Thai Zavadzki (@meowbooksblog) 14/01/2019
Mais uma vez enganada pela capa.
Não vou nem negar que comecei a ler esse livro pela capa. A sinopse também me agradou, mas o principal fator que me chamou atenção foi a capa.
Aqui acompanhamos Stephen, um duque que tem metade de sua face danificada devido a determinado episódio traumático de guerra e Rosaleen, uma inglesa que acaba de perder o pai e vai tentar a vida na França. Ele acaba a contratando como criada e a partir daí a história vai se desenvolvendo.
Uma coisa que achei interessante logo de início é que o livro se passa na França, é muito raro encontrarmos um romance de época que fuja da Inglaterra, aprovei isso. O que não aprovei foi a forma como o estupro é tratado nesse livro, e isso não é spoiler, acontece logo nas primeiras páginas. Rosaleen age como se nada fosse, sendo que ela era uma moça virgem e ingênua, se for para você tratar um tema tão pesado e complexo como o estupro, favor fazer um trabalho bem feito. Pesquise, converse com pessoas. É desrespeitoso colocar de forma como se fosse nada, para falar o mínimo. É novamente aquela coisa do estupro sendo usado como ferramenta para algo que assim... Não precisava. Podia ser outra coisa, facilmente. Entendo que no final das contas foi isso que juntou o casal, mas... Não consigo defender, sério. Para mim isso não desce. Era para a protagonista ficar no mínimo abalada e relutante na presença de homens, isso não acontece e me irrita.
Talvez, se eu conseguisse ignorar esse fato, teria aproveitado melhor da leitura, mas não posso mais ignorar, sinto muito.
Nem mesmo as cenas eróticas, que são muito elogiadas nesse livro, chamaram muito minha atenção.
Apesar de tudo, acho que a escrita da autora fluiu bem, e até que gostei de Stephen. Ele não é aqueles mocinhos chatos que costumamos ver.
Enfim, escrita promissora, mas enredos pesados sendo tratados de forma superficial é o que estraga quase inteiramente esse livro. Acho que é hora de apenas usarmos o abuso na literatura caso queiramos fazer um desenvolvimento real em cima disso, as pessoas abusadas já são encaradas como mentirosas e exageradas, fazendo enredos assim, querendo ou não, acaba ressaltando essa opinião. Não que seja a intenção da autora, não acho que foi isso, mas não há como negar que ela foi descuidada nesse ponto.
Termino essa resenha dizendo que para mim já chega ficar aguentando abusos mal retratados na literatura. Agora, se ver algo assim no início, já vou parar de ler logo de cara, é desconfortável e bem chato.
Apesar de tudo, deem uma chance ao livro. Opiniões variam e é uma autora nacional, apoiem ela, desejo todo o sucesso à Elissandre, mesmo que seu livro não tenha funcionado para mim.
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