Resenhas - Enclausurado

ajbelei 21/12/2022

descobri esse livro lendo uma fanfic hehe, me interessei justamente por ser narrado pelo feto na barriga da mãe.
eu me identifiquei com algumas frases daquele bebê (e não gostei de ter me identificado). enfim, eu achava que conseguiria ler em uma sentada mas o livro é um pouco denso até, PORÉM é bem fluído

Alina.Oliveira 17/01/2017

Idéia ótima, livro chato.
Achei que a ideia que o autor teve foi maravilhosa. Um livro narrado por um bebê ainda na barriga da mãe foi uma sacada genial, no entanto, pelo menos pra mim, a leitura foi, por muitas vezes, enfadonha, desinteressante, chata mesmo! Algumas passagens são de fato boas, como o capítulo 15, mas na maior parte do tempo eu li o livro com pressa, não por querer saber o que ia acontecer, mas pra me livrar logo dessa leitura e passar pro próximo livro.
Esse foi meu primeiro contato com o autor. Achei a escrita dele muito boa, e, mesmo o livro não sendo isso tudo que as pessoas tem falado, vou me arriscar em conhecer mais a obra do Ian.

Mandy 17/12/2016

O livro que poderia ser
Embora o autor tenha uma originalidade ímpar - mudança radical de narrador (feto) -, a história não prende o leitor, além de conter um enredo que contrasta negativamente com a criatividade de McEwan. As habilidades do narrador em saber a cor da roupa da mãe e outros detalhes que não lhe são possíveis conhecer incomodam porque descaracterizam o contador da história. O feto, ao invés de trazer frescor pela sua infantilidade genial, acaba se tornando um velho sabichão. Enfim, uma ideia fenomenal que, infelizmente, estagnou-se em um livro dececpcionante.

Ladyce 15/12/2016

"Enclausurado" é uma história de suspense. Um casal de amantes planeja um assassinato. A vítima é o ex-marido da futura assassina e irmão de seu parceiro no crime. Há, no entanto, uma testemunha desses planos: o feto que a mulher leva na barriga, narrador da improvável história.

Todos os personagens do livro são detestáveis, com exceção dele, inocente, observador e participante à revelia da trama. Este não é um feto qualquer, já teria passado no ENEM caso pudesse ter feito a prova. Ele entende de tudo, do meio ambiente ao melhor vinho. Não porque sua mãe converse com ele, como hoje mães fazem, ouvindo música clássica para o futuro bebê nascer com memória musical engendrada; falando inglês, francês ou japonês para que ao nascer a criança já conheça a estrutura verbal da língua. Não, não se trata dessas mais novas teorias aplicadas.

Trata-se ao contrário, de mãe desregrada que bebe constantemente apesar da gravidez, dando ao feto sofisticado gosto por vinhos, capaz de eleger o de que mais gosta. É um feto que aprende sobre o mundo da ecologia à genética graças aos programas de entrevistas, documentários, podcasts favoritos da mãe. Quando entediado o feto – que não tem nome – chuta a barriga da mãe no meio da noite para acordá-la e levá-la aos programas no rádio ou televisão de onde tira seus conhecimentos.

O pai, um poeta caricatural, preocupado com o amor em letras maiúsculas, não se apercebe da trama em que se vê envolvido. Mas não é uma vítima que nos toque emocionalmente. Nenhum personagem adulto é simpático. Só mesmo o feto, essa voz dominante que não consegue detestar sua mãe, ama-a de fato, mesmo sabendo de seu mau caráter. Mas que mais poderia fazer? Sua vida depende dela. De particular senso de humor, são as opiniões que o feto tem de como deveria ser educado; o que poderá vir a ser prejudicial ao seu crescimento, o que os pais não deveriam fazer.

Contando no humor, McEwan realiza um grande feito narrativo, de controle inigualável. E uma vez aceita a premissa do feto pensante, inteligente, com um rico vocabulário, não há como não simpatizarmos com esse futuro bebê. Até mesmo quando de maneira patética ele considera a fragilidade de seu próprio destino. Nossa solidariedade é engajada, desde o início, e torcemos para que tudo dê certo no final, que é surpreendente e lógico. Gratificante.

É um trabalho memorável de técnica narrativa. É uma obra de pequeno porte, meras 199 páginas, de leitura fácil, descomplicada, com assuntos do dia a dia. No entanto, não deixa de ser um trabalho de um único truque, ou melhor, de uma única piada. Ou seja, limitado por sua própria estreiteza temática. Por isso, e só por isso não chega, na minha opinião a ser tão grandioso quanto os críticos literários de renome o consideram, mesmo que aluda, aqui e ali, à obra maior, de Shakespeare: Hamlet. Não encontrei nessa obra nem a profundidade, nem o panorama filosófico tão aclamado. É um livro divertido, que nos leva a considerar o mundo por ponto de vista inusitado. Diverte. Dá para apostar que o autor se divertiu imaginando a trama. Um bom presente de Natal, para qualquer leitor.

Carol | @carolreads 11/07/2019

Enclausurado
Meu primeiro Ian McEwan.

Apesar de ser um livro curto, Enclausurado consegue entregar exatamente aquilo que propõe: a história de um bebê que, ainda na barriga da mãe, descobre que ela e seu amante planejam assassinar seu pai.

É um livro simples, mas que prendeu minha atenção. Além de todo o mistério e tensão envolvendo o planejamento do assassinato, o narrador faz comentários ácidos sobre tudo o que acontece ao seu redor, é um grande apreciador de vinho e muito dramático!

Alguém já leu Enclausurado? Qual outro livro do McEwan recomendam? Reparação está na minha lista a bastante tempo já!

site: https://www.instagram.com/carolreads

Jackson 01/07/2021

Um narrador que ainda não nasceu
Essa é uma das poucas histórias em que o narrador é o personagem principal. Um narrador que ainda não nasceu descreve uma série de acontecimentos com suas impressões limitadas da vida.

bmeetsevil 24/07/2020

QUE LOUCURA MEU DEUS
Há muitos anos li tentei ler Hamlet (nunca terminei), e quando ouvi que Enclausurado era a história contada do ponto de vista de um bebê dentro da barriga da mãe falei: OK AGORA VAI.

Pelo amor de deus uma loucura, só gente surtada nessa família. Muito bom recomendo.

Luis 12/02/2017

In utero
Não faz muito tempo, Ian McEwan foi tema de uma coluna de Arthur Dapieve.

O cronista de “O Globo” enaltecia a original veia narrativa do escritor, já há muito alvo das mais rasgadas louvações da crítica especializada, e em especial a maestria de “Enclausurado” (Companhia das Letras, 2016) sua mais recente empreitada. Poucas semanas depois, numa das minhas conversas literárias com o amigo Ricardo Rodrigues, ele comentou sobre a obra e reforçou os elogios do colunista. Foi o suficiente para , pela primeira vez, me aventurar por suas páginas.

O grande trunfo de “Enclausurado” é justamente seu caráter inusitado, que se assemelha à genial e clássica solução de Machado ao criar um narrador morto. McEwan vai no sentido oposto: sua história nos é contada por um feto, o tal “Enclausurado” do título, o que por si só justifica o ineditismo e valor da obra.

O feto testemunha (se é que podemos utilizar tal termo) uma espécie de trama macabra, onde sua mãe, a bela Trudy, e seu amante e cunhado, Claude, combinam o assassinato do poeta de John, ex-marido de Trudy, irmão de Claude e pai do nosso narrador. Impotente e culpado ao mesmo tempo, ele tenta interpretar os sinais de um mundo do qual ainda não faz parte integralmente, reconstruindo cenas inteiras através de fragmentos de diálogos, captados da barriga da mãe.

As lúcidas reflexões do pequeno personagem, que eloquentemente versa sobre aspectos da sociedade contemporânea, e em especial, da Inglaterra, cenário do romance, são o palanque para a exibição das inúmeras virtudes de prosador de McEwan, ainda que condensadas em pouco menos de 200 páginas. Só um escritor de verdade, detentor da mágica de utilizar palavras comuns para transformar o absurdo em factível, pode de fato levar o leitor a embarcar sem reservas em um projeto ficcional quase sem relação com experiências anteriores, independentemente da bagagem cultural desse leitor.

Toda a tensão provocada pela difícil relação do triângulo Claude-Trudy-John, e pelo iminente assassinato desse último, é descrita literalmente do lado de dentro da história, o que nos leva à construção de momentos memoráveis quando, por exemplo, o nosso herói tenta se esquivar dos “incômodos” provocados pela intensa atividade sexual de sua mãe e seu tio ou, debilmente, interferir nos acontecimentos “chutando” o que está ao seu alcance.

A rigor, talvez não possamos nem chamar de história o que consta das páginas de “Enclausurado”, uma vez que o protagonista não tenha formalmente inaugurado sua trajetória, trata-se talvez de um rascunho, ensaio de biografia ou mesmo uma pré-história...

É provável que para os habituais leitores do autor, o livro seja tão somente uma reafirmação de um talento ímpar já amplamente reconhecido e consolidado, já, para tantos outros, entre os quais me incluo, a obra sirva como uma inusitada porta de entrada rumo a um universo literário único, surpreendente, a léguas de distância do oceano de obviedades que tanto assolam as “boas casas do ramo”.

Não sei se Ian McEwan leu ou conhece Machado de Assis, mas, na faculdade em que o bruxo é professor, o inglês há muito já passou do estágio de aprendiz de feiticeiro.

Marcel Koury 21/01/2017

A obra traz como protagonista um feto-narrador envolvido numa trama sui generis: sua mãe, junto com o amante (seu cunhado), pretende matar o marido, pai do bebê, para herdar um valioso imóvel. A história parece familiar? Ian McEwan, um dos mais destacados escritores de sua geração, não esconde sua inspiração, desde os nomes dos personagens — Claude e Trudy são as versões modernas de Claudius e Gertrude — até referências a certos solilóquios bem conhecidos: "Hamlet" (1599–1602), a magnum opus de William Shakespeare.

Há uma absurda (no sentido kafkiano da palavra) tentativa de coerência para a narração do feto: ele justifica o seu vasto conhecimento de mundo por tudo o que ouve, desde as conversas da mãe até os podcasts que ela escuta quando está insone — ao leitor, espera-se suspender completamente tamanha inverossimilhança para poder imergir na história, afinal, estamos falando de um feto que pensa, tem um pomposo vocabulário, contundentes opiniões, aprecia filosofia, faz longas digressões sobre o mundo contemporâneo e degusta os vinhos que a mãe bebe com avidez, imaginando identificar os sabores e até as safras. O feto não tem quase nenhum poder de ação — ele chuta sua mãe para lembrá-la de sua existência, mas pouco mais que isso lhe é possível fazer. No entanto, ele é capaz de ouvir e contar, e é o que faz de melhor, supondo aquilo que não vê e, assim, cobrindo as lacunas que faltam para criar uma narrativa mais detalhada.

Seguindo a linha de clássicos como "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881), de Machado de Assis, e "Eu Sou um Gato" (1905), de Natsume Soseki, "Enclausurado" é um romance pós-moderno, divertido e muito bem escrito, que deixa o leitor mais curioso a cada página, mesmo não sendo tão difícil de supor o único final possível para essa história.

Isabela Zamboni | @resenhasalacarte 12/01/2017

Não tem outra palavra pra descrever esse livro: UAU!
Pense numa história contada por… um feto. Exatamente! Um bebê ainda na barriga da mãe contando a história de um crime que está prestes a acontecer. E não é qualquer feto: com um toque shakesperiano (bem parecido com Hamlet), o bebê é sarcástico, inteligente, sagaz e um narrador de primeira.

Ian McEwan assume um tom narrativo que cativa, prende a atenção do começo ao fim e, por fim, escreve uma prosa poética. No meio de um livro sobre um crime, lemos a narração de um bebê ainda não nascido que descreve com louvor todas as sensações de viver dentro de um útero; sem contar as divagações poéticas, os assuntos do momento que rondam a Europa Ocidental (xenofobia, guerras, política e economia) e até mesmo um gosto peculiar para vinhos. Não tem outra palavra para descrever esse livro senão sensacional.

Leia a resenha completa no blog Resenhas à La Carte

site: http://resenhasalacarte.com.br/resenha/resenha-enclausurado-ian-mcewan/

Aione 30/11/2016

Ian McEwan é considerado um dos maiores escritores da atualidade e Enclausurado, seu mais recente trabalho, é uma evidência dessa afirmação. Publicado em outubro pela Companhia das Letras, certamente foi uma das obras mais singulares que pude ler este ano.

Enclausurado traz a história de Trudy e Claude, um casal que planeja assassinar o ex-marido de Trudy, irmão de Claude, para herdar sua propriedade. Entretanto, a singularidade da trama não está nessa simples premissa, mas sim no fato de Trudy estar grávida e todo o enredo ser narrado pelo bebê que ela carrega. Além de contar a história, o feto critica e reflete sobre os acontecimentos e personagens, além de buscar uma forma de evitar o assassinato de seu pai.

É certamente a narrativa em primeira pessoa o destaque e fator de envolvimento de Enclausurado. Só por considerarmos o narrador, já temos todas as expectativas e limites da ficção, que fazem fronteira com o real, rompidos e extrapolados. Ian McEwan parte do impossível, fazendo com que tudo, a partir de então, seja possível naquele universo. E ainda que o útero que abriga o narrador permita esse mundo infinito de possibilidades, o que ocorre fora dele permanece verossímil e coerente com a realidade que vivemos e conhecemos.

O tom da narrativa de Enclausurado é notadamente irônica, o que intensifica ainda mais os efeitos provocados pelo narrador. Esse, já no estágio final de desenvolvimento intra-uterino, adquire uma sabedoria como a de alguém em idade avançada. Assim, o narrador é articulado, extremamente culto, politizado e informado (a partir do que ouve de dentro da barriga de sua mãe), e fala sobre os acontecimentos do início de seu desenvolvimento, há apenas poucos meses, como um adulto que, ao olhar para seu passado, discursa sobre seu crescimento e aprendizagens em vida.

Não bastasse sermos completamente cativados para a leitura desde os primeiros parágrafos de Enclausurado justamente por conta de sua força narrativa, somos atraídos também pela história desenvolvida entre as personagens, desejosos por saber se serão ou não bem sucedidas no homicídio planejado. Dessa maneira, é muito fácil e gratificante prosseguir na leitura.

Se com A Balada de Adam Henry e Reparação conheci um lado mais sensível da escrita de Ian McEwan, Enclausurado me apresentou a sua faceta mais irônica. De qualquer maneira, a força narrativa do autor é constante, fazendo dele uma leitura praticamente indispensável.

site: http://minhavidaliteraria.com.br/2016/11/30/resenha-enclausurado-ian-mcewan/

Our Brave New Blog 26/11/2016

RESENHA ENCLAUSURADO - OUR BRAVE NEW BLOG
Oi, gente. Tudo bem com vocês? Comigo sim. A essa altura vocês já devem ter percebido que falaremos sobre Enclausurado, certo? certo. O que precisam saber, primeiramente, é que o narrador desse livro é um feto, e que, dentro barriga de sua mãe, ele ouve os planos dela com o amante de assassinarem seu pai. Imagine você lá de boa esperando nascer, sem ter que se preocupar com nada e PA, já te querem órfão. É, no mínimo, complicado.

Quando eu soube que esse era o plot do livro, eu fiquei super curiosa querendo saber como isso funcionaria. Pensei que seria engraçado e em alguns momentos é mesmo, principalmente (não é spoiler, tá na orelha) quando Trudy e Claude decidem transar e nosso narrador fica em situações um tanto quanto ruins, isso sem contar o PÂNICO que ele tem de entrar em contato com o material genético do tio e tornar-se meio burro. Ah é, esqueci de avisar, o amante da mãe é TIO DA CRIANÇA, ou seja, irmão do cara que eles querem matar. Não é spoiler, está na sinopse da orelhinha.

O futuro bebê, que não tem nome, é um personagem muito peculiar. Ele nem nasceu e já tem MIL problemas e preocupações, coisa de gente adulta. Além disso, ele é muito esperto e fala sobre tudo: questões políticas, identidade de gênero, conhece vinhos... Enfim, a lista continua e eu fiquei impressionada com a bagagem cultural que ele carrega. Não vá esperando uma lousa em branco, pois ele sabe tudo o que está acontecendo ao redor do planeta e, vez ou outra, curte filosofar sobre certos assuntos.

Como estamos dentro do útero de uma mulher prestes a parir, as descrições ficam por conta do que se ouve, do que se imagina e do que se sente. Você pode pensar "hum, será que funciona?" e sim, funciona. Há de levar-se em conta que o principal aqui são as reflexões do feto, a visão de mundo dele, mundo esse que ele nem conhece e apenas ouviu falar em podcasts que a mãe escuta. Não acontecem milhões de reviravoltas, o foco é o narrador e suas angústias de gente grande. O coitado nem nasceu e já tem mil traumas para cuidar...

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livia_ss 16/05/2024

Enclausurado
Que livro maravilhoso! A narrativa é completamente envolvente e viciante. O narrador consegue fazer um feto parecer uma pessoa com anos de experiência e sabedoria. O tempo passou bem rápido enquanto eu lia e nem percebi o livro acabar. Eu leria páginas e mais páginas dessa narração. Amei o livro e irei buscar outros do autor.