Kel 24/03/2021
Perturbador
Visceral e muito forte, o livro aborda um psicopata e assassino em formação. Francis não tem empatia por ninguém. Passa os dias como um inútil, o que lhe proporciona tempo de sobra para pensar em armadilhas mirabólicas para exterminar seus disabores. O maior porém é que os disabores são crianças, e pior, seus parentes próximos, o irmão mais novo e dois primos. O primo é outro ser desprezível e cruel, mas a ideia de se pagar violência com violência é o que incomoda no livro. Esse primo morre de picada de cobra, mas a passagem é narrada de um jeito que nos faz tremer de agonia e aflição, dá vontade de entrar no livro para tentar salvar o tal primo. A prima morre com balões, voando ao longe, confesso que achei um tanto engraçado apesar da maldade. Agora o irmão mais novo morre de bomba, e a crueldade atinge seu nível maior. Só que ao longo do livro somos apresentados a personalidade do assassino e seu perfil psicológico bizarro. A fabrica de vespas é nada mais que um cativeiro onde as vespas estão condenadas a morte, uma espécie de labirinto cruel. O "esconderijo" do assassino conta também cm ossos de animais mortos, dentre eles um crânio de cachorro, canino esse que o teria atacado em sua infância e portanto mutilado na sua condição de homem, o que justificaria em parte seus problemas psicológicos e tendências psicopatas, porém o livro tem uma reviravolta no final nos apresentando não a um assassino e sim a uma assassina, quando a personagem principal descobre sua verdadeira identidade confrontando um pai ainda mais perturbado do que ela que a criou como menino após a morte da mãe. Esse final vale muito, surpreendente e de cair o queixo, afinal Francis torna-se Frances, porém como não justifica a maldade como resultado de uma criação que ofende a identidade de gênero, foi o que desabonou um pouco a história. Ainda assim vale a leitura, para os fortes de estômago.