Christiane 09/05/2023
Este é um livro que todos os pais ou responsáveis por crianças e adolescentes devem ler.
Quando ocorre um massacre, e se na época em que ocorreu o do livro, em 1999, não tínhamos isto aqui no Brasil, agora está presente e ocorrendo, para nossa tristeza e preocupação, mas retomando, quando ocorre um massacre a tendência é sempre pensar que os autores são algo como monstros, psicóticos, que os pais são negligentes ou abusivos, que o agressor sofreu traumas e abusos.
Esta reação que temos é para nos manter confortáveis, ou seja, na minha casa não tem ninguém capaz de fazer algo assim. E é aí que nos enganamos, ainda mais atualmente quando estamos vendo crianças e jovens com ansiedade, depressão e inclusive se suicidando. Mais do que nunca leiam este livro.
O massacre na escola de Columbine ocorreu em 1999, e foi a partir dele que passamos a conhecer o termo bullying, mas não pensemos que isto foi a causa do que ocorreu. De fato se constatou que na escola havia uma turma que praticava bullying contra as crianças e adolescentes e ninguém tomava providências. Foram dois adolescentes - Eric e Dylan que entraram na escola e fizeram o massacre.
O livro é escrito pela mãe de Dylan, e não se trata de um tributo ao filho, apesar de todo o amor que ela tinha e tem por ele, era seu filho. Mas é um aviso, um alerta.
Sue não conseguia entender como alguém que foi criado e educado em sua casa pudesse fazer isto. Como ela não percebeu sinais de que ele poderia fazer isto? Ao contrário do que se pensa, Sue era uma mãe super dedicada aos filhos, dois meninos, e Tom, o pai, também. Era uma família de classe média, estruturada, amorosa, generosa, que educava e cuidava dos filhos, que valorizava tradições, que prezava pelos encontros familiares e por fazerem coisas juntos, e também que não se furtavam de punir ou reprimir quando necessário. Dylan era um garoto aparentemente alegre, brincava muito, era muito amoroso, o companheiro. Então como pode?
O que Sue e Tom não perceberam totalmente era que ele tinha depressão e camuflava isto muito bem. Nem psicólogos notaram. Era uma dor e um vazio imenso que ele carregava dentro de si. E em certo momento começou a pensar em suicídio, mas não tinha coragem de fazê-lo. Eric já era uma garoto problema, mas seus pais buscaram ajuda psiquiátrica, terapias, e tentavam ajudá-lo como podiam. Quando os dois se juntaram, um com muito ódio dentro dele, o outro com dor e vazio, um querendo matar e o outro querendo morrer, culmina no que sabemos, a morte de 13 pessoas e várias feridas, algumas com lesões permanentes.
Sue leva anos para começar a compreender, ela não tinha noção dos sinais em adolescentes sobre depressão, que é diferente do que em adultos. Sabia que algo não ia bem, mas jamais poderia pensar que isto resultaria num massacre.
Após o ocorrido, tudo que ela enfrentou junto com Tom e seu outro filho. O luto de um filho, ser mãe de um assassino, a mídia os acusando, a comunidade os acusando em parte, alguns não o fizeram. Receber ameaças, ter que se recolher dentro de casa, onde deveria ser um lar, e era, e de repente é um inferno. Também houve muita ajuda, amigos, vizinhos, e pessoas generosas e que também passaram por situações parecidas com filhos.
Ela era casada com Tom há 30 anos, alguns anos depois o casamento ruiu também. Mas esta mulher apesar de toda sua dor, é corajosa, e decidiu escrever este livro que lhe trouxe tudo novamente a lembrança e a revivência, para alertar outros pais, para que não passem por tudo que ela passou e ainda passa.