Lorrane Fortunato 24/07/2016
Resenha - Como Procurar Um Cachorro Perdido / Dreams & Books
"Tinha uma dor dentro de mim, um sofrimento.
Será que é assim que uma pessoa corajosa se sente? Ou isso era solidão?
Talvez aquela dor fosse de tristeza."
Como eu já disse na resenha de Passarinha, a coisa mais incrível que a literatura pode nos proporcionar é nos colocar dentro da cabeça de uma pessoa totalmente diferente da gente, vivendo situações e inserida num meio totalmente diferente do nosso. Assim, só assim, podemos sentir na pele como é ser de tal maneira, viver aquela situação e vivenciar determinada realidade.
Nós, seres humanos, por mais empáticos que possamos ser, não temos a total capacidade de entender por completo o que o outro vive ou sente até sentir ou passar por aquilo. Por exemplo, eu posso lutar pelos direitos dos deficientes, ajudar de n maneiras, mas, só vou entender como um deficiente físico sente totalmente quando, por exemplo, quebrar a perna e tiver que usar moletas ou uma cadeira de rodas, entende? Quando eu vivo algo, eu enxergo a situação de uma forma bem mais ampla, com lentes mais focadas.
Infelizmente (ou felizmente, como preferir) não conseguimos vivenciar todas as situações e entender todas as vivencias e dificuldades que cada pessoa passa, seja por sua aparência, deficiência, raça ou situação econômica.
Foto por Dreams & Books.
Instagram @DreamseBooks
Mas, a literatura nos proporciona isso. Eu posso entrar na pele daquela pessoa e ser ela por algumas páginas, posso olhar a vida, os obstáculos e tudo ao seu redor com os seus olhos e só ai conseguirei entender plenamente.
E é tão doloroso! Porém, é tão incrível e sem igual que mesmo sofrendo e chorando e refletindo por dias a fio, a experiência entra pra lista de melhores. Um livro que te toca assim, vira um dos melhores da vida.
E foi o que aconteceu! Como Procurar Um Cachorro Perdido entrou para a minha lista de leituras favoritas e com certeza, é aquele livro que recomendarei eterna e incansavelmente!
Rosa se tornou uma das minhas personagens favoritas! Ela me conquistou logo nas primeiras linhas com a sua explicação sobre homônimos e não precisou terminar de falar sobre regras e números para ganhar meu coração.
Rosa é uma garota incrível! Ela é inteligente, empática e muito corajosa. Ela nos empele a ser pessoas melhores e mais altruístas. E dá uma lição linda de amor, coragem e empatia. Eu fiquei muito emocionada e fiquei refletindo se fosse comigo, eu teria força de vontade suficiente para tomar a mesma decisão.
Rosa é autista, e o autismo, como muitos de vocês sabem, me fascina. Nesse livro somos apresentados a uma autista, mas, diferente dos livros como Passarinha, Tudo Menos "Normal" e Contato Visual, Rosa é uma menina mais madura e me pareceu que ela entende melhor a sua doença e sabe como lidar bem com ela em algumas situações. Talvez isso se dê pelo fato da protagonista ser um pouco maior que as crianças dos livros mencionados acima.
Apesar disso, o autismo é retratado de uma forma muito singela e sem muitos aprofundamentos, Como Procurar Um Cachorro Perdido é um livro voltado mais para o público infantil. É uma ótima maneira de conscientizar crianças e fazê-las entender melhor as atitudes e serem mais compreensivas com aquele coleguinha de classe autista.
Não espere um livro com alto teor psicológico ou um guia de autismo. Apesar de ter sido escrito com maestria e muitíssimo bem pesquisado, Como Procurar Um Cachorro Perdido é um livro de ficção, apenas isso. E isso tudo.
Continuando a falar da escrita, a escrita da autora é maravilhosa! O livro é tão leve e gostoso e envolvente! Você vai lendo e lendo e se promete, 'só esse capítulo, só mais esse, esse é o último' e quando percebe, está nas últimas páginas; com um sorriso no rosto, lágrimas nos olhos e uma vontade enorme de quero mais!
Concluo essa resenha dizendo que, se todas as palavras até aqui não te convenceram, leia a resenha novamente! Hahaha E leia até que fique com vontade de ler esse livro.
Leia, apenas leia Como Procurar Um Cachorro Perdido e se apaixone por Rosa e Poça, leia e chore e ria e se encante. Leia, tenho certeza que sempre irá se orgulhar dessa decisão.
"Ás tardes ficaram longas. Parecia que tinham muitos vazios. (...)
Não sei o que fazer com esses vazios. Minha cachorra, a Poça, costumava preenchê-los. Como se preenche um vazio?”
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