A Trégua

A Trégua Mario Benedetti




Resenhas - A Trégua


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Nivia.Oliveira 27/01/2024

O opaco e ressequido Martin Santomé é viúvo e vive em Montevidéu com três filhos. Próximo dos 50 está prestes a se aposentar de um trabalho burocrático. O tédio e o saudosismo com a esposa passam quando ele conhece Laura Avellaneda, uma moça tímida e insegura, bem mais jovem que ele (sua funcionária) e iniciam um relacionamento secreto. Ele tem vergonha dos filhos e dos colegas de trabalho. Ela não tem opinião, mas parece gostar de estar com ele.
O ócio desejado, talvez não seja tão bom quanto imaginamos. Eu mesma não conseguiria ficar parada, sem fazer algo que eu sinta que estou progredindo de alguma maneira. Rezamos para nos aposentar, sair da rotina e depois não sabemos o que fazer. “Para alguns o ócio pode ser fatal”.
“Completar 50 anos” no livro parece que são 100 anos! Que está à beira da morte. Curiosamente estou quase lá... é impressionante como mudamos o olhar. A vida não é a mesma depois dos 50... nem o corpo, nem a mente, nem a forma como os outros nos veem. E é nessa fase que queremos apressar as coisas, para “tirar o máximo partido destes anos que restam”. P. 91 Mas o prota, tão preocupado com que os outros diriam de seu romance com Laura e não aproveitou o pouco tempo que teria com ela.
Por que nos preocupamos tanto com o futuro e não em curtir pequenos momentos de felicidade? Nos preocupamos em educar os filhos, mas não em conviver com eles? Por que temos tantos colegas de trabalho e raras exceções se tornam amigos de verdade? E fazemos tudo isso sem olhar para o relógio... esse que marca quanto tempo ainda nos resta... Não damos tempo de nos olhar...esse mesmo tempo que é irrecuperável. Precisamos que nos oprima o peito para viver... de algo que nos sacuda... que aflore as emoções.
O título “A trégua” não veio com o descanso do trabalho, mas com prazer que passou a sentir, do verdadeiro armistício que travava consigo mesmo. Entretanto “trégua” é algo passageiro... e o que o suspende também o faz retornar ao abandono. Deixa um intervalo de quatro meses no seu diário para só então ter coragem de nos contar o que aconteceu... Dez dias após seu aniversário de “cinquentão”!
Os pais de Laura tampouco se preocuparam com o tempo... afinal o natural são os velhos que se vão antes dos novos...
Por que o autor quis um formato de diário? Para marcar os lapsos de tempo que normalmente nos passam desapercebido. Não parece um diário. Ele não se abre totalmente. Poderia ser um relato em primeira pessoa. O autor quer marcar o compasso e nos alertar: viu? Com ele foi assim e com você será o mesmo... Você está vivendo intensamente?
Mesmo depois do caso fatídico ele segue do mesmo jeito de antes... Talvez até mais pessimista. Aprisionado ao passado e a “alguém”. (“Preciso mais dela do que de Deus”). Acredito que estar bem consigo mesmo, não precisa depender de ninguém para ser feliz. Claro que é bom estar com outras pessoas, mas não crer que é o outro que te faz feliz. A felicidade está em como lidamos conosco mesmo e na forma como vemos as coisas. Tudo depende de nós.


site: https://www.instagram.com/niviadeoliver/
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Esdras 27/01/2024

Um livro que não considero genial, mas é inegável: carrega passagens muito bonitas, provocações não óbvias... O final traz uma tristeza que não esperava. O uruguaio soube cavocar a sensibilidade do leitor.
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Nathi.Hrlena 14/01/2024

A trégua é um romance surpreendente
Esse foi um livro que me surpreendeu muito e foi ganhando força a medida que li. No início eu gostei do formato diário e achei que ia ser uma dessas leituras leves, mas como disse a história vai tomando força a medida que se passam os dias e vamos nos envolvendo na vida de Santomé, sua falecida esposa, seus filhos e seu novo amor.

Além disso a leitura ainda conta com um belo plot twist.

Recomendo muito a leitura. ?
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Diliane1 08/01/2024

Um diário. O livro é bem escrito. Mas não é extraordinário. Talvez só "ordinário", no sentido de comum.
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Carla.Cerqueira 08/01/2024

Perfeito
Parece a história da minha vida. Eu e o Martin temos a mesma trajetória. Um destino escuro em que a vida dá uma trégua, embora, no final, o destino se impõe novamente... Mexeu muito comigo
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cherry_motth 02/01/2024

Essa opressão no peito significa amar
Esse livro me fez pensar, quanto tempo temos entre a paz de poder viver plenamente até voltarmos a escuridão da rotina? e quando isso acontecer, o que faremos quando toda a nossa vida for um domingo?

mais que isso, me fez perceber o quão tênue é a linha entre o luto, a memória e o ato de amar.
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Nicholas Sana 30/12/2023

A régua de seu tempo
Tenho várias leituras desse livro que me agradou muito, o lado humano certamente é o que me prendeu, ninguém merece sentir a dor dupla que o protagonista sente, mas também, não consigo deixar de ler com o olhar do nosso tempo e nisso, ele é um livro com características difíceis para os dias de hoje, alguns termos que não fazem mais sentido e comportamentos idem, o mesmo ser que nos faz ter empatia por ele em alguns momento é um senhor misógino é preconceituoso?.se formos olhar para a ?questão universal? - sentimento, ele vai encaixar e sentimos empatia por todo o momento, mas esses fatores me pegaram um pouco sobre a fala de um senhor de 50 anos no meio do século passado, ele certamente falou com os seus em seu lançamento.
Vale a leitura contudo, obras de arte serão sempre obras de arte e aqui temos uma escrita maravilhosa..
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Flávia Menezes 29/12/2023

DON´T WAIT ON TOMORROW ´CAUSE TOMORROW MAY NOT SHOW.
?A Trégua? é o mais famoso romance do poeta, ensaísta e escritor uruguaio Mario Benedetti, publicado em 1960, tendo sido considerado uma das obras mais importantes da literatura latino-americana contemporânea.

Escrito em formato de diário, vamos acompanhando a vida de Martín Santomé, um homem prestes a se aposentar, que faz um relato honesto sobre a vida, família, amores e dissabores.

Ao procurar sobre a data de publicação deste livro, li que é especialidade de Benedetti escrever sobre relacionamentos, e foi interessante isso, porque foi exatamente essa a sensação que ele me deixou com esse livro. De que este é um romance que fala (e nos ensina!) sobre relacionamentos.

E aqui eu não estou me referindo apenas a relacionamentos amorosos. De fato, o que vemos é um olhar muito preciso do protagonista sobre todas as suas relações, sejam elas amorosas, familiares, de trabalho, ou até mesmo com amigos de infância, vizinhos e pessoas que cruzam seu caminho apenas para lhe servir algo em umas das cafeterias e restaurantes nos quais Santomé nos convida a acompanhá-lo ao longo da história.

É bela a forma como o protagonista apreende o mundo ao seu redor. Suas descrições de lugares e (em especial!) das pessoas é preciso e honesto, sem excluir as partes boas tanto quanto as ruins. E apesar de ser uma narrativa poética, de escrita agradável, ela também é recheada desse humor ácido (que eu amo!) que por mais maldoso que seja, chega a nos fazer rir (e como eu ri!).

Mas a maior beleza desta história está no fato de que seus personagens são reais. Eles acertam, se relacionam, erram e pecam como qualquer pessoa nesse mundo. E é exatamente por isso que esse livro nos encanta com tanta facilidade. Porque nessa dança da vida, onde ora acertamos os passos, ora muito desajeitados pisamos uns nos pés dos outros, vamos sendo envolvidos por ritmos e movimentos que mesmo quando desconhecemos, não há como escapar de por eles ser envolvido. E é exatamente essa a beleza desse romance.

É difícil colocar em palavras toda a magnitude que uma história como essa é capaz de nos proporcionar. Porque apesar de ser uma história de ficção, ela nos faz pensar nas relações que mantemos no nosso dia a dia.

Para mim, o mais impactante era o seu senso de presença que Santomé tinha. Ele era um homem vivendo o seu processo de envelhecimento, naquela crise do ?o que eu faço da minha vida depois de me aposentar??, e ainda assim, ele tinha algo que tanto falta no mundo atual: presença!

Entende o que eu quero dizer aqui?

Em um mundo frio de telas de celular e computadores, onde se diz tudo o que se quer, menos a verdade. Onde as fotos são cheias de filtro, e já não olhamos mais nos olhos uns dos outros ao falar. Onde a fala é por caracteres que não tem som e nem emoção. Onde falamos de qualquer jeito, e já não nos preocupamos em entender, porque hoje em dia se ouve mais para responder do que para compreender o que o outro tanto quer nos dizer.

Em um mundo de superficialidades, indiferenças e muitas mentiras ditas com tanta verdade, Santomé vem nos ensinar o poder de olhar para as pessoas ao nosso redor, especialmente aquelas com quem convivemos, sem pressa, observando cada detalhe, cada gesto, do mais simpático até o mais odioso, estabelecendo um contato verdadeiro com quem nos cerca porque são parte do nosso dia. São parte de quem somos no mundo! E nos relacionarmos com honestidade é o símbolo máximo do respeito, em um mundo onde essa palavra parece já ter desaparecido quase por completo.

Este livro é uma verdadeira lição, que não tem nada de perfeita, porque assim como na vida, Santomé também irá fazer suas tentativas e erros, mas o mais importante é que ele tenta! E é isso que ele vem nos ensinar.

Que belo livro para encerrar esse ano. Que escrita sublime de um mestre em relacionamentos. Que bela forma de passar uma mensagem tão importante sobre a vida. Que homem mais sábio foi esse uruguaio, e só posso dizer que já estou ansiosa para ler outros livros dele.

E só para admirar um pouco mais de uma obra que é um verdadeiro deleite, eu quero encerrar com uma parte desse diário de um homem que tanto me ensinou, chamado Martín Santomé, que retrata com maestria o poder e beleza desta história:

?Segunda, 3 de fevereiro

Ela me dava a mão e eu não precisava de mais nada. Bastava isso para que eu me sentisse bem acolhido. Mais do que beijá-la, mais do que deitarmos juntos, mais do que qualquer outra coisa, ela me dava a mão, e isso era amor.?
Débora 29/12/2023minha estante
Que resenha primorosa, Flavia!? Parabéns!?Também pretendo incluir outras obras dele em minha meta de leitura.


Flávia Menezes 29/12/2023minha estante
Obrigada pelas palavras, Débora querida! ??
E que primor esse livro, não é? Bemedetti me surpreendeu imensamente. E que venham muitos dele para deixar nossas leituras de 2024 ainda mais especiais! ?


AndrAa58 29/12/2023minha estante
Mas um que entra na minha lista pelas suas resenhas ?
Obrigada ?


Flávia Menezes 29/12/2023minha estante
Andrea, que ótimo ler isso!! Porque esse livro vai valer muito a pena! E tenho certeza de que ele vai ganhar um lugar muito especial na sua vida! ?


Débora 29/12/2023minha estante
Estou com "Correio do Tempo" para 2024. Espero que o prazer da leitura se repita Flávia!?


Flávia Menezes 29/12/2023minha estante
Débora a capa desse, ?Correio do Tempo?, é linda! E eu vou ficar de olho nas suas postagens quando for ler porque fiquei curiosa sobre ele. ? Eu já deixei separadinho ?Primavera num espelho partido?, que me indicaram. Pelo visto, teremos muitas postagens de Benedetti por aqui em 2024! ?


Alan kleber 29/12/2023minha estante
Minha meta para 2024 é escrever uma resenha tão boa quanto essa.
Parabéns!


Flávia Menezes 29/12/2023minha estante
Aaaaah Alan!!! Fiquei emocionada agora! ?
Mas eu fui lá ver suas resenhas e tenho que dizer: você escreve muito bem!! Não é por troca de elogios que digo, mas você lê livros mais intensos (diria até pesados) e consegue mostrar toda a força e importância dessas histórias. E olha?Isso altamente desafiador! Porque é preciso ser honesto, mas mostrar o quanto uma leitura mais carregada pode ser importante de ser enfrentada! ??????


Débora 29/12/2023minha estante
Flávia, esse eu não conhecia! Vou colocá-lo em minha lista! Muito obrigada!??


Flávia Menezes 29/12/2023minha estante
Que bom, Débora! Vamos trocar boas figurinhas ano que vem sobre esse autor então! ?


Débora 29/12/2023minha estante
Maravilha!?


Alan kleber 29/12/2023minha estante
Obrigado, Flávia.


Vanessa.Castilhos 29/12/2023minha estante
Flávia querida, que resenha encantadora!! Amei!! Ela realmente nos passa esse sentimento muito forte de realismo. ? Fico muito feliz que você gostou dessa leitura!! ???


Flávia Menezes 29/12/2023minha estante
Aaaah Van querida, muito obrigada pelas palavras ?. Essa foi uma leitura que fiz porque lembro das partes bonitas que você colocava e fiquei bem curiosa para ler. E que supresa boa que foi! Um livro perfeito, ainda mais para essa época do ano! Amei a dica, Van! ???


Craotchky 29/12/2023minha estante
O fato de você invocar a expressão "mestre em relacionamentos" me remeteu imediatamente a Milan Kundera, pois essa percepção que você teve do Mario eu tive do autor tcheco quando li A insustentável leveza do ser e Risíveis amores. Como faz tempo, não posso afirmar que eu manteria essa percepção, claro.
p.s. esse trecho sobre dar as mãos me pegou. Sempre achei isso divino.


Flávia Menezes 29/12/2023minha estante
Oie, Filipe! Que percepção interessante a sua sobre o Kundera! ?? Mas eu preciso dizer, isso do Bemedetti ser mestre em relacionamento, ele o faz de um jeito tão especial, que depois que termina, repensamos tanta coisa na nossa vida. E esse efeito que ele provoca, é fantástico!
P.S.: sobre o seu P.S., eu concordo!! Que sensação mais sublime essa frase desperta! ??


Fabio.Nunes 31/12/2023minha estante
Era uma vez uma pessoa que depois dessa black friday havia imaginado que teria sossego pra ler sem comprar nada novo. Daí veio uma tal Flávia-Menezes...e com suas resenhas e bom gosto fez a lista aumentar. Fim da história. Tristeza? Que nada. Manda mais!


Flávia Menezes 31/12/2023minha estante
Fábio querido, esse não será mesmo o fim da história. Acho que agora estamos zerando o cronômetro (já recarregados do saldo de 2023) para em 2024 começar tuuuudo de novo esse nosso ?chumbo trocado?! ???
Mas em minha defesa? vou dizer que esse é primordial até para passar na frente de qualquer leitura! Que homenzinho sábio esse Mario Benedetti. E te garanto que Martín Santomé vai te fazer rir tanto quanto se emocionar com ele.
Feliz Ano Novo, amigo! E um 2024 cheio de ótimas leituras para todos nós! ????


Fabio.Nunes 31/12/2023minha estante
Obrigado querida! Um excelente 2024 para todos nós! Com excelentes leituras e muito chumbo trocado


Núbia Cortinhas 01/01/2024minha estante
Parabéns pela resenha, Flávia! Esse livro está na minha meta. ?


Flávia Menezes 01/01/2024minha estante
Núbia querida, muito obrigada! E que bom que ele já está na sua lista desse ano, porque pode ter certeza de que vai ser um favorito na sua lista de 2024! ???




Vitor Y. 25/12/2023

Clássico uruguaio
Indicação de um livreiro em uma viagem à Montevidéu, A Trégua é um livro marcante, capaz de nos fazer refletir por dias após sua leitura.

Com tom pessimista e melancólico, o livro é escrito em formato de diário sem filtros ou censura. Apesar das suas virtudes, sua sinceridade vai paulatinamente revelando os seus defeitos, preconceitos e contradições. Foge-se, felizmente, do maniqueísmo e evidencia um personagem essencialmente humano.

Embora tenha um emprego mediano, maçante e enfadonho, o protagonista, Martín Santomé, traz reflexões interessantes do dia a dia da capital uruguaia, mostrando um olhar perspicaz, inteligente e diferenciado. Longe, portanto, da mediocridade do seu trabalho.

Trata-se de uma história com muitas camadas que torna o personagem protagonista ainda mais complexo. Benedetti foi muito competente em endereçar assuntos tão difíceis e universais (sentido de vida, felicidade, conflitos de família, etc) de forma tão atraente e com um ritmo de leitura cativante. Livro imperdível.
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Dudu Menezes 14/12/2023

O amor é apenas uma trégua
Esse livro me marcou profundamente! Pela verdade que emerge do relato. Pela prosa poética. Mas, sobretudo, pela reflexão profunda sobre a possibilidade de existir "felicidade" nesta breve jornada que chamamos de vida e da qual não temos nenhum controle.

Martín Santomé certamente tinha muitos defeitos. Características que podem causar verdadeira repulsa com relação a algumas de suas posições. Mas quem pode se dizer 100% bom e absolutamente livre de preconceitos? Entre a falsidade das aparências e a verdade das imperfeições que nos constituem, fico com esta última. E, assim, pude ler - e ouvir - atentamente, o que Santomé tinha a dizer sobre si mesmo, sobre os outros, sobre a vida, sobre a morte, sobre o amor e, principalmente, sobre a dor de existir.

Tal qual cada um de nós, este trabalhador comum, de um escritório comum, executando tarefas comumente enfadonhas, era resultado das suas experiências e escolhas. Sabia-se medíocre, mas, por "duas horas e meia", no seu aniversário, conseguiu sentir-se o mais especial e feliz ser humano do mundo. A entrada da jovem Laura Avellaneda em sua vida lhe concedeu uma trégua.

Uma trégua ao sofrimento de "seguir existindo" depois que perdemos quem dava sentido à nossa vida. Como somos capazes de seguir em frente? É certo que seguimos. Mas o que sobra de nós? Que "sobra" é esta? E como este "resto" da gente segue adiante, ainda mais se é preciso criar três filhos sozinhos, sem poder contar com quem planejou esta "aventura" conosco?

Sim. Existir dói. Mesmo neste mundo de hoje, em que as aparências procuram contornar a essência do sofrimento inerente à condição de "estar vivo". A verdade é que todos nós sofremos, mas nem todos possuem a coragem de anotar seus sentimentos em um diário para poder "reler" a si mesmo sempre que preciso.

Benedetti nos ensina que o amor pode ser uma trégua. A única trégua possível! E este sentimento não tem explicação. Não nos visita com tanta frequência, porque nem mesmo se pode defini-lo da mesma forma para todos. Amor próprio, amor pelos filhos, amor por quem se deseja. O que fazer com o que chamamos de amor, sabendo que, inevitavelmente, um dia, deste amor só nos restará a dor?
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Paulina.Godtsfriedt 14/12/2023

Um personagem muito difícil de gostar
Sempre fiquei curiosa por conta do autor, escritor uruguaio muito bem falado. Ao ler, algumas coisas me incomodaram, como por exemplo, a homofobia exarcebada, os comentários machistas e as descrições que objetificam as mulheres ao redor desse senhor, prestes a se aposentar, viúvo e que não tem uma boa relação com os filhos. Conforme insistimos na narrativa, vemos o personagem mordem a língua. O romance epistolar (em forma de diário) faz com que os acontecimentos em sua idade madura desafiem sua ótica de mundo. Muito trágico mas não senti empatia pois, intragáveis os comentários desse senhor. Tem trechos muito poéticos como toda prosa latina está destinada a ser. Leria, com certeza, outras obras do autor.
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Fabi 12/12/2023

Obra-prima
Eu amo Mario Benedetti. Me dá prazer ler seus livros. Neste, eu fiquei com uma inquietação para tentar entender melhor a personagem principal, o Martín Santomé, um viúvo de quase 50 anos cuja história é contada através do seu diário. Sua relação com o trabalho, com os três filhos e amigos além da rotina, da falta de perspectiva, do anseio pela aposentadoria são registrados nesse diário e nós acompanhamos a vida e os pensamentos desse homem comum, por assim dizer, mas com a delicadeza da narrativa de Benedetti. Foi tão interessante ler sobre essa pessoa tão complexa nas suas relações, principalmente com os filhos. Tantos sentimentos envolvidos e tantas palavras não ditas ao mesmo tempo que ele se permite viver uma experiência amorosa nova que vai desabrochando ao longo das páginas. Estava tudo indo muito bem até eu entender o que significava "A Trégua". Chorei horrores no trecho do dia 24 de fevereiro do seu diário. Sete linhas que consolidaram a história. Faltava uma página para eu terminar o livro, mas demorei uma semana para voltar. Enfim, é a vida. Acho que cada um vai interpretar essa trégua de uma forma diferente. A escrita de Benedetti tem muitas nuances, no meu entender. Muitas camadas. Não é para se ler apenas, é para se deleitar, refletir, comparar, fazer pontes, interagir, se permitir um outro ponto de vista. Vale cada página.
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Bia Pupato 29/11/2023

No fim me surpreendeu
O livro de passa no início dos anos 60 e retrata a vida de Martín Santomé, um senhor de 49 anos que está na contagem regressiva para se aposentar, relatando os acontecimentos através de seu diário entendemos um pouco sobre a sociedade da época e suas relações.

Confesso que alguns trechos me incomodaram, por apresentarem um discurso machista e preconceituoso, mas entendo que faz parte da visão da época. E achei que a leitura seria mais fluída por ser um diário, mas acabei achando um pouco chato e arrastado até depois do meio.

O que dá maior emoção na narrativa é quando ele se vê apaixonado por Laura Avellaneda, uma jovem recém contratada em seu setor. Viúvo há 20 anos, Santomé mora com os 3 filhos com quem as relações não são muito boas e se ver envolvido com uma mulher mais jovem traz muitos questionamentos, desde a insegurança de uma possível rejeição até como viver esse romance.
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Marta 28/11/2023

“A partir de amanhã e até o dia da minha morte, o tempo estará às minhas ordens. Depois de tanta espera, isto é o ócio. O que farei com ele?“
O autor desse livro é Uruguaio e é bastante conceituado, então resolvi experimentar para tirar minhas próprias conclusões e não me arrependi. Escolhi “A Trégua” por se tratar de um livro que aborda o amor. A história é contada a partir de um diário, onde o leitor observa o modo como um viúvo de meia idade se relaciona com o mundo, desde suas notas sobre o cotidiano até o encontro com a jovem Laura, que altera o rumo de sua pacata existência. Martín Santomé é o protagonista que está próximo aos 50 anos, ele passa seus dias em uma jornada sem cores, entre a rotina maçante no escritório e os longos silêncios na casa onde vive com os filhos. A única perspectiva de futuro é a aposentadoria, uma contagem regressiva que vai pontuando as atualizações no diário que escreve. Depois disso, mesmo que haja muito, não há mais nada, o único plano dele é mergulhar no ócio. Mas sua vida muda quando com a chegada da nova funcionária da repartição, a Laura. O livro traz uma pergunta incômoda: Quanto tempo se pode permanecer no topo feliz da montanha, antes que precisemos descer de novo à planície? A Trégua é uma pergunta, não uma resposta, a resposta, se existe, parece mais com uma trilha, que sobe e desce. O que não quer dizer, que não haja uma paisagem bonita lá em cima, no auge da escalada. Recomendo esse livro para os que gostam de leituras reflexivas, em alguns momentos a leitura vai se mostrar bastante “morna”, não é um livro dinâmico, porém é um livro rápido de ser lido.

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Lil penne 27/11/2023

'A Trégua' é uma obra verdadeiramente fascinante e comovente, explorando de maneira profunda a análise unidimensional do protagonista diante de uma crise de identidade iminente com a aproximação da aposentadoria.

Confesso que não sou um grande entusiasta desse tipo de literatura, especialmente quando se trata do clichê do protagonista de meia idade que se apaixona por uma mulher mais jovem e sempre é retratado como a vítima em um mundo cruel (oh, que clichê!). No entanto, este livro conseguiu prender minha atenção do início ao fim, graças à sua narrativa pessimista e aterradora.

O título "A Trégua" adquire um significado profundo, sugerindo uma pausa, um breve intervalo nas hostilidades do cotidiano, abrangendo o trabalho, as relações familiares e as inquietações pessoais. É nesse período que o protagonista encontra espaço para reflexões e confrontos consigo mesmo. Uma verdadeira joia da literatura latino-americana, que certamente merece ser explorada.
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