As ondas

As ondas Virginia Woolf




Resenhas - As Ondas


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Geovane 08/08/2016

Seis vozes, uma canção.
Virginia sempre teve duas paixões: as pessoas e o tempo. Em seus romances, ela explorou a complexidade humana de dentro para fora, sendo capaz de revelar o que há de mais secreto em todos nós;aquilo que até então não sabíamos traduzir em palavras. Para fazer isso, é preciso tempo.
O tempo é a cama; o solo; o movimento do oceano e dos astros. Mas todas essas coisas não são o tempo, apenas seguem o caminho traçado por ele, assim como nós. O tempo nos segue, persegue e precede nossos passos. É o acompanhante marítimo encharcando nossos sapatos enquanto fazemos a árdua jornada da vida.
É um oceano que nos liga, que nos torna unidos e ao mesmo tempo únicos. Eu sou eu e meu pai e meus amigos do ginásio, o estranho que bateu na minha mochila e a fez cair. Tenhor dor, alegrias e desejos, que morrem e nascem e rebentam nas rochas. Então imergimos nas ondas, somos seis vozes com os pés molhados, e cada um sente a água ao seu modo, porém estamos todos aqui.
Talvez, a obra mais visceral que ela tenha escrito, capaz de destruir e construir coisas de forma brusca e paulatina, intrinsecamente. Talvez, o maior desafio para ela, ao permitir que o tempo e a sensibilidade humana inundassem suas palavras, tornando o ilegível possível.
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Ricardo Rocha 31/01/2016

não vou conseguir escrever sobre As ondas. Acredito que msm para ela foi um salto além, além de tudo. poético, difícil, técnico e ao mesmo tempo simples (a partir de um determinado momento quando a pessoa se dá conta do que se trata, momento que - imagino - nem sempre deve chegar). não sei se já havia sido escrito quando ela num êxtase de revelação ou sei lá disse sobre o conto Na baia (que tem aquele início perfeito) de Katherine Mansfield "eu é quem deveria ter escrito isso) ou algo assim. mas acho que não, porque a abertura de As ondas ("O ainda não nascera...) e seu final ("e também dentro de mim a onda segue"...), como leitora ela devia saber, está entre as passagens perfeitas da literatura
Claire Scorzi 31/01/2016minha estante
Ler e reler Virginia, ler e reler Virginia...


Ricardo Rocha 31/01/2016minha estante
Ah, se ainda dispusesse das forças, intactas na noite - é do Tempo Perdido, mas podia ser uma frase nossa acerca de tempo para... (-=




igor 25/04/2015

Não sei por onde começar a falar d'As Ondas.
Vou começar dizendo que minha primeira experiência com a técnica que chamam de "fluxo de consciência" - aquela se empenha em transpor a sinuosidade do pensamento humano na narração - foi com Clarice, e continuo deslumbrado com a quantidade de energia que esses livros demanda de quem se arrisca a lê-los. É literatura arriscada. Não dá pra sair impune.
Pois bem, voltando ao livro, ele nada mais é do que uma série de solilóquios intercalados desses seis amigos - Bernard, Louis, Neville, Susan, Jinny e Rhoda -, que vão contando de suas vidas, desde infância até a velhice. A transição de uma etapa para outra é marcada pelo avançar de um dia na praia, com o percurso do sol sobre o mar - e consequentemente, sobre as ondas do título. Como a Claire Scorzi disse no vlog dela, é um romance radical.
Concatenar a série de sensações que esse livro me trouxe não é tarefa fácil. Isso nem ao menos pode ser chamado de resenha. Perceba que estou me controlando para não falar bobagem. Mas, amparado na incerteza que eu senti com esse livro - porque até agora não entendi o que ele é-, sinto que qualquer bobagem ou genialidade pode ser igualmente perdoada. Sem equívocos, digo que Virginia Woolf é definitivamente uma sugadora de almas.
Esse livro me deixou um caroço.

site: http://colapsoensaiado.blogspot.com.br/
magno argolo 04/09/2021minha estante
vou contar pro tomaz tadeus




Mi Hummel 31/01/2015

À deriva com Woolf
" - E também dentro de mim a onda se ergue. Cresce; arqueia o dorso. Mais uma vez tenho consciência de um novo desejo, algo que sobe por baixo de mim, como o altivo cavalo cujo cavaleiro primeiro o instiga, depois o puxa para trás. Que inimigo percebemos agora avançar contra nós, você a quem cavalgo agora, parados aqui, escarvando este trecho do calçamento? É a morte. (...) Vou lançar-me contra ti, imbatível e inflexível, ó Morte!"

Primeiro livro em que tive contato com Virginia Woolf.
Pontuo como duas estrelas não pela autora, mas pela ignorância da leitora. Foi um daqueles livros em que quanto mais lia, mais me pegava pensando se estava compreendendo o que cada personagem queria dizer.

Foi uma leitura difícil, confesso. Por não estar acostumada, parava a cada capítulo para respirar e descansar. Mas, eis que consegui completar a leitura.
Não posso dizer que amei o livro, pois isso seria hipocrisia.

" As ondas" é um livro que conta com seis narradores personagens - e eis aí o maior trunfo da autora. Frequentei um curso sobre escrita criativa e soube que um dos grandes problemas dos autores é a perspectiva da personagem. Coisa que Woolf não sofre. Imagine seis personagens. Além de um deles falar sobre si próprio, define a postura, movimentação e sentimento das demais. De repente, muda-se a personagem. A perspectiva é toda reformulada de acordo com o novo narrador e assim vai. Praticamente, o livro se conduz dessa forma. Numa roda viva de monólogos que se complementam.

Bernard, Neville, Louis, Rhoda, Susan e Jinny. Acompanhamos de perto as sua interações com o mundo e com eles próprios. Cada um deles é diferente, porém, permanece a mesma dúvida: a essência de ser. Seus encontros com a humanidade, com o amor e com a morte, definem a maioria de seus pensamentos.

Eles próprios são ondas. A entrechocar-se num ir e vir eterno.
Inclusive, eu própria me senti à deriva, em pleno mar ao ler. Pareceu-me que a própria narrativa simula esse ir e vir das ondas, uma vez que logo no início somos apresentados aos seis personagens, um atrás do outro. Como se não houvesse tempo para respirar a fim de se recuperar da onda que passou. Por isso, foi exaustivo. Até que as ondas narrativas foram se tornando cada vez maiores e mais calmas...A medida que as personagens envelheciam e se estabeleciam no mundo as suas falas iam se tornando mais longas, embora se pudesse observar uma calmaria aparente.

Não. Não foi fácil. As falas das personagens são acompanhadas sempre pela natureza. Há uma bela descrição de uma praia no intróito e essas descrições se estendem no decorrer da obra, como se pontuassem as fases de vida. Nascimento, infância, adolescência, maturidade e velhice.

O drama da obra é interno, psicológico. Não há movimentação externa, mas as dores .e questionamentos do ser humano diante de suas escolhas na vida e seu embate com a morte.

Seja como for, a própria morte é uma nova onda. E tudo deve ir algum dia, para voltar novamente.

Nalice 19/04/2015minha estante
Excelente resenha! *aplausos*


Mi Hummel 31/05/2015minha estante
Olá, Nalice! Obrigada. E você? Leu e gostou?


Felipe Guilherm 09/06/2017minha estante
Senti o mesmo ao terminar o livro, geralmente leio dois ou três ao mesmo tempo, mas para esse fui exclusivo, levou mais tempo que o normal, mas a introspecção o fluxo de consciência de cada personagem são de certa forma arrebatadores. As outras obras dela são mais palatáveis, mas o lirismo é sua marca registrada, experimente "Orlando" e "Um Teto Todo Seu". Excelente resenha, parabéns!!!


Mi Hummel 20/06/2017minha estante
Oi, Felipe! Obrigada pela dica! Realmente, preciso me preparar se for encarar uma outra obra desse tipo! Então, que bom que ela escreveu obras mais leves! Vou ver se encontro!




Thyeri 19/02/2014

As Ondas foi minha primeira experiência com a Virginia Woolf, e posso dizer que fiquei com vontade de experiencia-la mais vezes. Foi uma leitura única pra mim, nunca tinha lido nada parecido com a escrita dela, o que me causou certo estranhamento no começo, mas com o decorrer da leitura fui me acostumando com o formato do livro. Mesmo assim, algumas partes ainda me causou esse estranhamento.

Estou acostumado com dois tipos de escrita, aquela em que o personagem principal me narra sua história, mas mesmo assim tenho o autor me ambientando, tornando as características do lugar claras para mim. E quando os personagens são em terceira pessoa, onde percebo a mão do autor muito mais presente. Virginia Woolf conseguiu me desconstruir esses dois tipos, tirando a presença do autor, salvo nas transições das fases do livro. Aqui, quem nos ambiente são os próprios personagens, são eles que descrevem tudo e nos contam sua história. Poucas vezes parece que eles estão falando entre si. Temos verdadeiros solilóquios, onde os personagens falam sobre o que estão vendo, sentindo, o que falam ou queriam falar entre si.

Acompanhamos seis pessoas, Bernard, Neville, Louis, Jinny, Susan e Rhoda, desde crianças, quando estudavam juntos, até a idade adulta. Na transição das idades, lemos a descrição de uma paisagem a beira mar, desde o nascer do sol, até ele se por; como as ondas batem na costa, nas pedras, de como o sol penetra nas árvores, e entra pela janela iluminando o recinto.

Uma história sobre a vida de seis amigos, seus amores, angústias, medos, expectativas, e, principalmente, das suas divagações sobre todos esses aspectos no decorrer dos acontecimentos; isso ficou bem marcado pra mim. Em praticamente todas as falas, os personagens não se resumem a descrever o que está acontecendo, eles fazem mil conexões com outras referências de suas vidas. Bernard, por exemplo, gosta das palavras, então um simples olhar que ele irá descrever pra gente, pode virar uma história na cabeça dele que ele nos irá contar. Então cada um deles irá divagar de sua forma singular.

As Ondas, ou mesmo a própria Virginia Woolf, não é um tipo de escrita para todos. Mesmo com uma narrativa deliciosa, não é muito fácil de se compreender, viajei em vários de seus parágrafos me questionando se eu realmente entendi o que ela quis passar. Mas ainda assim, é uma leitura que eu recomendo muito.

site: www.restaurantedamente.com
Gabi 15/11/2017minha estante
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Francisco Cabral 26/08/2013

Virgínia Woolf: uma arquitetura do íntimo existir
O que acontece quando, sob o prisma de um mesmo fato, há uma decomposição narrativa em 6 ângulos tão diferentes mas inusitadamente complementares? Qual a real espessura de um encontro da consciência com o que está inevitavelmente apartado do seu alcance? É possível sair impune ao fato de existir? Essa é a experiência complexa que vive o leitor ao decifrar (e sentir) a brisa de As Ondas (Virgínia Woolf). Seus personagens (Bernard, Neville, Louis, Susan, Rhoda, Jinny) vão ganhando matizes distintas e fincando irresistivelmente suas raízes em nós, até que o processo seja irreversível, e nunca mais seremos os mesmos. Virgínia reinventa a linguagem que parecia tão familiar, dá novos tons com suas descrições fantasmagóricas, suas revelações e memórias, suas metáforas e comparações inesperadas e precisas. Recomendo muito o livro, especificamente a tradução feita por Lya Luft (Ed. Novo Século).

"Preciso abrir a portinhola do meu alçapão e deixar que saiam as frases articuladas em que ligo tudo quanto acontece. Desse modo, o sentimento de incoerência é substituído por um vínculo sinuoso que une ductilmente as coisas entre si."
(Solilóquio de Bernard) Virgínia Woolf, As Ondas
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Soemis 30/09/2012

As Ondas
São seis as personagens importantes de As Ondas. As suas vozes descrevem a intensidade da infância, o otimismo e a consciência física da adolescência, a indiferença da idade madura. Sensações, percepções, emoções; tudo flui e reflui no decorrer da narrativa como se de estações do ano (ou de ondas) se tratasse.
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Namelass 03/02/2012

É toda a melancolia da vida neste livro, nesta leitura. É a melancolia da vida em forma de ondas, varrendo a mente a cada página.
Jacy 04/10/2012minha estante
Gostei :)


Kaua.Jorge 05/08/2021minha estante
Eu não dou conta de abrir


Kaua.Jorge 05/08/2021minha estante
Como faço


Leandro.Bonizi 19/12/2022minha estante
Bela metáfora!




Gui 18/10/2011

Poemance
Perfeito. Incrível. Saboroso. Uma leitura maravilhosa de uma das melhores obras que já vi. Com um tom dramático, Virginia Woolf narra em solilóquios a vida de 6 personagens principais, que amarram o leitor do início ao fim. Como dito na introdução, é um verdadeiro poemance(poema em forma de romance)
Vitoria.Sanches 27/08/2017minha estante
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