Felipe 09/01/2021O personagem, do qual não sabemos o nome, remete às lembranças que tem de sua infância, adolescência e vai até meados de seus 25 anos, contando sobre suas experiências pessoais, e como se descobriu homossexual. Fato esse, que desencadeia o constante uso de "máscaras" para tentar se proteger dos julgamentos da sociedade da época (estamos no Japão entre os anos 1930-50). Sobretudo é um livro permeado de sofrimento, já que o personagem é muito confuso sobre o seu verdadeiro eu, e quando o descobre, tenta mentir para si mesmo, de modo a "facilitar" sua inserção nas convenções sociais.
São interessantes as referências que Mishima faz à cultura tradicional japonesa, como nos casos do teatro, e de quadros, onde ele ressalta que os casais têm um perfil de beleza muito parecidos entre si. Também são marcantes as descrições de destruição do Japão durante a Segunda Guerra, e a constante presença da morte no imaginário da população, descrições de paisagens, como as tradicionais cerejeiras (eu amo muito). Ademais, ele nos mostra sobre a já presente ocidentalização do país, que passou a ter intervenções estrangeiras constantes no período.
Gostei bastante do livro, senti vontade de poder ajudar o personagem principal (que era o próprio Mishima). Talvez o livro tenha servido como uma forma de terapia também, já que são confissões, e às vezes funciona "desabafar" por escrito.