Isis C. 01/02/2010
Um livro que marcou a minha vida
Existem livros que são capazes de marcar nossas vidas, e "Sobrevivi para contar" com certeza marcou a minha vida.
Achei que ia ser um livro muito triste, já que Immaculée Ilibagiza, a moça da capa, conta sobre sua antes, durante e depois do genocídio que houve em 1994 em Ruanda, na África. Realmente existem algumas partes tristes, mas ao ver a luta da moça e sua vontade de viver, nos sentimos felizes e capazes também. Muitas pessoas sequer ouviram falar desse genocídio. Eu, por exemplo, sabia que isso tinha acontecido, mas não sabia as proporções do fato e os estragos causados. Fiquei indignada ao ler que os chamados países "desenvolvidos" não deram a devida atenção à situação. A ajuda mesmo chegou tarde demais.
Immaculée conta como enfrentou tudo. Antes, ela tinha uma vida perfeita: pais, irmãos, namorado, amigas, universidade, uma casa boa, etc. Sua etnica era tútsi, e é uma história complexa (que ela explica direitinho no livro) entender porque os hutús (a etnia predominante em Ruanda) massacraram os tútsis. A família de Immaculée era católica, e ela tinha muita fé em Deus. Também era muito estudiosa, buscava ser sempre a melhor na turma. Com o massacre, seus pais e irmãos foram assassinados e ela teve que se esconder em um minúsculo banheiro secreto de um bondoso pastor hutú com mais SETE mulheres durante 3 meses. Sim, isso mesmo! Elas não podiam conversar, pois havia o risco de serem ouvidas; não podiam andar, porque ficavam todas apertadas naquele pequeno espaço; não podiam se alimentar direito pois tinham que comer os restos de comida dos empregados e filhos do pastor para não levantar suspeitas; não podiam tomar banho; não podiam dar descarga até que houvesse muito barulho. A gente sente até vergonha de reclamar sobre qualquer coisa ao ler o livro..
E a pergunta que não quer calar: COMO ela suportou tudo isso? A respota é única: DEUS. Não importa qual for sua religião ou se sua fé está fraca, este livro te mostra a verdadeira força dos poderes de Deus. Depois de ler o livro, sinto que minha fé foi renovada. Ela rezava sempre dentro do banheiro, tentando não ceder ao desespero ou à loucura. Acredite: os assassinos fizeram várias revistas na casa do pastor, gritaram pelo nome de Immaculée, falando que iam encontrá-la matá-la! Ela suportou tudo isso e muito mais porque acreditava que Deus não a abandonaria, e que tinha uma missão para ela. Até então, ela só não sabia qual.
Immaculée conseguiu sobreviver, mas passou por muitos perigos até estar completamente segura. Teve que se refugiar com os soldades franceses que foram dar apoio (tardiamente) à Ruanda. Descobriu que sua melhor amiga (que era hutú, o que não tinha sido um problema entre as duas até o início do massacre) não conversava mais com ela e desejava a sua morte. Descobriu que seu namorado não a amava mais. Descobriu que quase toda sua família foi morta. Mas ela NÃO DESISTIU! Durante o perído no banheiro, Immaculée SOZINHA aprendeu inglês com um livro dado pelo pastor. Depois que saiu de lá e se mudou para a capital, tentou durante meses um emprego na ONU. Foi humilhada, mas não desistiu. E, com sua fé em Deus, conseguiu um emprego! Além disso, Immaculée pediu a Deus um homem para amar. Sua única exigência era que ele fosse católico também. E adivinha só.. Hoje ela mora nos Estados Unidos com seu marido, tem dois filhos e trabalha na ONU. É ou não é uma lição de vida?
Super recomendo a todos. Aqueles que se sentem tristes, aqueles que buscam inspiração, aqueles que acham que tudo está perdido, aqueles que querem se informar sobre o genocídio.. Eu amei o livro e digo: valeu MUITO a pena eu ter lido.