Larissa | @paragrafocult 21/12/2020
"Poucos se dão conta da imensidão do vazio em que a poeira do universo material flutua."
Não vou mentir que só comprei esse livro por conta do filme. Já ouvi falar coisas maravilhosas sobre H. G. Wells mas nunca tinha lido suas obras porém fiquei curiosa quando vi o livro por conta da adaptação conhecida.
A única coisa que posso dizer para resumir o que senti ao ler a obra foi: Por que não li antes?
Sério. Que livro... Esse ano eu acabei por conhecer mais do gênero sci-fi que era algo que nunca tinha me deixado realmente interessada e a cada obra que leio, minha vontade de conhecer mais e mais livros de sci-fi só aumenta.
A obra é dividida em duas partes: na primeira nos é mostrado através do ponto de vista do narrador, como tudo começou. Desde a queda de um estranho cilindro nas redondezas, até o processo de dominação dos humanos pelos marcianos começar a se desenvolver. Quando um enorme e estranho cilindro cai, a atenção de várias pessoas das redondezas é capturada. As pessoas comuns querem saber do que se trata, enquanto os mais "cultos" querem de alguma forma fazer contato com qualquer que seja o tipo de vida dali.
O que as pessoas não estavam esperando era que a criatura saída do cilindro fosse tão grotesca aos seus olhos, afinal, esperava-se que uma criatura minimamente humanoide saísse dali mas o que apareceu foi algo como um polvo, com uma enorme cabeça e estranhos tentáculos que mau conseguia se mover devido as diferenças de ambiente entre a Terra e Marte.
Por conta dessas dificuldades, ninguém viu neles um grande perigo, o que logo foi mudado já que as criaturas rapidamente mostraram-se um grande perigo ao surgirem em enormes máquinas de quase trinta metros de altura, com tentáculos que capturavam e destruíam tudo, além de um raio que queimava tudo ao redor.
A melhor parte do livro, na minha opinião não foi a dominação de Londres pelos marcianos em si e sim a forma como o narrador conta da reação que a tragédia causa nas pessoas, em como a demora para acreditar no real perigo prejudicou na fuga e acabou facilitando a morte de vários, assim como questionamentos religiosos que são levantados quando ao fugir o narrador encontra um padre a beira da loucura, que não parava de se questionar sobre os motivos de Deus para permitir tal atrocidade e o castigo divino.
Algumas pessoas eram rapidamente levadas pela loucura diante da situação, outras pareciam não se importar em passar por cima de quem quer que aparecesse em seu caminho e dificultasse sua fuga. Roubos e saques para se alimentar já que fome e sede era uma dor coletiva, se tornaram comuns, assim como a caça de territórios seguros. A humanidade estava o mais puro caos, ou melhor, o que restara dela.
O narrador (não me lembro do nome dele ter aparecido em nenhum momento do livro mas posso estar enganada porém isso tem uma importância muito pequena, então nem faz falta saber ou não o nome de quem está narrando) se manteve relativamente são durante os acontecimentos. Sem saber de fato como estava a sua esposa, machucado e com medo, ele ainda sim se manteve de pé e por mais que quisesse que tudo acabasse e sentisse medo, não parecia culpar totalmente os marcianos como as outras pessoas faziam. Ele muitas vezes comparava toda a situação entre humanos e marcianos com a forma da qual os próprios seres humanos tratavam e dominavam animais inferiores.
Não sei se por ser menor, a segunda parte do livro é bem mais fluída. Os marcianos estão consolidando seu poder sobre os seres humanos já que nos é dito que a razão para eles terem aterrisado e criado tal estrago na Terra era porque Marte estava se tornando inabitável para eles, que precisavam de um novo lar.
O livro é repleto de detalhes. Você consegue visualizar quase que com perfeição os marcianos e o caos que vêm junto deles. A narrativa, na minha opinião, também foi bem fluída de forma que a leitura é bem rápida e simples de entender, sem enrolações e nem floreios. Eu devorei o livro tão rápido que nem ao menos percebi e quando terminei, fiquei querendo mais. O narrador passou por maus bocados que eu e muitas pessoas acabariam por perecer. Ele era um cara que sabia se virar nos momentos em que estava sob pressão e medo, além de ser um cara inteligente, o que o ajudou bastante em diversos momentos. Porém quando ele encontra um soldado no qual seu instindo para sobreviver era maior do que seu raciocínio, ele pôde ver que ser inteligente não seria o suficiente para sair vivo de tudo aquilo.
A capa do livro é dura, tendo algumas ilustrações em seu interior. Achei a história maravilhosa, talvez por ter começado a leitura sem muitas expectativas. Agora quero ler outras obras de H. G. Wells, como A Máquina do Tempo e O Homem Invisível.
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