Wes 11/04/2024
Relendo este 3º volume de Fullmetal, percebo os porquês dessa obra ser, ao lado de Samurai X, um de minhas favoritas. Por ter sido um título mensal, há uma quantidade maior de páginas por capítulo, o que contribui muito no desenvolvimento da trama e dos personagens. Tudo é conduzido com paciência e boa vontade, permitindo que possamos passar mais tempo na companhia dos irmãos Elric e do mundo que os engloba, sem achar que desvios convenientes para a narrativa e o roteiro estão sendo feitos. Temos, em Fullmetal, mais um exemplo atípico de battle shonen, já que, como mais da metade desse volume demonstra ser, não há um engajamento frenético em batalhas ou conflitos físicos, mas sim num drama soberbamente bem delineado para quase que a integralidade de todos os envolvidos. Para além disso, há em Fullmetal uma construção de mundo fortemente político. Pode-se, de início, até não se aperceber, mas nossos personagens vivem em um país ditatorial, muito semelhante à Alemanha Nazista dos anos 1930. E não só isso, pois muito leva-se a crer que os personagens advindos de Ming também vivem em contexto semelhante. É um universo quase "destinado" ao autoritarismo que, pelos protagonistas serem figuras proeminentes do governo ou da monarquia, aparentam pouco serem afetados por isso. Mas a obra possui um povo que serve de contraponto à isso, os ishvalianos, que basicamente representam os judeus nesse contexto fictício. Com Scar sendo a representação do que o preconceito e a desumanização podem acarretar. É por esses e outros motivos que Fullmetal sempre será essa obra extremamente atual que, por mais que o tempo passe, mostra-se sempre disponível à diversas novas interpretações e analises.