Resenhas - A Trégua

Lil penne 27/11/2023

'A Trégua' é uma obra verdadeiramente fascinante e comovente, explorando de maneira profunda a análise unidimensional do protagonista diante de uma crise de identidade iminente com a aproximação da aposentadoria.

Confesso que não sou um grande entusiasta desse tipo de literatura, especialmente quando se trata do clichê do protagonista de meia idade que se apaixona por uma mulher mais jovem e sempre é retratado como a vítima em um mundo cruel (oh, que clichê!). No entanto, este livro conseguiu prender minha atenção do início ao fim, graças à sua narrativa pessimista e aterradora.

O título "A Trégua" adquire um significado profundo, sugerindo uma pausa, um breve intervalo nas hostilidades do cotidiano, abrangendo o trabalho, as relações familiares e as inquietações pessoais. É nesse período que o protagonista encontra espaço para reflexões e confrontos consigo mesmo. Uma verdadeira joia da literatura latino-americana, que certamente merece ser explorada.

13marcioricardo 19/11/2023

Perspectiva de um velho sobre seu amor com uma jovem.
Por momentos, o primeiro terço da obra, achei ser apenas a história de um velho enfadonho, como já tinha vivenciado em outros livros.

Mas, ultrapassada essa fase, o livro melhora muito e, à medida que avança, fica cada vez melhor.

É engraçado ver como um homem de 49 anos fala como falaria hoje um de 69.

O livro, escrito em forma de diário, é realmente muito bom e recomendo. A escrita é ótima.

Fiquei somente a lamentar o autor não ter dado um pouco de atenção aos filhos, no final.

Que aconteceu com Jaime ? Qual a reação de Esteban ao sucedido ? E a filha e o Diego, seguiram juntos ?

Siegfrito 12/11/2023

Relatos de um homem branco de meia idade
Quando comecei o livro, tive uma ligeira identificação com o protagonista, que foi se desfazendo a medida em que suas anotações me faziam entender o quão simplista e preconceituoso ele era.

O autor acerta na trama e cria uma narrativa muito gostosa de se ler e embora Santomé seja um velho cheio de defeitos e preconceitos, não dá pra não sentir pena dele.

É um livro sobre amadurecimento, sobre descobertas e principalmente sobre como as pessoas que enxergam o mundo a moda antiga pensam. Santomé tinha um mundo muito fechado em si mesmo e talvez por isso ?Deus? a quem ele acusa de ter rompido sua trégua, tenha lhe dado dois ou três castigos em sua vida opaca.

No mais, gostei muito da escrita de Mário Benedetti e leria com certeza outras obras do autor.

Marselle Urman 05/11/2023

O tédio, o recrudescimento. O florir, o amar, o duvidar.
Um diário, ainda que ficcional, é algo feito para nunca ser lido por terceiros.

Aqui, vemos um sujeito comum e sua vida comum. Ele não é brilhantemente bom, ele não é facilmente gostável - gosto dos protagonistas quando eles são realmente humanos.

Mas é "feito de bom estofo", e por isso, passível de amor.

É uma narrativa por vezes bruta, frequentemente sensível. Muitas frases de destaque.

Gostei que o título do livro só me fez sentido na página derradeira.

SP, 05 de novembro de 2023.

Nati 05/10/2023

Eu não conhecia nada a respeito do autor ou da obra e por conta de um comentário eu li e foi uma das minhas melhores leituras.

Temos uma história narrada através do diário de um homem prestes a se aposentar. Não há uma ordem: Ora são relatos cotidianos, ora pensamentos mais profundos sobre a existência de Deus, a velhice, o sexo, as relações com os filhos, o luto, o amor, etc. Apesar de apenas conhecer um lado da história, é impossível não se conectar com os personagens e com suas questões. Por mais banais pu complexas que sejam, todas elas são extremamente reais. O tom do texto varia entre o extremo pessimismo, o sarcasmo e o otimismo quase fantasioso identificado pelo próprio personagem como sendo quase irrealista.

O texto é excelente e, apesar do seu formato não é tedioso ou monocórdico. Tudo é muito fluído, natural, sóbrio e extremamente pessoal. O final fica um pouco em aberto porque temos questões que não se resolvem, entretanto isto é proposital e acompanha o momento do personagem. E, como algo bem próprio da realidade, nem tudo tem um final definido. Espetacular, recomendo.

oiamandah 28/09/2023

Gente...esperava mais emoções e reflexões desse livro. A escrita é linda e delicada, mas extremamente cansativa e arrastada. Não me conectei ao personagem principal - inclusive fiquei bem irritada com as falas machistas, homofóbicas e gordofobicas dele.

Entendo o vazio do início e do fim, mas esse livro não me tocou em nada, fiquei com a sensação de só passar os olhos nas palavras. Sobre o acontecimento com a Avellaneda eu fiquei ?????

Nao curti, só deixei essa nota pela ideia, forma de escrita e etc...??

Luana 08/09/2023

É um baita livro, apesar do fim triste do protagonista
Ele é um cara chato pra caramba, mas entendo que é em decorrência da época da narrativa do livro

Taciana42 04/09/2023

Como a realidade da vida é dolorosa tanto em família trabalho amigos amor cada momento da nossa vida faz a gente sofrer por algo ou alguém...

Renato 30/08/2023

Geração pós-guerra
A geração pós-guerra, especialmente na europa, optou pelo hermetismo como forma de expressão. Espécie de protesto a diversas tendências nascidas do facismo. Não é o caso da américa latina e muito menos de Benedetti. Ele escreve de forma límpida, quase realista, mesmo que ?A trégua? tenha sido concebido como diário. Benedetti exagera um pouco no melodrama, no sofrimento de seu personagem. Ainda assim consegue fazer um livro marcante abordando assuntos existenciais muito importantes, como a relevância/ irrelevância da existência, masculinidade e postura perante as injustiças sociais.

Faluz 26/08/2023

A trégua - Mario Benedetti
Literatura uruguaia, escrito sobre o mapa de Montevideo com elegância e simplicidade. O autor coloca em formato de diário um ano de grandes transformações e expectativas de um homem de meia idade. Suas expectativas de mudança de vida diante da aposentadoria e sua trajetória para essa nova vida.
Emocionante como a vida nos apresenta surpresas quando nos deixamos envolver.

Duda Garcia 21/08/2023

Livro do Bruno
Nosso professor de pneumologia deu esse livro pra nossa turma de presente no fim do período, e tudo que eu consegui pensar quando terminei foi: porque???

Adorei o livro, amo esses com acontecimentos mais melancólicos e introspectivos mas, assim, porque??? Dentre todos os livros, como ele escolheu esse? Que critérios ele usou? Será que é o seu favorito? Enfim, morrerei pensando.

JAssica.Leituras 10/07/2023

Gostei da escrita do autor e realmente me senti lendo um diário de outra pessoa. Realmente sentimos a crescente intensidade da alegria do personagem principal, saindo da estaca quase 0 atingindo o pico e retornando à estaca 0. Gostei muito de como o autor descreve Montevidéu, também.
Porém, o que mais me incomodou foi o personagem ser misógino e sexista, as suas falas me incomodava muito, apesar de entender que o livro foi escrito em 1959, esperava pelo menos uma pequena lição e mudança do protagonista.

Gustavo 07/07/2023

Um Palacio Salvo da Literatura
Um grande misto de prazer e agonia - um personagem estático, egoísta, com todos seus preconceitos, mas que faz refletir sobre as mazelas e as alegrias do viver. Martín Santomé é tão hipócrita ao ponto de ouvir e tomar as dores de um pai que perde sua filha, um pai que se arrepende de não ter dito mais sobre seus sentimentos para ela - mas é incapaz de aprender, de olhar para seu próprio umbigo e ver a grande merda que fez com seu próprio filho, Jaime. Poderia ter sua redenção, sua reconexão com um filho e superar suas diferenças, mas continua apático e fechado em seus medos e preconceitos.

Tem a mesma energia do Palacio Salvo, cartão postal de Montevideo, que o personagem define tão bem como sendo "quase uma representação do caráter nacional: rude, deselegante, espalhafatoso, simpático. É tão feio, mas tão feio, que deixa a gente de bom humor." Exatamente como o livro.

Cindy.Ferrari 02/07/2023

Surpreendente
Só consegui decidir se gostei do livro no final, e sim, adorei! Zero simpatia pelo personagem principal, mas amei a temática de ter uma trégua na vida, das formas mais improváveis. Gostei da narrativa sem filtro que permite entrar na mente do personagem, que retrata o contexto histórico / social da época. Leitura que vale à pena!

Pati 29/06/2023

Em sua vida, você é protagonista ou telespectador?
"Se eu algum dia me suicidar, será no domingo, é o dia mais desalentador, o mais sem graça, quem me dera ficar na cama até tarde, pelo menos até as nove ou as dez, mas às seis e meia acordo sozinho e já não consigo pregar o olho, às vezes penso o que farei quando toda minha vida for domingo."
Como essa frase me marcou!

Como vivemos cansados de uma rotina sem emoção. Esperando chegar o fim de semana, uma folga, férias, aposentadoria, para daí aproveitar a vida. Enquanto esperamos uma trégua, a vida passa...

Em sua vida, você é protagonista ou telespectador?

Nada mais à declarar...