Thyeri 19/02/2014As Ondas foi minha primeira experiência com a Virginia Woolf, e posso dizer que fiquei com vontade de experiencia-la mais vezes. Foi uma leitura única pra mim, nunca tinha lido nada parecido com a escrita dela, o que me causou certo estranhamento no começo, mas com o decorrer da leitura fui me acostumando com o formato do livro. Mesmo assim, algumas partes ainda me causou esse estranhamento.
Estou acostumado com dois tipos de escrita, aquela em que o personagem principal me narra sua história, mas mesmo assim tenho o autor me ambientando, tornando as características do lugar claras para mim. E quando os personagens são em terceira pessoa, onde percebo a mão do autor muito mais presente. Virginia Woolf conseguiu me desconstruir esses dois tipos, tirando a presença do autor, salvo nas transições das fases do livro. Aqui, quem nos ambiente são os próprios personagens, são eles que descrevem tudo e nos contam sua história. Poucas vezes parece que eles estão falando entre si. Temos verdadeiros solilóquios, onde os personagens falam sobre o que estão vendo, sentindo, o que falam ou queriam falar entre si.
Acompanhamos seis pessoas, Bernard, Neville, Louis, Jinny, Susan e Rhoda, desde crianças, quando estudavam juntos, até a idade adulta. Na transição das idades, lemos a descrição de uma paisagem a beira mar, desde o nascer do sol, até ele se por; como as ondas batem na costa, nas pedras, de como o sol penetra nas árvores, e entra pela janela iluminando o recinto.
Uma história sobre a vida de seis amigos, seus amores, angústias, medos, expectativas, e, principalmente, das suas divagações sobre todos esses aspectos no decorrer dos acontecimentos; isso ficou bem marcado pra mim. Em praticamente todas as falas, os personagens não se resumem a descrever o que está acontecendo, eles fazem mil conexões com outras referências de suas vidas. Bernard, por exemplo, gosta das palavras, então um simples olhar que ele irá descrever pra gente, pode virar uma história na cabeça dele que ele nos irá contar. Então cada um deles irá divagar de sua forma singular.
As Ondas, ou mesmo a própria Virginia Woolf, não é um tipo de escrita para todos. Mesmo com uma narrativa deliciosa, não é muito fácil de se compreender, viajei em vários de seus parágrafos me questionando se eu realmente entendi o que ela quis passar. Mas ainda assim, é uma leitura que eu recomendo muito.
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