler posteriormente.

O Feiticeiro de Terramar é um clássico do gênero de fantasia. Se você teve sua fase de Harry Potter, gosta de O Nome do Vento e adora boas narrativas, esse é o livro para você. É um daqueles livros chamados de essenciais para todo leitor. Ursula tem uma escrita única e que eu gostaria de ver mais autores adotando a forma dela de contar uma história.

site: www.ficcoeshumanas.com
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Dexter 14/06/2018

Excelente magia sem clichê
A primeira coisa que me atraiu na saga foi ela ter sido adaptada em animação pelo Studio Ghibli. Sou fã deles e confio no bom gosto quando o tema é fantasia, por conta disso tudo o que eu imaginava enquanto lia era no traço característico deles e lógico, acabei achei tudo lindo. A segunda foi se tratar de uma história escrita em 1968 por uma mulher, data próxima a de "Senhor dos Anéis" e o melhor de tudo é que Ursula atingiu minhas expectativas. A escrita dela é muito boa, flui de modo fácil e não demora tentando explicar muita coisa. Ela diz o que é, onde é e o que aconteceu de modo rápido e você aceita. A história não se prende na maioria dos clichês do tema de fantasia. O protagonista não quer ser bonzinho, não existe um vilão malvado e não tem donzela ou reino em perigo. Ged é normal, tem conflitos de sentimentos entre o certo e o errado e tem ânsia de poder, sabendo a todo momento que tem um dom a mais que os outros. O mal/ameaça da história é criado a partir disso e acaba tornando a história mais uma busca pessoal do que um épico, o que não desmerece em nada o tema de fantasia, ao contrário, a descrição e explicação da magia em Terramar é excelente, em como o povo convive e como os magos aprendem. O livro não é extraordinário, não tem nenhum plot revelador, ou trama magnífica. Ele é simples, rápido e diferente dos clichês de fantasia padrão e por isso mesmo gostei tanto. A carta da Úrsula no final explicando os pontos que eu felizmente já tinha identificado enquanto lia foi a cereja do bolo e se eu não tivesse minha regra pessoal de "não ler continuações seguidas" já começaria o 2 hoje mesmo.
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Biblioteca Álvaro Guerra 23/05/2018

Um clássico da literatura de fantasia, onde magos, magias e dragões povoam as cidades.

Empreste esse livro na biblioteca pública

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788580412516
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bruno.rauber 25/02/2018

Foi difícil entender porque eu gostei tanto do O Feiticeiro de Terramar . Claro, a narrativa extremamente agradável da eterna Ursula K. Le Guin pesa bastante, mas lendo o posfácio da própria autora acho que algumas coisas ficaram mais nítidas.
A falta de um inimigo essencialmente "mau". A jornada de descoberta do personagem principal que, apesar de ser poderoso, não escapa das situações através do simples protagonismo. Os conceitos sobre uso dos nomes (que o Patrick Rothfuss viria a usar no O Nome do Vento, que por sinal não me agradou). Tudo isso aplicado com muita inteligência e sensatez, aliado ao fato de haver muita magia ao mesmo tempo que ela não é utilizada como um deus ex machina dentro da história, tornam esse livro tranquilamente uma das leituras mais essenciais do gênero que eu já tive o prazer de ter contato.
Afora tudo isso ainda tem o fator da importância histórica da obra. É muito interessante ver de onde inúmeros autores de fantasia tiraram sua "inspiração". Por exemplo, além do já citado Rothfuss, senti bastante da J.K. Rowling no texto também.
Agora resta esperar que a Editora Arqueiro publique o restante dos romances e contos. Aliás, excelente edição dela, pra mim só pecando não ter um mapa de Terramar destacável.
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Acervo do Leitor 02/02/2018

O Feiticeiro de Terramar – Ursula K. Le Guin – Resenha
Algumas obras são atemporais, alguns livros estão além de seu tempo. Visionários, clássicos e fortes influenciadores de uma geração vindoura. Nomes como Tolkien, Lewis, estão gravados para sempre na história da Literatura Fantástica e na memória dos fãs. Ursula K. Le Guin certamente está entre eles, infelizmente a autora, de escrita impecável e histórias recheadas de críticas sociais, não obteve até então o sucesso merecido em nosso país. O Ciclo Terramar, sua grande série de fantasia, é um clássico, absolutamente um clássico que inspirou e influenciou várias obras e autores do gênero, nomes como J. K. Rowling, Neil Gaiman, entre outros já expressaram publicamente seu apreço pela saga de Le Guin.

(…) Todo poder é um só em sua fonte e seu fim, acho. Anos e distâncias, estrelas e velas, água, vento e fetiçaria, a arte nas mãos de um homem e a sabedoria na raiz de uma árvore: todos surgem juntos. Meu nome, o seu e o verdadeiro nome do sol, de uma fonte de água ou de uma criança que ainda não nasceu, tudo isso são sílabas da grande palavra que lentamente está sendo pronunciada pelo brilho das estrelas. Não existe outro poder nem outro nome (…)

O Feiticeiro de Terramar conta a infância de Ged, um garoto pobre que vive em Dez Amieiros, aldeia situada na ilha de Gontz, famosa por seus magos e feiticeiros. O jovem descobre sua vocação após um determinado evento ocorrer em sua aldeia, e daí em diante parte numa jornada de muitas aventuras e perigos para descobrir até onde vão seus poderes e quais as consequências de seus atos. Ged é um personagem difícil de você gostar num primeiro momento, sua personalidade egocêntrica e com pouca humildade nos faz torcer o nariz em algumas situações. A todo instante o garoto quer provar algo a alguém, quer se manter em evidência, trilhando suas ações por caminhos pouco inteligentes. E justamente em um destes momentos é que entra o plot principal do livro, sua busca por redenção, as reflexões de seus atos e suas sequelas.

(…) O mundo mantém seu equilíbrio. O poder da transformação e de invocação de um feiticeiro pode abalar esse equilíbrio. É perigoso, esse poder. Nocivo em grande parte. E deve vir acompanhado do conhecimento e servir à necessidade. Acender uma vela é lançar uma sombra(…)

Ursula K. Le Guin conseguiu em poucas páginas criar um mundo gigantesco. Logo no início do livro nos deparamos com um mapa de toda a Terramar, e é absurdamente completo. São várias regiões, dezenas de ilhas e províncias, uma aula de mapeamento. Ao longo do livro vamos acompanhar Ged passando por várias destas localizações, e fazendo menções a tantas outras. Outras estas, que estarão nos demais volumes da série. Le Guin abusa da criatividade ao criar um plano de fundo sobre a história de Terramar, nota-se o cuidado aos detalhes que a autora teve. Sua escrita é um dos pontos fortes do livro. Instigante e reveladora. Mesmo nas primeiras páginas você já percebe que estamos diante de alguém que merece ter todo o reconhecimento possível por suas obras.

(…) Ged, ouça-me com atenção agora. Nunca lhe ocorreu que o perigo ronda o poder como a sombra persegue a luz? A feitiçaria não é um jogo que jogamos por diversão ou para receber elogios. Pense nisto: toda palavra, todo ato de nossa arte, é falada e é feita para o bem ou para o mal. Antes de você falar ou fazer, tem que saber o preço a se pagar! (…)

Recai sobre o livro o peso de seu tempo, o momento de sua publicação e as implicações disto aos novos leitores do gênero. Você reconhece muito dos padrões aqui presentes em outros livros, e é como um déjà vu. Várias obras são certamente a evolução deste, em muitos aspectos melhores, em outros, ainda falhos. E é aqui que cabe ao leitor a inteligência de saber situar o tempo a que esta obra foi escrita. Lá pelos anos 60, havia poucos livros de fantasia, com exceção de O Senhor Dos Anéis, nenhuma outra abarcava tanto sucesso ao gênero, e como a própria autora diz no posfácio, ela quis inovar, quis criar algo único e, mais do que isso, inserir suas críticas sociais de maneira subversiva, genial.

SENTENÇA
O Feiticeiro de Terramar não é o melhor livro de fantasia que você irá ler, mas talvez seja um dos mais importantes. Não somente por sua história, mas por toda a experiência e criatividade que ela nos traz. Ursula K. Le Guin é uma das figuras mais icônicas da Literatura Fantástica – e aqui incluo Ficção Científica -, e se você ainda não a conhece, corra atrás de seus livros e escute o que ela tem a dizer. O Feiticeiro de Terramar é um clássico, e merece ser tratado como tal. Que venha o segundo volume, que venha As Tumbas de Atuan.

site: http://acervodoleitor.com.br/o-feiticeiro-de-terramar-ursula-k-le-guin/
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Davenir - Diário de Anarres 26/10/2017

Leve sem ser raso, profundo sem ser prolixo e com aquela sensação de conhecer um mundo novo
Olá! Retorno para resenhar outro livro, e como sempre procuro fazer, alternando entre livros de estilos diferentes dentro do que gosto de ler. Desta vez, saindo do clássico cyberpunk para a Fantasia. Contudo antes de encarar um tijolão de fantasia clássico optei por uma breve mas profunda viagem que Ursula Le Guin traz em O Feiticeiro de Terramar. Diferente das discussões densas de Os Despossuídos ou A Mão Esquerda da Escuridão, temos um direcionamento para um público mais jovem sem perder a jornada de descoberta do protagonista.

A estória conta sobre Gavião, um grande mago de Terramar, antes de ser um grande mago. Gavião aprende desde muito novo as artes mágicas porém se torna rapidamente arrogante, rancoroso e impulsivo até que se torna vítima de um grande erro que o obriga a partir numa jornada que o leva a vários cantos desse mundo. Terramar é tomada por ilhas, onde conhecemos o mundo ricamente criado pela autora que nos dá olhos de viajante enquanto acompanhamos Gavião. Essa riqueza nos tira das dicotomias manjadas e abre horizontes como um marinheiro pelo mar desconhecido. A jornada de Gavião pelo autoconhecimento é a formação de seu caráter, ao qual acompanhamos minuciosamente sua transformação, desde a infância até o mago que conhecemos, comumente apresentado já em sua melhor forma.

A relação da autora com a palavra (para além do obvio, por ser uma escritora) aparece na importância que ela tem para o mago. Afinal é com ela que ele conjura feitiços. É com ela também que se dá nome as coisas e as pessoas, o meio para o conhecimento, a cultura dos povos que habitam esse mundo e sem ela o mago é impotente. Algumas palavras passam pouco percebidas na obra, são as pequenas subversões aos clássicos que tornam a obra muito relevante, como a cor da pele de Gavião (que não é branco, como foi retratado por muito tempo nas primeiras capas desse livro) e dos violentos invasores do império Karg (diferente dos medonhos e escuros orcs, os Karg são loiros e alvos). O que mostra que um livro para jovens não significa ser raso ou simplificado. Contudo, o fato da estória ser curta e centrada no mago Gavião, deixa os demais personagens com pouco espaço e evoluírem. Há pouco espaço para subtramas, ainda que o encontro com um dragão rendesse um conto isoladamente. O mapa e o posfacio são materiais auxiliares preciosos que vieram nesta edição. Visualizar no mapa nos submerge neste mundo e num livro que não chega a 200 páginas ganha ainda mais importância. Vale a leitura para ficar longe da fantasia batida das batalhas e guerras e próximo da magia no seu estado mais bonito.

site: http://wilburdcontos.blogspot.com.br/2017/10/resenha-66-o-feiticeiro-de-terramar.html
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Fernando Lafaiete 05/10/2017

O Feiticeiro de Terramar: 3 visões diferentes do mesmo livro!

O primeiro livro do Ciclo Terramar foi o escolhido entre eu e dois amigos para fazermos uma leitura conjunta. A escolha talvez não tenha sido a mais acertada, vocês entenderão após lerem as três opiniões aqui apresentadas.

#Leituraconjunta #AmigosdoSkoob
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Minha opinião
Minha nota: 4

Úrsula K. Le Guin é umas das autores mais aclamadas dentro da fantasia e da ficção científica. O Feiticeiro de Terramar foi pioneiro no gênero jornada de descobertas e feitiçaria e consagrou Le Guin como uma das autoras mais importantes da literatura internacional.

Entretanto, o livro em questão dificilmente agradará os leitores da geração Y. Pois Diante de outros livros de fantasia, "O Feiticeiro de Terramar" será encarado como um livro superficial, arrastado e mais do mesmo. Mas o que os leitores atuais precisam entender, é que os livros lançados no século 20, nada mais são do que inspirações ou até mesmo cópias descaradas deste clássico, onde os autores usam e abusam dos elementos criados por Úrsula K. Le Guin sem darem o devido crédito.

Nesta história, acompanhamos a jornada de Ged, um jovem que descobre possuir poderes mágicos e devido a isso acaba indo estudar em uma escola de magia. O sistema de magia criado pela autora, funciona através do nome das coisas. Se você sabe o nome real do que te cerca, você poderá controlá-las. Obviamente que para leitores assíduos de fantasia, já devem ter notado a semelhança óbvia com "Harry Potter" e "As Crônicas do Matador do Rei". Mas uma vez eu reforço, o livro de Ciclo Terramar foi lançado em 1967, bem antes do lançamento dos livros supra citados. Ou seja, não tem como o passado copiar do futuro.

Os 3 primeiros capítulos são bem frenéticos e a autora contextualiza o leitor de maneira bem rápida. Em um livro de 176 páginas, esta é a técnica de escrita e narrativa correta. Mas isso também causa um desconforto nos leitores de hoje em dia, pois a partir do capítulo 4, o ritmo se altera significativamente, se tornando bem mais lento e bem descritivo. Os diálogos são quase nulos e os blocos de textos são imensos. Este tipo de estrutura não me incomoda, pois já li outros clássicos de fantasia que possuíam este mesmo estilo. Pra ler um livro antigo como esse, é preciso se contextualizar e entender que este era o tipo de narrativa procurada antigamente... Com poucos diálogos e MUITAS descrições. Senhor dos Anéis é mais um bom exemplo disso.

Diante de tantas críticas negativas a respeito deste livro, eu iniciei a leitura esperando uma bomba em forma de livro. Mas fui surpreendido e achei o livro bom. Gostei de ter conhecido o livro que influenciou tantos autores do gênero e curti a metáfora que autora apresentou no final. Mas também senti falta de mais personagens relevantes e de interações mais significativas. Achei o desenvolvimento de alguns personagens bem rasos e me irritei com algumas incongruências relacionadas a alguns personagens. Mas como eu disse, curti a leitura e na verdade a minha nota real é 3.5, mas aumentei 0.5 devido ao posfácio que é maravilhoso. Quando ler o livro, se ler com atenção, perceberá que a autora realmente é talentosa e muito corajosa. Ela apresenta elementos que iam totalmente contra ao que a sociedade da época considerava o correto. Pra mim foi uma leitura bem válida!
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Opinião da Phanie:
https://www.skoob.com.br/usuario/1899632-ari-phanie
Nota final: 3.5

Comecei a ler Terramar esperando que fosse uma leitura de narrativa densa e lenta, mas nos três primeiros capítulos de introdução do personagem principal e mundo, achei na realidade a escrita da Úrsula bastante simples e ágil. E curti muito o Ged orgulhoso e vaidoso que foi apresentado. Pareceu mais compatível à personalidade de um adolescente a quem todos dizem ser poderoso. No entanto, a partir do quarto capítulo senti uma mudança relevante na narrativa e personagem que não me agradou. Infelizmente percebi a lentidão sobre a qual muitos falavam, o Ged é o único personagem de peso dentro da história, e isso não seria problema pra mim se a personalidade dele me agradasse mais. Mas após um incidente, ele ficou mais introspectivo e lamuriante.Tenho dificuldade com personagens assim. Também queria que houvesse mais personagens de peso, que não fizessem apenas aparições que em sua maioria não acrescentam nada a história. Senti falta de uma personagem feminina também, mas depois do
posfácio (que me fez admirar a autora muito mais do que sua história), acho que ela vai dá mais espaço às mulheres em seus próximos livros. Encerrando, foi uma leitura agradável por ser compartilhada com amigos, e acredito que mesmo que eu tenha achado mediana, vou investir no resto da saga.
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Opinião do Lucas:
https://www.skoob.com.br/usuario/1296021-lucas
Nota Final: 3

Primeiro, Não consigo gostar de livro quando não estou a fim de lê-lo. Já começa por aí. Depois de Aprendiz de Feiticeiro e agora Terramar, tenho certeza que não gosto muito dessas jornadinhas de heróis mequetrefes. Também não sou fã de magos. Por mais que Gandalf e Dumbledore sejam legais; o arquétipo de mago nunca me agradou. Não gosto desse tipo de magia de contos de fadas.

Gostei da escrita, com ressalvas pra frases longas que eu tinha de reler porque lia esquecendo o que estava antes (De novo ansiedade de terminar o livro, porque já comecei não tendo interesse nele).

Também tenho raiva de situações resolvidas as pressas. Essas mil e tantas encheções de linguiça podiam ter rendido mais tempo contra o dragão.

Jasper? A não ser que ele não apareça mais nem como secundário, totalmente desnecessário (e era o personagem mais interessante). A parte da escola, desnecessária. Tenho pra mim que se tu pretende escrever algo curto, não invente de inserir locais onde você pode fazer muita coisa e esse tanto de personagens.

Não gostei dos 3 primeiros capítulos porque destoaram do restante do livro. São basicamente um resumo da infância do personagem central. Coisa que eu não gostei muito no primeiro livro das Crônicas Saxônicas que faz algo parecido, porém melhor. Vai escrever a infância do personagem? Não me venha com resumo.

Gostei de não ser um livro de batalha, mas o final é bobo. A metáfora apresentada poderia ter sido feita sem o final ser a própria metáfora. As descrições não são interessantes. Ela aponta que existe ilha, castelo, casa... Mas apontar o que existe no mundo, não é o mesmo que descrevê-lo.

O aspecto intrínseco da magia nesse mundo é interessante. Bem mais bem aplicado do que Rothfuss faz parecer n'O Nome do Vento. Mas pra quem gosta de fantasia tem por obrigação ler Terramar. Pra conhecer o que moldou o gênero.
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Considerações finais:

Para a nossa leitura conjunta, escolhemos um livro que fosse inédito para os 3. Apesar de não estar muito interessado no Feiticeiro de Terramar, quem indicou o livro foi o Lucas (rsrs). O Lucas tem uma visão bem diferente sobre livros de fantasia e isso colaborou bastante nos nossos debates. O livro tem 10 capítulos, sendo que dividimos a leitura em 3 dias (3 caps - 3 caps - 4 caps). Valeu muito apena esta experiência de leitura conjunta. Muito obrigado Phanie e Lucas por terem aceitado o meu convite. Debater com vocês sobre o livro enquanto liamos foi bem interessante e as vezes acirrada (rsrs). Espero que nossas opiniões sejam úteis para quem deseja ler este livro. E pra quem já leu, sinta-se a vontade de conversar conosco nos comentários, caso você tenha tido paciência de ler as três opiniões. :)

Nota conjunta (somei as 3 notas individuais e dividi por 3): 3.5
Ari Phanie 05/10/2017minha estante
Ri aqui na parte do Lucas huahuahua. Ótima resenha, Fernando. Como disse no grupo, amo Senhor dos Anéis, e poucas vezes me encomodou o textão denso. Mas n foi o caso com Terramar. Acho q gostar ou n, não envolve apenas o hábito.


Ari Phanie 05/10/2017minha estante
Se formos fazer algo semelhante de novo, sugiro outro genêro. Talvez suspense pra v se anima o Lucas.


Fernando Lafaiete 05/10/2017minha estante
Verdade Phanie... Eu também ri muito quando o Lucas me mandou a parte dele. Ele fez o que eu normalmente faço; detonou o livro! Rrsrs


Fernando Lafaiete 05/10/2017minha estante
Super aceito fazer de novo com um novo gênero. Amo suspense!!


Lucas 05/10/2017minha estante
Vou arranjar um livro único e que não seja de fantasia pra próxima.


douglas 05/10/2017minha estante
Concordo bastante com a opinião da Phanie. A personalidade do Ged tambem passou a me incomodar e senti falta de mais personagens de peso e uma personagem feminina mais relevante. E concordo com o Fernando que o posfacio é maravilhoso.


Lucas 05/10/2017minha estante
Nem espero ver mulheres nesses livros curtos da época em que Judas perdeu as botas. Já sei que as chances de ter são poucas mesmo.


Fernando Lafaiete 05/10/2017minha estante
Eu gostei mais que eles do livro Douglas. Não achei ele tão ruim como dizem e nem vi tantos defeitos como o Lucas (rsrs). Mas super entendo o desanimo que ele causa na maioria dos leitores!


Fernando Lafaiete 05/10/2017minha estante
E no segundo livro a protagonista é uma mulher... eu achei isso ótimo. Agora que o feminismo está bem presente, acredito que a continuação poderá agradar mais os leitores de hoje, se formos considerar este aspecto.


Ari Phanie 05/10/2017minha estante
Sim, a mim vai agradar e mto rs ;)


douglas 05/10/2017minha estante
Ah, acho que nenhum de vocês leu mas A Sombra do Vento do Zafon é um livro incrivel, fica a dica para uma possivel leitura conjunta de vocês.


Lucas 05/10/2017minha estante
Eu ia sugerir Xogum do James Clavell.


Fernando Lafaiete 05/10/2017minha estante
Eu vou ler A Sombra do Vento muito em Breve Douglas. Ouço tantos elogios que estou bem curioso pra saber se é realmente tudo que dizem. E este livro que você citou Lucas eu não conheço; darei uma pesquisada!


Ari Phanie 05/10/2017minha estante
Vou ler Sombra do Vento ano que vem.


Fernando Lafaiete 05/10/2017minha estante
Rrsrsrs... Acho difícil lermos Xogum Lucas. :/


Lucas 05/10/2017minha estante
Medo do tamanho?


Fernando Lafaiete 05/10/2017minha estante
Não tenho medo de livros grandes, quem lê Os Miseráveis não tem como ter este tipo de medo. Mas pra leitura conjunta ficaríamos o ano todo lendo. Livros grandes como esse eu prefiro sentar e ler de uma vez. Sem ter um cronograma de ritmo pra seguir.


Ari Phanie 05/10/2017minha estante
A história parece massa, mas esperava algo mais tranquilo de ler dessa vez. E n agora, claro.


Lucas 05/10/2017minha estante
Agora não dá mesmo. Tenho Sleeping Beauties


Lucas 05/10/2017minha estante
Talismã, Stormlight e Pilares da Terra pra terminar.


Lucas 05/10/2017minha estante
Agora não dá mesmo. Tenho Sleeping Beauties, O Talismã, Stormlight e Os Pilares da Terra pra terminar.




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Lê | @ledelicor 06/09/2017

O Feiticeiro de Terramar - Ursula K. Le Guin
Sobre o Livro

Na ilha de Gont, no arquipélago Terramar, vive Duny, um menino órfão de mãe e que mora com o pai. Um dia, ele escuta sua tia chamando uma cabra, mas as palavras usadas por ela são desconhecidas para ele. Curioso, ele decora-as, e, no outro dia, quando usa as palavras, consegue também controlar o animal.

Sua tia, que é uma bruxa, presencia a cena e, na hora, percebe que Duny tem poderes de feiticeiro. Com isso, ela decide treiná-lo, ensinando feitiços básico, e aos 12 anos ele já domina todos os feitiços que aprendeu. Quando sua aldeia é atacada por outro povo, o garoto usa seus poderes para salvar as pessoas do ataque, contudo a magia usada por ele é tão forte que o deixa com sequelas, que nem mesmo sua tia consegue curar.

Enquanto se recupera, a história de como Duny salvou a aldeia vai se espalhando entre outras ilhas. Até que Ogion, um mago muito poderoso, vai até sua casa para transformá-lo em seu aprendiz, assim que completar 13 anos. No dia de seu aniversário, quando está indo embora, Duny recebe um novo nome de seu mestre, agora ele será Ged.

Durante o tempo que fica na companhia de seu mestre, Ged acha que não está aprendendo nada. Sempre muito presunçoso e insatisfeito, ele vive reclamando que o mestre não ensina magia para ele. Até que um dia, o aprendiz encontra uma menina que o desafia a fazer um feitiço muito grande, com isso ele vê a possibilidade de mostrar seu poder. Contudo, algo dá errado, e ele acaba sendo atacado por uma sombra que parte para cima dele, Ogion chega na mesma hora, salvando-o.

Após o acidente, Ged decide ir para uma escola de Magos, em Roke, deixando assim seu mestre. Lá, Gavião, como decide ser chamado, faz um amigo, Vetch, e um inimigo, Jaspe. Sua relação com dois influencia nas suas atitudes dentro da escola, além disso, ele quer ser o melhor. Assim, mais uma vez sua arrogância fala mais alto, e, em um momento de raiva, para mostrar seu poder, Ged faz um feitiço que liberta de vez a sombra.

Agora Gavião terá que lidar com as consequências de seu ato, fugindo da sombra que o persegue ao mesmo tempo que luta para mostrar seu valor.

Minha Opinião

Uma das coisas que mais gostei no livro foi o sistema de magia, que é constituída através do uso de palavras. Porém para evocar o poder de algo através de palavras é necessário saber o nome de origem das coisas. Contudo, quando o nomes é o das pessoas, eles não devem ser revelados, por isso os magos tem uma espécie de apelido. E assim que Ged escolhe ser chamado de Gavião. Além disso, há muitas coisas que não podem ser nomeadas ou seu nome "verdadeiro" ainda não foi descoberto.

Outro diferencial nesta história é que ao começar a leitura já sabemos que o protagonista é um grande mago em Terramar. E na verdade vamos voltar no tempo e acompanhar toda a sua trajetória até ele se tornar esse grande mago, conhecido como Gavião.

Ged foi um protagonista difícil de engolir. Egoísta, vaidoso, ambicioso e arrogante, só pensa em ser o mais poderoso e está sempre tentando provar que é o melhor. Sua vontade de aprender ultrapassa todos os limites, ele nunca pensa nas consequências de seus atos. Porém, conforme cresce, ele aprende com seus erros, mas nem mesmo depois disso consegui gostar dele.

A autora ousou ao trazer um protagonista negro, assim como praticamente todos os outros personagens do livro. Contudo, isso não é explícito no livro, Ursula faz um ou dois comentários durante toda a narrativa, pois na época em que o livro for lançado, nos anos 60, o preconceito era muito forte.

A edição do livro está muito bonita, logo nas primeiras páginas tem o mapa de Terramar, que por ser grande foi dividido em duas páginas, isso acabou escondendo entre o miolo do livro uma parte do mapa, o que dificultou na hora de procurar alguns lugares citados na história. No final, encontramos um posfácio, escrito pela autora, no qual ela conta os motivos que levaram-na a escrever o livro e quais foram suas motivações para criar o mundo, os personagens e a trama.

O livro é super curto, e, mesmo assim, a autora consegue mostrar uma boa parte da vida de Ged, sem enrolação. Vamos acompanhando seu crescimento com alguns intervalos de tempo, mas isso não dificulta o entendimento da história, todos os acontecimentos ficam muito claros. Apesar de ter uma escrita bem direta, Ursula abusa dos detalhes, o que deixou minha leitura um pouco mais lenta.

Confesso que eu espera mais do livro. Acredito que Ged tenha um pouco de culpa na minha opinião final! O Feiticeiro de Terramar segue aquela linha que já conhecemos da "Saga do herói", com certeza é um livro que todo fã de fantasia deve conhecer!

site: http://www.lelendolido.com.br/2017/07/resenha-96-o-feiticeiro-de-terramar.html
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Carlos 03/09/2017

Incrível
O ciclo de Terramar vai contar a saga do grande mago Gavião, sendo que esse primeiro livro conta os primeiros passos de Ged e sua primeira grande aventura.
O sistema de magia criado pela autora é incrível e foge do tradicional, a estrutura da escola de magia é muito legal.
Nesse primeiro livro encontrei um pouco de vários outros universos que adora, como Harry Potter e As crônicas do matador do rei.
Um fato interessante é que ele foge da fantasia tradicional, nas quais existe a luta entre bem e mal e guerra para todo lado, sem contar que o perfil dos personagens é muito diferente do que estamos acostumados, criando uma bela crítica do começo ao fim. Uma verdadeira Aventura.
Por fim só posso recomendar essa ótima obra, pois é simplesmente maravilhosa.
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AmadosLivros 23/08/2017

Este livro foi publicado originalmente em 1968, e, ao meu ver, é uma grande obra prima da literatura fantástica. Primeiro pela representatividade, em plena época de 70 é raro você encontrar obras com protagonistas negros, como é o caso do livro. Segundo, por ser uma daqueles livros curtinhos, que você senta e devora em um único dia, e fica ansioso para ter mais da história.


Nesse livro, somos apresentados a jornada do Mago Ged, que no futuro se tornará o grande Mago conhecido como Gavião, e realizará grandes feitos. Mas, aqui, ele ainda é apenas uma criança que perdeu muito cedo a sua mãe, e acabou por mostrar grande potencial para magia, salvando sua aldeia de um ataque, e depois tornando-se aprendiz de um mago, até ir para a "escola" dos magos. Não, não é Hogwarts, mas é tão incrível quanto.

Como a maioria dos adolescentes que possuem grande potencial, Ged possui um grande defeito: seu orgulho e vaidade. Então, em um momento de puro exibicionismo, ele acaba chamando forças com as quais ele não era capaz de lidar. Seu futuro torna-se incerto, e cheio de perigos.

A autora consegue desenvolver a narrativa de forma bem interessante, explicando o conceito da magia (como ela imaginou), e nos apresentando ao mundo que ela criou. Algumas partes do livro acabaram sendo um pouco arrastadas, mas considero isso normal para um primeiro livro. Foi uma leitura rápida e bem gostosa. Recomendo para os amantes da fantasia.

site: http://amadoslivros.blogspot.com.br/2017/08/livro-o-feiticeiro-de-terramar.html
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Leitora Viciada 07/08/2017

Resenha para o blog Leitora Viciada www.leitoraviciada.com
Adaptações cinematográficas de livros de fantasia, como as franquias O Senhor dos Anéis e Harry Potter, consagraram o gênero literário. Fantasia se tornou muito popular. Isso impulsionou o mercado editorial na última década, que tem lançado cada vez mais séries de fantasia longas, com enormes expectativas de vendas. Muitas sagas são publicadas já pensando em potenciais adaptações. Antes, lá na década de 1960, a escritora americana Ursula K. Le Guin compôs o primeiro volume da série Earthsea (traduzido como Terramar). Numa época em que poucos leitores consumiam fantasia (considerada infantil); quando não se publicava um livro fantástico pensando em produções grandiosas para cinema, TV ou streaming, Ursula, uma das mais importantes autoras de ficção científica e fantasia da atualidade, foi convidada por um editor a escrever um "romance para crianças mais velhas".
Ela aceitou o desafio de escrever fantasia juvenil, num momento em que o máximo de fantasia não infantil era O Senhor dos Anéis, obra que sempre admirou. Precisava seguir o tradicional e pensou nos magos clássicos como Gandalf ou Merlim e os imaginou jovens. Como eles eram quando inexperientes e imaturos? Será que erraram antes dos acertos? Quem eram antes dos poderosos guias de heróis? Ursula criou seu mago, o Gavião, e decidiu escrever sobre como ele se tornou poderoso, o que fazia, quem conheceu, quais obstáculos encontrou.
O cenário de uma história de fantasia também é importante, portanto Ursula criou Terramar, um Arquipélago com dezenas de ilhas rodeado por mares desconhecidos. Ela havia escrito um conto em 1964 que serviu como esboço da ideia, mas foi em 1968 que A Wizard of Earthsea foi publicado pela primeira vez.
Somente em 2016 essa obra-prima da fantasia, já considerada um clássico no gênero, chegou ao Brasil. O Feiticeiro de Terramar é o primeiro volume do Ciclo Terramar, pela Editora Arqueiro, traduzido por Ana Resende, em exemplar com o mapa de Terramar no interior, orelhas, páginas amareladas, boa diagramação e linda capa (com ilustração de Ursula "Sulamoon" Dorada).

Para ler toda a resenha acesse o Leitora Viciada. -> leitoraviciada.com
Faço isso para me proteger de plágios, pois lá o texto não pode ser copiado devido a proteção no script. Obrigada pela compreensão.

site: http://www.leitoraviciada.com/2017/08/terramar-1.html
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Angel 28/07/2017

Quem me conhece sabe que não sou tão fã de fantasia, mas sempre gosto de ler algumas pra variar um pouco. Ler só o mesmo gênero me cansa um pouco.

Quando comecei ler O Feiticeiro de Terramar, eu estava com altas expectativas, vi elogios, e acho que fui com muita sede ao pote. Me decepcionei um pouco com o livro.

Nessa história conhecemos desde a infância a história de Ged, ou Gavião como todos o conhecem.
Sua jornada começou na pequena aldeia onde nasceu quando aprendeu com uma tia pequenos feitiços, e quando chegou a hora seguiu o Mago Ogion que lhe ensinou muito, porém ainda era pouco, então ele foi para a ilha de Roke, onde tinha uma escola de magos, porém é lá que o verdadeiro perigo de sua jornada começa, quando por mera vaidade ele faz algo que coloca sua vida em risco.
Ele viaja por toda a Terramar na tentativa de se livrar do mal que ele mesmo causou, e no processo faz amigos, encontra muitos perigos e desafios.

O que me decepcionou nesse livro foi que apesar de curto, achei ele bem arrastado, como parte da jornada do Ged é bem solitária em vários momentos não tinham diálogos e só descrições e descrições.
Só depois que li o livro que descobri que a série tem mais 4 livros e um conto, então como esse foi apenas o primeiro grande desafio de Ged, acredito e espero que os próximos livros me agradem mais.

São tantos os nomes de pessoas e lugares que foram citados que nem me lembro de todos, principalmente porque levei umas duas ou três semanas para terminar a leitura, e olha que o livro é bem curtinho, mas temos destaque entre os personagens Jaspe, que acredito que terá papel fundamental nos próximos livros, e Vetch, grande amigo de Ged, e o Mago Ogion, que muito sábio aconselhou Ged quando foi necessário.

O Ged foi um personagem que até agora não sei como me sinto em relação à ele. Sua vaidade o deixou irracional em alguns momentos, mas também foi corajoso, fez o que foi necessário em outros momentos. Ele me irritou bastante, mas também consigo entendê-lo. E também já temos uma prévia das dimensões de seu poder e porque ele se tornou uma lenda em Terramar.

A história é narrada em terceira pessoa, e como disse pra mim foi bem arrastada por conta das descrições em excesso, não gosto muito, e fantasia não estar entre os gêneros que mais gosto, me fez não apreciar tanto a leitura quanto as pessoas que me indicaram.

"A feitiçaria não é um jogo que jogamos por diversão ou para receber elogios."

site: http://a-libri.blogspot.com.br/2017/03/resenha-o-feiticeiro-de-terramar-ursula.html
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