Maria2264 16/12/2020Que triste fim levou essa saga...Alta quantidade de spoilers! Leia por sua conta e risco.
No começo de tudo, lembro-me de ter amado essa saga como não amava qualquer outra do gênero. Por muito tempo foi assim, até que as coisas tomaram um rumo inesperado. O que antes poderia ser considerado um enredo com uma boa premissa, com o tempo, se tornou algo muito cansativo. Um fim lamentável.
Parece que quando chegou do meio para o final, a autora se cansou de desenvolver a história de Mia e, simplesmente, jogou tudo para o ar escrevendo de qualquer jeito. É nítido que a história se perdeu do meio para o fim, afinal qual era a proposta da saga desde o primeiro livro? A jornada da Mia como acompanhante de luxo. Na teoria era para a história ter seguido assim até que no fim fosse perceptível a evolução da personagem em sua trajetória. O que aconteceu foi que em meados de agostou ou setembro, não me lembro com exatidão o mês agora, a autora simplesmente ligou o dane-se para a proposta do livro, e do dia para a noite nossa heroína tinha um irmão multimilionário feito nas coxas para pagar sua dívida e livra-lá de todos os problemas. Eu achei isso bem incoerente até com a personalidade da própria personagem. No começo, a Mia não aceitava nem bala de ninguém com todo aquele discurso de: "Eu tenho que seguir meu caminho", "Eu tenho que resolver meus próprios problemas", "Eu não posso aceitar dinheiro seu, porque se não eu sempre vou ficar em divida com você", etc. Para no fim, pegar quatrocentos mil reais de um irmão que ela tinha acabado de conhecer. Gente?!
E para por aí? Não mesmo. Magicamente, Mia, ao largar a vida de acompanhante, consegue o emprego dos sonhos como apresentadora de televisão e já no primeiro episódio se torna uma febre mundial, as coisas nessa saga são tão forçadas que as vezes dá até medo. Meu consciente não consegue assimilar isso aqui. É a mesma coisa que ler "A Seleção" e quando chegar no meio da saga ver que a América saiu da competição e decidiu viajar pelo mundo tocando violino. Além de ser absurdo porque não entretém o leitor ainda é surreal pelo fato de tomar outro caminho diferente do que foi prometido inicialmente.
Agora é sério, sem brincadeiras, eu nunca pensei que diria isso de livro nenhum, mas nesse aqui se tornou necessário: Parecia muito que eu estava lendo um livro da Abbi Glines sem saber. Sério. Eu não estou exagerando. Por que eu acho isso? Pelo simples fato de que tudo é muito perfeito de um jeito fora da realidade e altamente forçado, todo mundo ama todo mundo, só tem dois tipos de personagens: O vilão muito mal e os mocinhos amáveis e gentis, conflitos rasos e sem desenvolvimento (Isso quando tem) que são resolvidos de uma hora para outra com soluções tiradas de só Deus sabe onde, casal protagonista com começo promissor que se perde na história e passa a ser desenvolvido somente através de sexo, mocinha que é dependente e "diferente das outras garotas", mocinho possessivo e ciumento, além dos personagens secundários altamente caricatos e esteriótipados. Sabe, essas características típicas que você sempre encontra em um livro da Abbi Glines que te faz querer nunca mais ler um romance na vida.
Separei essa parte aqui exclusivamente para reclamar do quanto eu odeio o fato das coisas serem tão previsíveis e forçadas nesse livro. A Mia tinha uma dívida para pagar? Aparece um irmão multimilionário para ajudar. A Mia quer encontrar a mãe que não vê há trocentos anos? Olha ela ali do outro lado da rua. A Mia quer arrumar uma namorada para o amigo Taí? Na mesma hora ele esbarra em uma garçonete com as mesmas características que a mãe "vidente" dele disse que seria sua futura esposa. Mia quer ajudar o Sr. Shipley a criar um programa de ajuda para os mais pobres? Coincidentemente, ela encontra com a esposa de um homem muito poderoso que pode fazer o projeto acontecer no banheiro de uma festa, faz amizade com a estranha e na mesma noite acerta tudo para ele investir no projeto. Está entendendo o que eu quero dizer? Depois de abril parece que a história é só ladeira abaixo. É tudo tão tosco, e não um tosco bom que te faz rir...
Falando em tosquice, o que era aquela amiga sem educação da Mia? Aquela tal de Ginelle. E aquela irmã dela? Qual era a função daquilo? Gente, eu não sei quem era pior. A sem educação da Ginelle ou a irmã duas falas da Mia. Ambas sem desenvolvimento e esteriótipadas. Mas que esteriotipo revoltante. Dava muita raiva que, absolutamente, tudo a Mia tinha que enfiar as duas no meio. Se o Wes ou Max chamavam a Mia para ir na esquina, por exemplo, já tava ela: "Ah, mas e a Mads e a Gin? Elas não podem ir não?" Era o tempo todo pensando nas duas antes de pensar nela mesma. Eu só ficava: "Amada?". Sem contar os outros momentos vergonha alheia, né.
Sabe o que é mais surreal nessa saga toda? É que tipo, eu tenho um pressentimento de que a autora não sabia ou tinha preguiça de desenvolver um conflito por livro. A partir disso, ela, simplesmente, pegou um livro só, numa saga que tem um total de 12, e colocou TODOS os conflitos somente nele. Sim, você não entendeu errado. Acho que foi em setembro quando ela decidiu largar a vida de acompanhante de uma hora para outra (O mais engraçado é que ela trabalhava para uma agência profissional, mas não existia contrato, multa, cláusula. Não tinha nada disso.), nesse mês tudo enquanto era desgraça que poderia acontecer na vida de nossa heroína e que não aconteceu nos outros livros veio de uma só vez. Nesse mês, o Wes é sequestrado e fica mantido refém em outro país, o pai da Mia piora no hospital, o agiota que ela estava devendo decide cobrar o restante da dívida de uma hora para outra, a tal da Ginelle é sequestrada, isso tudo acrescentando o fato de que ela tinha acabado de descobrir que tinha um irmão multimilionário que a mãe escondeu dela... Você deve estar se perguntando agora: "Poxa, mas se tudo isso aconteceu em um livro só, o que sobrou para os outros livros?". Eu também estou procurando até agora...
Poderia até dizer que sobrou o Wes e a Mia ficando juntos no final, como eu queria dizer isso, mas todos sabemos que não iria ser verdade. A autora tinha a faca e o queijo na mão semi partido para fazer deles um dos casais mais memoráveis de todos, mas ao meu ver estragou isso também. Desde o início, fica evidente que Wes e Mia iriam terminar juntos. Contudo, você, leitor, imagina que haverá no mínimo uma briga ou um empecilho que dará o mínimo de mistério ao futuro dos dois. Sabe, eu costumava pensar que a Mia teria uma jornada como acompanhante e aí no começo do último livro que ela e o Wes iriam ficar juntos de vez. Ainda bem que eu não apostei isso. Acho que em agosto eles decidem que se amam para sempre e vão assim até acabar a saga. Sim, isso mesmo, sem mistério, sem desenvolvimento e sem nenhuma graça. Quatro livros, incluindo esse de dezembro, de puro romancezinho perfeito, uma quantidade alarmante de relações sexuais e o desenvolvimento esdrúxulo do programa mais esdrúxulo ainda da Mia. Eu mereço isso.
Minha opinião geral e sincera da saga toda é que a autora ou ficou com preguiça ou não soube ou não quis desenvolver toda a história de Mia. Sabe, escrever um livro dá trabalho, agora pense em escrever uma duologia ou trilogia desse mesmo universo. É preciso muito mais criatividade e bem mais empenho para manter o mesmo nível do primeiro livro e induzir o leitor a ter o mesmo interesse pela duologia/trilogia. Agora imagina a dedicação que a pessoa tem que ter para escrever uma série com o sêxtuplo ou quádruplo de número de livros. Realmente, não é qualquer escritor que aguenta ou que consegue fazer isso. Acho que se a saga fosse resumida em um livro só ou se fosse uma duologia/trilogia teria tudo um desempenho melhor... É isso aí galera, eu não falei muito sobre o livro de dezembro em si porque é o último, mas totalmente igual aos outros. A diferença é que nesse tem neve, natal e um pouco de casamento, mas a forçação é a mesma da maioria dos outros livros da série. Vi que tem um conto de dia dos namorados, talvez eu leia para não deixar nada de fora ou talvez eu não leia pelo fato de estar saturada. Só Deus sabe o que o futuro me reserva em questão de livros. Dessa vez eu não posso dizer se recomendo ou não a saga porque, realmente, ainda me encontro em dúvidas quanto essa questão. Não leria de novo e isso eu posso dizer com certeza. Apesar de tudo, não me arrependo de ter lido, acho que eu pude aprender algumas coisas aqui e ali e até deu para salvar alguns momentos, além de que, como eu disse antes, nem todos os livros da série são ruins... Só a maioria que estraga. É isso.