Dias de abandono

Dias de abandono Elena Ferrante




Resenhas - Dias de Abandono


623 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Alê | @alexandrejjr 05/09/2021

Fragmentos de um vazio

Elena Ferrante é uma personagem peculiar do mundo literário. Em pleno século XXI, ela - há quem diga que seja ele ou até mesmo um casal, suposições das quais discordo - prefere o anonimato. Uma decisão interessante em tempos de superexposição e redes sociais.

Este “Dias de abandono” é o meu primeiro contato com a literatura desta celebridade anônima. Sinceramente? Não fiquei impressionado.

O assunto que irá permear a narrativa de Elena Ferrante é um dos mais explorados em toda a história da literatura: a traição. O grande diferencial aqui, no entanto, é o fato do tema ser abordado a partir da mulher abandonada. Olga, narradora e personagem principal do romance, apresenta aos leitores logo nas primeiras linhas o seu martírio. Iremos acompanhar os efeitos da imensurável ausência do amado, sua suposta metade conhecida, em sua vida.

Confesso que livros como este costumam ganhar minha atenção pois desconheço por completo a dinâmica de um relacionamento. Nunca tive um. Não compreendo o que é abrir mão da minha individualidade em prol de uma suposta - e desejável - coletividade harmônica. Afinal, no nível mais básico, é isso a vida a dois, certo? Além disso, não sei o que é não sentir medo, ansiedade ou curiosidade após os primeiros encontros. Não consigo imaginar quanto pesa a crescente monotonia de uma relação que perde, com o cuidadoso passar do tempo, os laços que a originaram. E, como se não bastasse, estou no campo daqueles que causam mais abandonos (homens) do que são abandonados (mulheres). Portanto, o nível de identificação com Olga, como vocês podem imaginar, foi superficial, distante.

Enquanto viramos as páginas, acompanhamos esse crescente abismo da narradora. Chega a ser penoso, principalmente para mulheres que se identificam com a história, acompanhar essa queda, porque aparentemente nada podia contagiá-la mais que o azar. Mas o curto romance apresenta três fases claras de uma mesma alma: o desespero, a loucura e a redenção.

O vazio que corrói a rotina da personagem de Ferrante é construído com competência, colocando os leitores na pele de muitas mulheres reais que vivem esse tipo de desgraça todos os dias em nosso maltratado mundo. Creio que essa busca por uma profundidade psicológica, na tentativa de desnudar os fragmentos do vazio de Olga, seja o maior mérito do livro. Mas temos alguns problemas no caminho.

Vamos lá. De maneira sucinta. A primeira incongruência é a relação de Olga com os filhos. Apesar de não ser inverossímil, não consigo conceber a crueldade ingênua exercida pelas crianças para com a situação da mãe. Posso falar com propriedade que a impotência de um filho diante do abandono de sua mãe é uma das piores sensações que se pode sentir. Mas devo salientar que são situações e situações, e devo dar crédito à autora por apresentar uma possibilidade dessa relação entre mãe e filhos, optando aqui por colocar os pequenos, inconscientemente, mais ao lado do pai.

A segunda inconsistência são as metáforas forçadas durante a narrativa. E eu não gosto de ter a minha capacidade de raciocínio insultada. Compreendo que Olga estava desesperada, presa no abandono do marido e por isso acho patético o reforço dessa mensagem através de uma determinada situação vivida pela personagem em seu apartamento, assim como a ingênua utilização final do cão para uma espécie de clareamento do seu ponto de virada. Para finalizar, o desfecho da história não me satisfaz. Não consigo entender como uma mulher que compreendeu o seu momento optou por viver com determinado personagem. Esse final me pareceu inacabado ou preguiçoso, de uma impotência ensurdecedora.

É isso. Com este texto inacreditavelmente prolixo, chego a minha centésima resenha nesta comunidade. Eu havia planejado realizar um texto comemorativo em homenagem a João Ubaldo Ribeiro. Escreveria - ou humildemente tentaria falar - sobre uma obra fundacional da literatura brasileira, o imortal “Viva o povo brasileiro”, meu livro preferido. Não foi possível. O tempo e o acaso são implacáveis - e inimigos do planejamento. Mas, como eles gostam de pregar peças, permitiram que Elena Ferrante fosse a escolhida para esta marca. Uma pena que eu não tenha correspondido à altura.
Ana Sá 05/09/2021minha estante
Li dois livros dela e também não entendi a febre... Não é ruim, mas não me seduziu. Li dois justamente pra ter certeza! rs Achei a leitura agradável, mas só.


Carolina.Gomes 05/09/2021minha estante
Ale, como eu sei q nada é por acaso, essa resenha casa perfeitamente com uma conversa q estava tendo, hoje.


Alê | @alexandrejjr 05/09/2021minha estante
Pois é, Ana. Chegasse a conferir algum da série napolitana?

Olha aí, Carolina! Agora eu fiquei curioso pra saber sobre o que era a conversa. ??


Carolina.Gomes 05/09/2021minha estante
Hahaha a conversa era sobre mulheres q, em um determinado ponto da vida, escolhem um parceiro nada a ver apenas para ?tapar um buraco.?


dani 05/09/2021minha estante
Parabéns pela centésima resenha! ???
Sempre aprecio suas opiniões sinceras. Confesso que tenho um pouquinho de preguiça de autores e livros "hypados". Talvez seja um preconceito que preciso me livrar.


Júlia 05/09/2021minha estante
começa a série napolitana, Alê! ?a vida mentirosa dos adultos? foi meu primeiro contato com a autora e eu amei demais, mesmo o livro não sendo tão bem avaliado quanto a série. mas os livros que li da tetralogia foram tudo.


Alê | @alexandrejjr 05/09/2021minha estante
Ah, sim, Carolina. Esse "tapar buraco" é complicado, é preciso medir as vantagens e desvantagens;

Dani, muito obrigado ? ! Eu gosto muito das interações que temos por aqui. E sobre livros "hypados", eu também sou reticente, não vou negar. Gosto de ler depois do holofote;

Júlia, acho que vai ser meu próximo passo mesmo. O problema é que o abestado aqui viu as duas primeiras - e viciantes - temporadas da adaptação da HBO. Eu sempre cometo esse erro...


Débora 06/09/2021minha estante
Que ótima análise, Alê!!!??


Ana Sá 06/09/2021minha estante
Li a primeira da série e tb "A filha perdida"...


anna 06/09/2021minha estante
Alê, as metáforas também me deram muita preguiça! Já li outros livros da Elena, nesse ela realmente forçou a barra. Acho que foi uma forma de tornar a narrativa da Olga mais sufocante, mas o tiro saiu pela culatra porque tornou a leitura em si sufocante. Também me decepcionei um pouco com esse, no entanto recomendo muito a tetralogia! Já afirmo que ela é muito superior a Dias de Abandono, apesar de ainda não ter lido o quarto livro. Abraços!


Alê | @alexandrejjr 09/09/2021minha estante
Débora, obrigado por sempre me acompanhar aqui, é um prazer ter uma leitora atenta conferindo meus textos prolixos;

"A filha perdida" vai ter uma adaptação e aí a grande pergunta que eu me faço, Ana Sá, é essa: será que eu vou ver antes de ler? Tenho o costume de fazer isso... ?

Anna, eu tenho uma certa curiosidade sobre a série napolitana. Digo "certa curiosidade" porque eu cometi o pecado de ver a EXCELENTE adaptação da HBO (eu sei, eu sei, como posso classificá-la assim se não li os livros? Bom, falo apenas do produto audiovisual, que é fantástico) antes de conferir os quatro livros. Quem sabe um dia...


Isadora1232 10/09/2021minha estante
Parabéns por mais uma resenha excelente (e a centésima!!)! Adoro acompanhar tuas impressões sobre os livros. Meu único contato com a Ferrante foi com a filha perdida e me identifiquei um pouco com o teu texto. Ótimo livro, porém não se comunicou muito comigo. Mas entendo o hype. Tenho a impressão de que a prosa dela é muito íntima e por isso se comunica muito bem com um grupo específico (e enorme) de pessoas, que por algum motivo eu não me sinto pertencente. Mas, curiosamente, fiquei curiosa pra ler "dias de abandono" depois da tua resenha. Tenho vontade de retomar à obra dela em algum momento, porém não sei quando kkkk


Alê | @alexandrejjr 10/09/2021minha estante
Obrigado por ler o "textão de Facebook" que eu fiz, Isa. E sim, eu também pretendo voltar ao universo da Ferrante, só não sei com qual livro. Até me animo a ler a série napolitana, mas antes quero terminar de ver a adaptação da HBO. Eu e os meus erros... foi assim com "Repararação" do McEwan: vi a adaptação, que continuo sem entender por que se chama "Desejo e reparação", e ainda não criei coragem (ou seria vontade?) de ler o livro. Vamos ver o que o futuro me reserva...


Monique 11/09/2021minha estante
Eu parei de ler porque estava me perturbando muito, não pela identificação com a personagem, mas porque minha mente já está fragmentada o suficiente, então dei um tempo depois volto pra acabar a leitura.
Fora isso parabéns pela centésima resenha!


Alê | @alexandrejjr 11/09/2021minha estante
Fizesse certo, Monique, não é bom ler se o momento não permite. E obrigado! Que venham mais cem - mas só Deus sabe quando! ??


Lua 06/10/2021minha estante
Que resenha fenomenal! ??


Alê | @alexandrejjr 06/10/2021minha estante
Eu agradeço por ter ido até o último parágrafo, Luana! ?


Lari 15/11/2021minha estante
Eu discordo de você, acho que você não captou o que o livro traz (não julgo você, sempre pode acontecer né? E essa foi sua opinião, a minha é diferente). Olga tem borderline, inclusive ela mesma menciona no livro, rapidamente, que se percebeu em uma crise borderline durante a separação. Elena Ferrante trouxe muito bem as características desse transtorno de personalidade, as metáforas foram muito bem colocadas se considerar como funciona esse processo pelo qual Olga estava passando. Sobre as crianças, a própria Olga se vê um pouco na filha mais nova, reconhecendo que vivenciou coisas parecidas com a mãe dela quando era criança. Psicologicamente falando, as histórias se repetem, os traumas que se carrega, quando não cuidados, tendem a refletir de alguma forma no comportamento dos filhos também, tende-se a reproduzir o que os pais fizeram e isso vai de geração em geração. As duas crianças precisam muito de serem cuidadas, assim como a própria Olga.

Uma das características principais do borderline é o medo do abandono real ou imaginado, a Olga já está muito fragilizada com o abandono do marido, isso se transforma em muita raiva durante a crise e ela faz alienação parental, querendo que as crianças tb sintam a raiva do pai, por exemplo ela não deu nenhuma explicação cuidadosa para as crianças quando ele partiu, até porque ela mesma estava desorganizada. Os filhos sentem esse adoecimento, sentem a falta de cuidado dela com eles e isso reflete no comportamento deles. As experiências não são iguais e as pessoas também não, então outras crianças podem não reagir como os filhos de Olga. Vejamos como exemplo que as duas crianças do livro lidam de forma diferente com a mesma situação.

O que a Olga passa não é apenas um processo normal de divórcio, não é qualquer sensação de abandono, ela saiu de um relacionamento muito machista, que já deve ter começado com adoecimento, já que ela esqueceu de si mesma pra se dedicar ao marido e ao relacionamento. A forma que Elena retratada tudo isso foi bem pensada.


Alê | @alexandrejjr 15/11/2021minha estante
Oi, Lari. Obrigado pelo teu ponto de vista aqui! Então... é exatamente o que dissesse: são opiniões. Continuo achando as metáforas irritantes e pífias e o desfecho desse livro desastroso, apesar de ser bem escrito e agradável de ler. Acontece que, quando tu argumenta sobre pontos da narradora em que ela apresenta uma "crise borderline" ou que "psicologicamente falando" ela fez algo, percebes que não é obrigação dos leitores ter esse repertório? E, não sendo obrigatório, percebes que o livro falha enquanto literatura ao não comunicar - pra todos - com clareza essas questões? Eu entendo que tenhas gostado do livro, afinal, essa é a beleza da literatura, mas percebes que pelo fato de tu ser psicóloga (ou estar estudando psicologia, ou ainda gostar de psicologia, não sei) fez com que o livro funcionasse diferente pra ti? Acontece. Assim como tu talvez tenha visto coisas que eu não vi, talvez eu tenha destacado pontos que passaram despercebidos na tua análise. É isso. Boas leituras!


Lari 15/11/2021minha estante
Tem razão, meu conhecimento sobre psicologia tem uma grande relação com o meu entendimento do livro, realmente sem esses conhecimentos é provável que não dê pra entender como eu entendi. Mas acho também que são livros e livros, tem livros que eu vou entender melhor, sentir mais, me conectar melhor, e tem livros que isso não vai acontecer. Quando não acontecer, não necessariamente vai ser falha da autora e tá tudo bem não ter entendido o livro como ele se propõe. Eu acho que no caso de Dias de abandono não tinha muito mais o que ela poderia ter explicado, posso estar errada né, mas algumas coisas não precisam ser ditas nos livros e podem ser entendidas, quando elas são ditas a proposta muda. Eu tava dando uma olhada nas resenhas e tem diferentes experiências. Mesmo que as pessoas não entendam do ponto de vista psicológico, muitas gostam. Eu gostei de entender o livro da maneira que ele foi escrita, eu acho que pra mim ele se tornou bom assim, eu entendo como um estilo de escrita e que realmente não é todo mundo que vai entender. Assim como tem livros aclamados e q eu não consigo sentir nada e nem entender como muitas pessoas entendem. Enfim, só trazendo essa perspectiva mesmo kkk


Carol 20/05/2023minha estante
Confesso que passei aqui pra ter o seu ponto de vista antes de adentrar em mares desconhecidos...
A parte onde você disse que não gosta de ter sua inteligência insultada é bem real comigo, isso acaba com a minha experiência de leitura. Apesar disso decidi dar uma chance pra Ferrante, só não será com esse livro.


Alê | @alexandrejjr 21/09/2023minha estante
É uma honra e, antes de tudo, uma responsabilidade muito grande, Carol! Espero que eu tenha contribuído minimamente, já que vi seu comentário quatro meses depois (glória ao Skoob!) dele ter sido feito...


Maroca 10/02/2024minha estante
Discordo da sua colocação sobre o final e a posição dos filhos. Eles eram crianças e não eram inconscientes a dor da mãe, eles eram também vítimas dessa traição, do abandono do pai e das consequências disso. O fato é que naqueles meses de escuridão, eles sofreram pela mãe e pelo pai, mas mesmo assim em vários momentos a gente vê o cuidado deles pela mãe, mesmo quando ela não podia cuidar deles. O que aconteceu depois é porque o pai depois lembrou que tinha filho e queria mostrar que era o pai legal. As crianças só iam pra lá no final de semana(ou seja, nada de responsabilidades, só diversão), lá, tudo era lindo e maravilhoso. Eles se ressentiram pela situação que eles passaram (atribuindo a culpa a mãe) e agora achavam a mãe chata, porque ela ficava com a parte difícil: educar, brigar, disciplinar. Depois eles entenderam . Sobre o final: não é um felizes para sempre, mas ela estava ainda descobrindo quem ela era e o carrano fazia parte daquilo, o carrano faz parte do processo de autodescoberta da Olga e ela não termina necessariamente com ele, mas naquele momento de liberdade que ela tem, ela se permite conhecer outros mundos além do Mário. Acho que é um livro que a interpretação tem que ir além do que é mostrado.




Eliza.Beth 26/05/2021

Tem quem goste
Infelizmente, não curti esse livro.
Não é de todo ruim. Nos 30% (talvez) finais, a história toma um rumo aceitável.

Mas e os outros 70%? A personagem principal passa por um abandono conjugal e por um momento, isso a dá uma prerrogativa para ser escrota com todos ao seu redor, negligenciar seres dependentes dela (sejam humanos e/ou animais), e muitas outras atitudes.

Algumas atitudes dela eu ainda consigo entender, e se não concordar, pelo menos respeitar.
Mas ela ultrapassa os limites da ?passada de pano?. Eu tenho meus limites de compreensão e ela ultrapassou todos. Não a defenderei. Por isso, nota 3.
Edu Santtos 26/05/2021minha estante
Concordo com tudo q vc disse


Eliza.Beth 26/05/2021minha estante
Bom saber que não estou sozinha, Edu. Hahaha
Muita gente ama esse livro.


Carolina.Gomes 27/05/2021minha estante
Nem li nem lerei ?


Eliza.Beth 29/05/2021minha estante
Kkkkkkk Carol ??


Carolina.Gomes 29/05/2021minha estante
???


Aryana 07/05/2023minha estante
Eu deveria ter lido essa resenha antes de pegar esse livro ?


Eliza.Beth 07/05/2023minha estante
Hahahhahahahah
Aryanaaaaaa
Tbm achou q ela passa dos limites do aceitável? Haha


Carolina.Gomes 07/05/2023minha estante
Vc deu 3 e Ariana deu nota 2. Vê se eu vou ler?


Aryana 07/05/2023minha estante
Terrível!! Ferranter's que me perdoem, essa mulher é Terrível ahauahauahua Pra nunca mais




Helder 29/10/2019

Uma leitura incômoda
Dias de abandono foi meu primeiro contato com a famosa e misteriosa escritora italiana Elena Ferrante, e preciso dizer que não foi uma leitura muito fácil.
Ao ver as capas dos livros da Serie Napolitana eu sempre imaginei livros ensolarados e femininos, algo que não me chamava muito a atenção, mas o que encontrei aqui foi algo completamente diferente.
Dias de Abandono é uma grande porrada extremamente real e indigesta.
E para mim é difícil não imaginar que exista algo de biográfico na obra, pois é difícil que alguém consiga imprimir tantos sentimentos a um texto, às vezes belo, mas na maioria das vezes repulsivo, sem ter passado por aquilo.
Dias de Abandono conta a estória de Olga.
Após 15 anos, Mario, seu marido, após ajuda-la a tirar a mesa do jantar, lhe avisa que está indo embora de casa.
A principio ele vem com o papo de que precisa se encontrar, e ela imagina que aquilo será uma fase, mas logo percebe que não é isso. Aquilo é um processo sem volta. Marco a trocou por uma garota mais nova.
Ela, seus dois filhos, o cachorro e o apartamento.
Clichê?
Totalmente!
Mas...
Muitas estórias como esta já foram contadas. Da literatura russa a novelas mexicanas, mas acredito que nenhuma vez tenha sido de uma maneira tão visceral quanto esta narrativa de Ferrante.
Aqui a autora decide mostrar o que este clichê pode acarretar a uma mulher.
E esqueça Girl Power ou mulher empoderada colocando um salto alto e postando mensagens engrandecedoras no Facebook e selfies felizes no Instagram mostrando que pode ser melhor sozinha e todo o bla bla bla feminista século XXI.
O que assistimos aqui é a degradação psicológica desta personagem que não sabe como lidar com o “luto” desta separação. E a autora nos traga para a cabeça desta mulher, que a principio nega o que está ocorrendo. Depois começa a procurar explicações e que no fim passa a agir com um extremo ódio atacando tudo ao seu redor.
Obsessão, dor, frustração, depressão. A autora nos leva junto com Olga para que possamos sentir tudo aquilo junto com a personagem que parece ir se destruindo aos poucos aos nossos olhos.
Marco é um canalha. Mas as reações de Olga são extremamente assustadoras, portanto ela pode até ser uma vítima, mas está longe de ser uma mocinha. O processo a torna uma pessoa vil. E sua falta de amor próprio torna a leitura muitas vezes constrangedora.
Ao ler este livro tive uma sensação parecida com a que tive vendo Coringa este ano no cinema: Eu não queria ver aquela mulher passar aquela vergonha!
Elena Ferrante não poupa o leitor e usa uma linguagem que nos atinge, pois aquilo ali é vida real.
Olga fala palavrões, dá piti, faz chantagem emocional com seus filhos, joga as crianças contra o pai, tenta espancar o marido, xinga a nova namorada, e numa das cenas mais constrangedoras que já li na minha vida ela tenta seduzir um vizinho, afim de se sentir ainda uma mulher desejada, mas numa cena que só aumenta a sua degradação.
Com certeza Elena Ferrante não está aqui para fazer amigos, mas sim nos mostrar o quão cruel esta dor pode ser
Confesso que muitas vezes eu pensava como que uma pessoa pode se rebaixar tanto assim e tentei julga-la, para então perceber que cada um tem a sua historia e só podemos torcer para que a história de nossas vidas seja boa.
O livro traz diversas discussões muito pertinentes.
Imagina quando ela percebe que odeia o marido, mas olha para seus filhos e percebe que sempre verá seu marido ali, pois as crianças são fisicamente parecidas com o pai. Ou quando as crianças passam a ter contato com a nova família e passam adquirir vocabulários ou atitudes da “nova mãe” e compara-las as suas atitudes. É como se fosse uma cruz genética a ser carregada a vida inteira.
No caso dela um louco "amar e odiar" seus próprios filhos, por todas as lembranças que eles carregam.
Confesso que nunca tinha imaginado isso e parei para pensar qual seria meu comportamento.
Há tempos não lia um livro tão adulto. E não digo maior de 18 anos.
Olga tem 38 anos, e eu acho que este livro é recomendado pelo menos para pessoas maiores de 35, pois é necessária certa vivência para sobreviver a esta história e tentar não julgar as atitudes da personagem e desistir da leitura.
Como eu disse, foi uma leitura incômoda.
Se você curte isso, mergulhe de cabeça.
Se tiver ressalvas, coloque uma boia e veja se é a sua praia antes.
A dor da experiência pode ser maior do que o retorno.


Gleidson 29/10/2019minha estante
Vc escreveu bem sobre esse livro. Eu gostei muito desse livro pela arte de desenvolver em nós leitores sentimentos diversos do que pelo conteúdo em si.


Helder 29/10/2019minha estante
Exato. Não é um livro que gostei. Mas é um livro que mexeu comigo. Olga foi incomoda. E na criação deste sentimento a autora foi genial. Tomara que ela nunca tenha agido na vida como a personagem. Ninguém merece tanta falta de amor próprio.


Erika 29/10/2019minha estante
Será que a protagonista é uma MADA? (Mulher que ama demais). Tem Um transtorno borderline? Pode ser.
Amei a resenha. E eu que não estava com vontade de ler esse livro agora fiquei curiosa. Vou ler.


Manuella_3 29/10/2019minha estante
Helder, suas observações são irretocáveis. Quando o furacão Ferrante chegou, resisti à tetralogia e corri para este Dias, e fui impactada de tal maneira que voltei atrás e consumi por.meses tudo da autora. Esta separação tem essa coisa visceral e sofrida e enlouquecedora, como vc colocou tão bem, e eu tb procurava ali o quanto ela viveu isso na alma. Tanto que saímos da posição de julgadores - se alguém se coloca assim na leitura - para compreender, mesmo com vontade de sacudir Olga. Ferrante faz isso bem. Na série napolitana, então, essa vontade de chamar Lenu pra conversar (e dar uma bronca nela às vezes) me tomou a tão ponto que levei pra terapia, hahaha. É um livro denso, apesar das poucas páginas, e que pede uma conversa com quem já leu. Ferrante apresenta tantas nuances na mesma história que... Putz!
A propósito, já leu Laços, do Domenico Starnone, suposto marido da autora? Vai na mesma linha, mas ela ainda supera (na minha opinião).


Helder 30/10/2019minha estante
Erika, muito interessante seu comentário. Esta semana estou aprendendo novas siglas. Estou lendo um livro sensacional chamado Sra Fletcher, que fala um pouco com este aqui, pois também fala de uma mulher divorciada, mas sobre um ponto de vista muito diferente. Lá descobri que existem MILFs. Agora você me apresentou as MADAs. Muitas siglas modernas, rssrrs. Mas ouso dizer que Olga não é uma MADA não. A sua relação com o marido, apos a separação, deixa de ser amor e passa a ser obsessão. Esta mais para Stephen King do que Julia Quinn. Leia lá. Acho que assim como eu, vc tb curte histórias neuróticas, então vai curtir.


Helder 30/10/2019minha estante
Manuella,do céu. Minha fila nunca diminui. Nao faz isso comigo. Eu só li este livro aqui porque achei um grupo de leitura na minha cidade, e eles escolheram este livro. Sempre achei que Ferrante nao era para homens. Mas talvez seja hora de deixar preconceitos de lado, né?? E sobre Laços, já vi este livro aqui pelo skoob, mas nunca fui atras,e nem sabia que era do suposto marido dela. Fiquei curioso! Obrigado pelo comentário. Ao ler este livro, eu achava que era a sua cara, pois vejo que vc le livros adultos, e nao livros da moda.


Manuella_3 30/10/2019minha estante
Hahaha, muito a minha cara, esses conflitos familiares e psicológicos, essas dores da alma são sempre minha escolha literária.


Erika 05/11/2019minha estante
Helder, gratidão pela sua resenha. Acabei de ler. Nossa! Que livro! Indigesto, impactante mas eu gostei. Vontade de entrar no livro pra dar um abraço na Olga, ou uma sacudida : - ei vamos, reaja mulher. Rs....
Enfim. Eu ia perdendo uma boa leitura.




Bookster Pedro Pacifico 26/02/2020

Dias de abandono, Elena Ferrante – Nota 8/10
Elena Ferrante é uma das autoras mais vendidas atualmente e é conhecida pelos seus romances que cativam e prendem o leitor. Não comecei por sua obra mais famosa, a Tetralogia Napolitana (série com 4 livros), porque queria uma obra que estivesse menos no “hype”! A escolha de “Dias de abandono” também foi influenciada por outra obra que li esse ano: “Laços”, de Domenico Starnone (já tem resenha aqui). Isso porque há um inegável diálogo entre os dois livros. Na verdade, como Elena Ferrante é um pseudônimo e sua identidade verdadeira nunca foi confirmada, há suspeitas de que a autora seja esposa de Starnone ou, até mesmo, o próprio autor de “Laços”. Independente disso, fato é que o meu primeiro contato com a autora italiana começou muito bem, mas não terminou da forma que esperava. O enredo gira em torno de Olga, uma mulher que depois de 15 anos casada com Mario, recebe a notícia de que está sendo abandonada. Olga perde o chão. A partir daí têm início os seus dias de abandono, ou melhor, de sofrimento, em um apartamento onde vive com seus dois filhos e um cão. Com uma narrativa em primeira pessoa, o leitor passa a acompanhar os pensamentos de Olga, que a paralisam e são encobertos pelo desespero, medo e angústia. Sim, é um livro perturbador (!!) e, no começo, a personagem de Olga descrita e desenvolvida como alguém que perde o suporte emocional é extremamente interessante. É o retrato da dificuldade de aceitação de uma perda, misturada com o sentimento de tentar se reconstruir e conviver com essa nova realidade. Em algumas passagens, tive a sensação de que a personagem estava delirando e que os seus pensamentos não condiziam com a realidade.

Apesar da inegável qualidade de escrita da autora, que se vale de uma linguagem fluída, crua e econômica, ao final da leitura senti que Ferrante se perdeu um pouco e passou a recorrer a lugares-comuns, terminando com uma personagem exagerada e de certa forma previsível. É um livro curto, mas que traz reflexões sobre relações humanas e sofrimento.

“Tornara-me uma esposa obsoleta, um corpo negligenciado, minha doença é só a vida feminina que ficou fora de uso.”

site: https://www.instagram.com/book.ster/
Carlos Nunes 27/02/2020minha estante
Não gostei desse livro. Minha pior leitura de 2019...


Becca 29/09/2020minha estante
Nossa, eu amei esse livro! Inclusive foi uma aflição! Consegui ver muitas das histórias que me cercam nela. E a intensidade da perda de sentido e de vida vai muito além do fim de uma relação, entrando no campo do que se define para a existência. De fato o fim achei rápido, como uma resolução de calmaria diante do caos. Mas mesmo assim muito bom!


Carlos Nunes 29/09/2020minha estante
Leitura tem muito isso. Nossas vivências e sensibilidade fazem toda a diferença em "sentirmos " o livro. Gostei da escrita, mas sei lá, algo não rolou comigo.


Becca 29/09/2020minha estante
Sim! Super entendo! Tem vários livros que apesar das indicações e de um grande número de pessoas ter gostado, não me tocou. É assim mesmo (ainda bem :)


Ferreira.Souza 14/10/2020minha estante
muito bom , Eliana é autora do momento


Ferreira.Souza 14/10/2020minha estante
muito bom , Eliana é autora do momento


Fabiane.Fratoni 09/09/2021minha estante
Também comecei por ele e tive a mesma impressão, uma leitura bem fluida, com uma narrativa que perturba demais para terminar de maneira tão rápida.

Ainda quero ler a tetralogia e conhecer mais sobre Elena.


Flávia 06/02/2024minha estante
Eu pensei a mesma coisa sobre o final. O livro é excelente mas o final foi um clichezão que nem parece ter sido escrito pela Ferrante.




Pâm 05/08/2020

A origem dos descontornos
A princípio, imaginei que teria empatia absoluta com a narradora-protagonista. Tendo passado por uma separação repentina, Olga se entrega à torrente de sentimentos, pensamentos e sensações que uma ruptura dessas pode causar.
Confesso que foi muito difícil, mesmo a despeito da minha inclinação à apreciação de protagonistas vulnerabilizadas, me identificar com a carga dramática do livro. Embora tenha gostado muito do comecinho, passei a desgostar e me vi chegar até 70 por cento imaginando que definitivamente não ia melhorar, para o meu gosto. No entanto, o final mudou muito as minhas expectativas, particularmente gostei muito.
Aqui podemos entrever a origem de algumas reflexões que a autora desenvolverá na tetralogia napolitana, o que, de alguma forma, me fez ter a impressão de maior compreensão das obras que já li de Elena Ferrante.
Certamente, Dias de abandono não é um livro para devorar, mas que, se bem apreciado, te devorará.
Alê | @alexandrejjr 06/08/2020minha estante
Achei excelente o título que desse à tua resenha/comentários!


Pâm 06/08/2020minha estante
Ahhh, obrigada! :)
Sempre acho que minhas resenhas não ajudam muito os outros usuários, mas realmente tento colocar as minhas impressões gerais, acho que algumas pessoas acabam se identificando, rsrsrs :)


Julio.Gurgel 06/08/2020minha estante
é exatamente o que senti, sem tirar nem pôr. :)


Pâm 06/08/2020minha estante
Eu estava preparada pra TANTA COISA! Juro que criei milhares de cenários desastrosos na minha mente. Me surpreendi por nenhuma paranoia minha ter sido satisfeita. Para lembrar que a Elena Ferrante NUNCA dá o que você quer ou espera.


Marina 13/08/2020minha estante
Eu estou nos 70%, querendo ser surpreendida pelo final, porque estou com sensação de decepção, enfim.




Carol | @carolreads 04/02/2020

Dias de Abandono
E o ano começa assim… com meu primeiro Elena Ferrante.

“Depois de quinze anos de casamento, Olga é abandonada por Mario. Presa ao cotidiano estilhaçado com dois filhos, um cachorro e nenhum emprego, ela se recusa a assumir o papel de poverella (a ‘pobre mulher abandonada’). Essa opção a projeta num turbilhão de obsessões, angústias e ímpetos violentos, capazes de afastar Olga do fato de que as derrotas precisam ser assumidas para que a vida possa enfim seguir adiante.”

Apesar de ser curto, dias de abandono é um livro denso pois, além de lidar com a traição do marido e posterior abandono, Olga se vê obrigada a voltar a ser protagonista da própria vida... e a maneira como a Ferrante retrata esse período turbulento e a evolução da personagem é sensacional.

A narrativa passa pelos cinco estágios do luto. No primeiro momento, Olga acredita que a separação é uma loucura do seu ex-marido, e que ele logo irá voltar para casa. Entretanto, com o decorrer do tempo, além de passar por ímpetos de violência, (principalmente após descobrir a identidade da nova mulher de Mário), Olga tenta reagir de várias formas: se vingar da situação, a se reconectar com sua sexualidade, e por grandes momentos de catarse.

O ápice da narrativa acontece no final do livro, quando Olga e seus filhos ficam presos dentro do apartamento e não conseguem sair… sério, que agonia! Eu jurava que iria acontecer alguma tragédia.

Já coloquei todos os outros livros da Ferrante na Wishlist! Vocês já leram? Gostaram?

site: https://www.instagram.com/carolreads
Roqueline.Ferreira 22/04/2020minha estante
Quero ler ! Nunca li nada dessa autora. Qual seria melhor ler primeiro ?


Carol | @carolreads 23/04/2020minha estante
Não consigo te ajudar muito... até agora esse livro foi meu único contato com a Ferrante! Comecei por ele e não perdi a vontade de ler os outros :)


Carol | @carolreads 23/04/2020minha estante
Até agora esse livro foi meu único contato com a Ferrante... por isso não consigo de ajudar muito, mas a minha experiencia foi muito positiva!
Escolhi começar por ele pois, dos livros mais curtinhos da autora, o dias de abandono foi o que mais me chamou a atenção :)


Roqueline.Ferreira 24/04/2020minha estante
Valeu , Carol !




Mari Doroteu 25/05/2021

Angústia e desconforto
Primeiro livro da Elena Ferrante que li e não sei se foi uma boa escolha. A escrita é muito boa, crua e direta, mas achei o livro muito angustiante e me deixou mal em vários momentos.

É um livro pequeno, mas apesar disso achei a leitura bem arrastada e até pensei em abandonar algumas vezes.

A história se passa na década de 60 e conta a história da Olga, uma mulher casada há 15 anos, com dois filhos, que se depara subitamente com o abandono de seu marido, para ficar com outra mulher.

O livro mostra como ela lida com esse abandono, o sofrimento que ela passou e como ela abriu mão de quase tudo na vida para se dedicar à família, que acabou se destroçando.

Traz muitas reflexões sobre a sociedade patriarcal em que vivemos e o que as mulheres se submetem para satisfazer os anseios sociais.

Foi uma leitura que me deixou muito desconfortável, com raiva, e incomodada.

Vemos momentos em que ela se culpa por tudo, culpa o marido, culpa a amante, se sente insegura, indesejada, e fica completamente desestabilizada, sobrecarregada e incapaz de dar conta de cuidar dos filhos e do cachorro.

Olga foi a vítima da história, mas o assustador é que, em vários momentos, ficamos horrorizados com as atitudes dela e isso acaba levantando sentimentos contraditórios em relação a ela. Ora sentimos pena, simpatia e empatia, ora sentimos raiva, nojo e ódio, e ficamos com vontade de sacudir ela.

Acredito que isso foi exatamente o misto de sentimentos que a autora quis passar ao mostrar a forma que Olga luta para se reconstruir como mulher e se adaptar a essa nova realidade, porém a leitura foi muito aflitiva pra mim e definitivamente não foi um livro prazeroso kkkkk

É horrível ver como após uma separação dessas a mulher ainda sai tachada de louca e e é muito mais julgada do que o homem.

Por conta disso, dei essa nota e definitivamente não releria.
Ana Paula 26/05/2021minha estante
Talvez o livro tenha cumprido o papel dele no final. Haha


Mari Doroteu 26/05/2021minha estante
Pode ser que sim hahaha
Mas cara fiquei mt desconfortável mesmo. Talvez eu tenha lido num momento errado também...


Marjorie 29/05/2021minha estante
O livro não pode se passar na década de 1960 pois a Olga tem computador e celular. É pelo menos década de 1990.


Mari Doroteu 30/05/2021minha estante
Ops! Sim, verdade. Década de 60 foi provavelmente a década que a Olga nasceu (já que ela diz que em 1978 estava na aula de francês e pensava em escrever um livro). Mas a história da separação deve se passar na década de 90 mesmo




Aline Teodosio @leituras.da.aline 23/03/2019

Em um certo dia Mário fala a Olga que o casamento deles está acabado e que ele está indo embora. Ela, incrédula, busca por motivos, precisa saber o porquê de ter de repente sua vida virada de cabeça para baixo. A partir daí ela começa a entrar em um colapso mental, num desespero sem fim.

Sim, o enredo é banal e é batido. Porém, a forma como a autora narra a história é impactante, crua e visceral. Ela te arrasta para o âmago mais profundo da dor da personagem, te jogando uma descarga de emoções tão forte que você se sente perdida com ela no fundo de um poço escuro, sem esperanças e com as energias completamente sugadas.

Raiva, tristeza, medo, angústia, baixa autoestima se embaralham na cabeça descontrolada da personagem. Olga se entrega com força ao sofrimento e não se dá conta de que o seu abandono é tão profundo, que causa também sofrimento e desconforto aos que estão ao seu redor, seus dois filhos pequenos, principalmente.

Mas esse não é um livro para julgar as atitudes da personagem, nem para apontar erros por ela cometidos. Esse é um livro para sentir e para ter empatia. Um livro para lembrar que cada pessoa é um universo que sente e reage aos infortúnios de forma diferente. Que o meu vazio pode ser mais desesperador que o seu ou vice versa. Um livro que nos mostra, principalmente, que o maior abandono é o que vem de si mesmo.

Eu, que já passei por uma situação semelhante, me senti dilacerada por essa leitura. Dos meus dias de abandono veio a tona novamente a lembrança do coração rasgado, pisado, triturado. Mas veio também a constatação de que tudo passa, de que somos capazes de superar e de nos reinventar apesar de tudo.

Por favor, não seja a pessoa que julga. O mundo precisa é de empatia.

Leitura sensacional!
Aline 24/03/2019minha estante
Empatia é a palavra que caracteriza esse livro. Todo o momento, me imaginei no lugar de Olga. Quão difícil superar uma perda tão grande... De início julguei, pensei "que falta de amor próprio dessa mulher" mas, antes da metade do livro, me envergonhei de meu pensamento e me compadeci do sofrimento da personagem. Esse livro foi um daqueles que me mudou, me fez mais humana. Me fez deixar de ser a pessoa que julga. Sua resenha apenas confirmou que minha mudança foi para melhor. Amei esse livro!


Aline Teodosio @leituras.da.aline 24/03/2019minha estante
Temos a tendência a julgar sem nem se dar conta disso. E se um livro nos faz refletir sobre esse tipo de atitude, então ele já valeu a pena. Ainda bem que você percebeu, refletiu e mudou a visão. Parabéns.


Aline 24/03/2019minha estante
Sim, xará. Exatamente isso. Gostei muito!


Aline Teodosio @leituras.da.aline 24/03/2019minha estante
=)




alineaimee 25/07/2016

Construção primorosa e angustiante de um processo de luto. O fim do livro, no entanto, decepciona por ser bastante clichê.
Laíssa 03/08/2016minha estante
exatamente!


Laíssa 03/08/2016minha estante
como foi escrito em 2002 e a tetralogia em 2012 dá pra entender bastante a mudança da escrita e como ela conseguiu fortalecer isso em seu trabalho ao longo dos anos.


Leticia 10/03/2019minha estante
Livro excelente, péssimo final. Não poderia concordar mais.




Nana 20/10/2016

A dor do abandono!
O livro é narrado por Olga, uma mulher que foi traída pelo marido e após quinze anos de casamento, ele vai embora com uma garota mais jovem e a deixa com seus dois filhos pequenos. A descrição dos sentimentos de Olga são tão reais e de uma clareza que o leitor consegue sentir o sofrimento junto com a personagem.
A autora tem a capacidade de expressar de uma forma muito intensa o que está acontecendo mentalmente e fisicamente com esta mulher que não consegue aceitar o abandono.
Acredito que quem já sofreu por alguma traição, tanto conjugal quanto de amigo ou parente, vai entender a dor e a raiva que ela passa até que consiga se estabilizar novamente.
Indico este livro para quem gosta de ler sobre a realidade nua e crua e sobre os sentimentos mais profundos do ser humano, que muitas vezes tentamos esconder.
Obs: Só perdeu uma estrelinha devido a linguagem obscena usado em alguns momentos e que me incomodam um pouco (mesmo entendendo que foram úteis para transmitir a raiva da personagem)
Jeanne 20/10/2016minha estante
Há pouco tempo comentaram sobre esse livro e não fiquei interessada, mas depois de conhecer um pouco Elena Ferrante e depois dessa resenha, não dá para não colocar na listinha! Suas resenhas sempre me inspiram!


Nana 20/10/2016minha estante
Ai que bom, obrigada! Este é um dos que vai pra vc depois junto com "A filha perdida". Bjs


Jeanne 21/10/2016minha estante
Obrigada Querida! Vou comprar "História de quem foge e de quem fica" e depois te envio. Beijocasss




Erika 05/11/2019

Dias de angústia.
Indigesto e Impactante! Meu primeiro contato com a autora italiana Elena Ferrante.

Olga, casada com Mário , mãe de um casal de filhos. Acha que tem um lar perfeito. Até que um dia seu marido, apaixonado por uma mulher mais jovem, resolve ir embora de casa deixando-a desnorteada.
Olga então se vê perdida. Tendo que aprender a administrar sozinha o seu lar, suas finanças, seus filhos, seus sentimentos, e recolocar nos trilhos sua própria vida. Algumas vezes falhando miseravelmente, pois seu estado emocional não colabora.
O livro mostra a dor da perda, de um certo estado de "luto". Da ruptura da vida à dois, da perda da auto estima
de quem fica , da pressão materna, da sobrecarga que a mulher por diversas vezes sente. E de alguém profundamente fragmentado sofrendo tentando dar significado à própria existência. Além de abordar rapidamente temas com alienação parental. Algo comum (e não deveria ser) quando o assunto é divórcio. Um retrato interessante sobre como cada um lida com suas perdas e suas dores .

????
Helder 06/11/2019minha estante
Que legal que vc tb leu o livro e curtiu!!!


Erika 06/11/2019minha estante
Helder, comentei lá na sua resenha. :) Gratidão viu? Ia perdendo uma leitura interessante. Sua resenha me deu vontade de ler. E eu li. Muito bom. Diferente do que eu esperava.


Helder 06/11/2019minha estante
Eu só li este livro porque encontrei um grupo de leitura aqui na cidade onde moro e este tinha sido o livro escolhido. No fim foi uma leitura bem interessante e ainda gerou uma discussão bem legal entre o grupo, que pudemos fazer ao vivo.




Paula 28/07/2021

Pensa num soco
Não é pra qualquer um. Não é pra qualquer momento. Muito crú, muito humano, muito doloroso. Um livro visceral e estressante. Dito isso, se estiver bem, leia.
ViniBarcellos 28/07/2021minha estante
Li o início e fiquei abismado com a cena do jantar. Abandonei, mas ainda quero ler.


Paula 29/07/2021minha estante
Pois é. Tem que estar num momento zen pra ler isso!


Edilene Freitas 31/07/2021minha estante
Tem que estar bem mesmo. Livro bem difícil




spoiler visualizar
Alícia 22/02/2021minha estante
Esse foi o primeiro livro da Elena Ferrante que li, recentemente, pretendo explorar mais da autora (inclusive, adorei o seu olhar e análise do livro!!)


Thais645 23/02/2021minha estante
Oi, Alícia. Que bom que tenha gostado! Então, esse foi o segundo da Elena que li (o primeiro foi "A filha Perdida"); até então eu não conhecia nada da obra da autora e foi uma grata surpresa. Eu descobri que gosto muito dessas narrativas mais intimistas e que embora, e aparentemente, sejam consideradas mais simplistas", são repletas de metáforas e simbologias que nos trazem um aprofundamento da história em todas as suas vertentes. Dela, estou lendo também "A Vida Mentirosa dos Adultos", e é sempre surpreendente acompanhar o amadurecimento e as descobertas das personagens em todas as suas nuances. É o tipo de leitura que me faz ficar pensando em muita coisa ao mesmo tempo, durante um bom tempo. E a sensação das descobertas, apesar de em sua maioria serem dolorosas, são sempre surpreendentes e magníficas.


Alícia 25/02/2021minha estante
Ahhhh, Thais, adorei sua opinião, eu concordo que a Elena sabe construir uma narrativa realística que deixa marcas e traz descobertas, com muito para se pensar a partir do que está nas entrelhinhas também! Comecei "A Amiga Genial", estou gostando (e aí depois da Tetralogia pretendo ler outros da Elena). Ainda não li "A Filha Perdida" e "A Vida Mentirosa dos Adultos", mas agora estou super curiosa também, então vou buscar ler assim que possível ?




Drika 02/01/2017

Páginas de realidade
Este é um daqueles livros que você fica na expectativa da personagem ter logo uma reviravolta na vida.
Elena Ferrante, a grande escritora que não revela sua verdadeira identidade, consegue nos colocar nos pensamentos da personagem principal Olga, é angustiante como passamos a sentir junto com a personagem todo aquele sofrimento, a perda e a vontade de sumir do mundo! Cada página lida é um sofrimento a mais e uma vontade doida de tentar resgatar essa personagem do fundo do poço! E o mais interessante é como a personagem ressurge das cinzas : " Agora eu sei o que é um vazio de sentido e o que acontece se você consegue voltar à superfície" (p.181).
Sem dúvida um livro incrível.
acaipira 03/01/2017minha estante
Morrendo de vontade de ler


Drika 03/01/2017minha estante
Muito bom, Ju!


Cristiane 10/09/2017minha estante
undefined




Dira 21/05/2020

Terrível
Entre esse, a filha perdida e a saga napolitana, não sei qual é o mais chato. Elena Ferrante de longe foi a autora que eu mais insistir, mesmo detestando tudo que escreveu até agora. Nunca viverei o suficiente para entender o Hype.
Paulo Nunes 26/05/2020minha estante
Nem tanto Dirinha. Também não entendo o porque de tanto sucesso, digamos escritora razoavel.
Mas esse "Dias de Abandono" foi o pior dela que li.


Dira 26/05/2020minha estante
Nossa, eu realmente odiei. Hahahaha Escreve bem, não é despreparada, só a acho maçante mesmo. Coisa que eu fui confirmando obra após obra para não concluir que eu estava sendo implicante.




623 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR