Marlene C. 24/01/2018[Resenha] Tutor - Sue HeckerPedro Salvatore é um homem de 32 anos, atormentado pelos problemas do passado. Ele sofre de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) e encontra na autoflagelação uma via de escape.
Sua mãe teve suas pernas amputadas ainda na adolescência devido a um câncer ósseo, e apesar de ter crescido com muito amor ele nunca perdoou seu pai por abandonar sua mãe e não ser homem suficiente para assumir suas responsabilidades como pai.
Então quando o passado voltar a bater em sua porta, ele não está preparado para as mudanças que virá, junto com suas novas responsabilidades.
Beatriz Eva é uma adolescente de 17 anos, que sofre um acidente junto com seus pais e é a única sobrevivente. Seu estado é muito grave, o que faz com que ela seja submetida á diversas cirurgias, mas ela é uma guerreira e está disposta a lutar com unhas e dentes pela sua vida.
Quando ela enfim acorda, dá de cara com Pedro que dorme em uma poltrona e sente uma ligação imediata com ele, e mesmo sem memória alguma para lhe guiar nossa nova fase da sua vida, ela sabe com certeza que ele será dela.
- Você é um grande presente que a vida me deu.
- Achei que você nunca iria me desembrulhar.
Pedro recebeu uma ligação de Maria Luiza que estava entre a vida e a morte no hospital, ao chegar no hospital ela pede que ele cuide de sua filha, o que não é uma decisão fácil para ele, já que ela está ligada a mulher que se casou com seu pai logo após ele abandonar sua mãe, e mesmo sem ter prometido nada já que Maria morre, o senso de responsabilidade fala mais alto, ele não pode abandonar uma menina órfã a sua própria sorte.
Tutor foi uma leitura bem divertida, apesar da sua carga emocional. Bya faz de tudo para chamar a atenção de Pedro, mas apesar da explosiva atração que existe entre eles, ele resiste já que seu papel deveria ser de cuidar dela e não se envolver amorosamente, mas a pergunta que fica é: por quanto tempo ele consegue resistir?
Minhas escolhas são mais fortes que as minhas vontades.
Pedro luta de todas as formas para não sucumbir aos sentimentos que sente por Bya, mesmo sabendo que essa é uma batalha perdida, já que quando o assunto é sentimentos, não temos absolutamente controle nenhum.
Enquanto Pedro é centrado, Bya é impulsiva e inconsequente, no decorrer da leitura ela tem umas atitudes bem infantis, e quando o assunto é Pedro ela perde totalmente a razão, não que isso seja um coisa ruim já que é nesses momentos que ela protagoniza as cenas mais inusitadas e engraçadas do livro.
Eu adorei como a Sue Hecker abordou o assunto TOC, ela escreveu de maneira clara o que é e o que acontece quando a pessoa sofre de Transtorno Obsessivo Compulsivo, assim também como falou dos tratamentos e que sim é possível uma pessoa ter uma vida normal, apesar de tudo, mas ela não focou nisso, o TOC foi abordado como uma característica do personagem e não uma doença, não como algo que fizesse dele menos do que ele realmente é, com o passar dos anos o Pedro aprendeu lidar com a doença sem se deixar abater.
O mesmo aconteceu com o fator idade, já que Pedro é 15 anos mais velho que Bya, isso em momento algum foi o foco da leitura, ela abordou sim, mas foi como se ela estivesse simplesmente afirmando que o céu é azul ela não fez disso algo Taboo, o que eu particularmente adorei.
As cenas de sexo foram bem quentes mais não forçadas, a autora descreve tudo com clareza, mas sem tornar o ato vulgar ou sem nexo.
Alguém aí quer churros? (Piada particular)
Conforme as páginas vão passando, vamos acompanhando o amadurecimento dos personagens mesmo a Bya deixa de ser tão impulsiva, quando a uma chance real de existe um relacionamento além do sexo ambos estão dispostos a tentar fazer disso algo especial, aprendendo com os erros e aceitando as diferenças um do outro.
O livro é narrado em primeira pessoa, por ambos os personagens, a edição é bem simples, folhas amareladas e letras confortáveis, a cada novo capítulo há uma rosa que é a mesma que está na capa, que por sinal tem tudo a ver com a história.
A vida é como uma roda-gigante em movimento: muda constantemente de posição. Os sentimentos são oscilantes. Quando estamos lá em cima e temos medo de altura, não podemos pensar em olhar para baixo. Quando estamos embaixo, queremos estar no lato, e assim sucessivamente. A vida ás vezes me assusta, outras nos alegra. Viver com Beatriz tem feito a minha roda gigante girar mais rápido.
A autora escreveu com maestria o relacionamento entre Bya e Pedro, não fazendo disso um conto de fadas apenas esperando o seu felizes para sempre, pelo contraio ela criou personagens humanos com falhas e defeitos, assim como também descreveu o quão importante é, aceitarmos as pessoas pelo que elas são, já que ninguém é perfeito.